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Thor.
— Eu tenho negócios para resolver.
— Mas, hoje? Agora? Você acabou de se casar!
— Segundo você, não é pra valer, portanto, não vejo motivos pra ficar trancado nesse quarto com uma garota mimada e metida a besta.
— Metida a besta é a senhora sua...
— Se terminar essa frase, eu não respondo por mim! — advirto-a, apontando um dedo em riste. Ela balbucia. Acabei de descobrir que gosto quando ela fica assim sem palavras. Isso me diverte. Contudo, ela mexe os ombros com desdém, mas de um jeito engraçado.
— Por mim, tudo bem, eu não me importo!
— Ótimo! - Dou-lhe as costas para sair.
— Espere, será que você pode... — Ela aponta para atrás do vestido. Arqueio as sobrancelhas de um jeito bem atrevido e ela solta o ar exasperado.
— O quê? — Dou uma de desentendido.
— O vestido. — Faço um gesto de desdém.
— O que tem ele? — Ela revira os olhos com impaciência.
— Será que o senhor pode me ajudar a abrir os botões?
— Ah, desculpa, eu não entendi.
— Isso é sacanagem, não é? Você só pode estar divertindo com a minha cara!
— Gata o meu conceito de diversão com uma garota dentro do meu quarto é outro, pode ter certeza disso. — Pisco um olho para ela. — Portanto, senhora Ferraz, pode por favor me dizer o que realmente quer de mim? — Ela bufa bem alto.
— Será que o senhor pode me ajudar a abrir a porra desse vestido? — Ela repete o pedido com um berro bem explicado e um sorriso presunçoso se agiganta em meu rosto.
— É claro. — Nina levanta um dedo em riste para mim.
— Não ouse me tocar sem a minha permissão, senhor Ferraz. — A ignoro e faço um gesto girando o meu indicador.
— Pode virar-se de costas pra mim? — peço e um tanto receosa ela faz. Aproximo-me lentamente, simulo tocar as laterais dos seus braços e fecho os meus olhos para aspirar o seu cheiro, sentindo o meu corpo vibrar imediatamente. Não sequência, escuto o som pesado da sua respiração. Sim, ela está levemente ofegante e saber isso me deixa revigorado. Deliberadamente, deixo os meus dedos tocar a sua pele, constatando o quanto ela é quente e macia, e só então começo a desabotoar os botões sem pressa alguma. E quando termino, em provocação afasto os seus cabelos para o lado e me aproximo ainda mais do seu corpo. Nina estremece e a sua pele se arrepia quando o meu hálito quente toca a sua orelha. - Pronto - aviso bem perto do seu ouvido, escutando o som de mais uma respiração pesada que sai da sua boca.
— Obrigada! — Porra, a voz soou rouca e eu não segurei um riso baixo.
— De nada, querida — respondi firme. Contudo, antes de me afastar, puxei uma respiração que aspirou o seu cheiro e se impregnou no meu sistema, e eu saí do quarto.
***
— Onde ele está? - questiono o meu cobrador de impostos.
Aqui no morro existe uma ordem para todas as coisas. Nada, mas exatamente nada fica fora do seu lugar. Cada homem resignado tem a sua obrigação. O corvo negro tem a função de fazer as minhas cobranças. Não importam as circunstâncias, ele precisa trazer o meu dinheiro, ou me pagará de outra forma. E ele sabe fazer o seu trabalho direitinho, confesso que adoro a maneira como ele faz as coisas. Acredite é bem doloroso e eficaz.
— Na casa do Mago. Já fizemos de tudo, mas o maldito não abre o bico. — A minha função é majoritária. Eu sou o rei daqui porra, e se alguém foge as minhas regras, eu preciso mostrar-lhe o caminho de volta, nem que para isso use o meu cano para lançá-lo no inferno. Saímos do casarão, no topo do morro e seguimos pelas vielas onde vejo os meus soldados posicionados com suas armas prontos para qualquer movimento fora do normal. Nesse morro só entra com a minha permissão. Uma maneira de manter o controle das coisas e de evitar certas surpresas. Os olheiros também estão em seus postos. Esses sim, não podem dormir no serviço. Uma piscada de olhos e tudo pode ir por água abaixo.
— Quanto falta?
— Dezoito mil.
— Filho da puta! — Assim que entramos na rua estreita, observo a casa humilde em um canto alto e subimos os degraus. Corvo abre a porta e daqui já posso ouvir os gemidos do maluco que resolveu me roubar.
— Boa noite, Thor! — Samira, a esposa do mago diz assim que adentro a casa.
— Me leve até onde eles estão.
— Por aqui. - A garota segue na frente com o seu gingado sexy em um short jeans curto demais e desbotado, para dentro de um corredor semiescuro e abre uma das portas. As cenas de violência me chamam a atenção. Sangue respingado no chão e um homem cabisbaixo amarrado a uma cadeira. Faço um gesto de cabeça para que o faça erguer a cabeça. Preciso olhar em seus olhos, preciso arrancar-lhe a verdade.
— Onde está o meu dinheiro. — O tom áspero e frio o faz chorar. O homem já tem o rosto inchado devido os golpes que levou, o sangue escorre dos seus supercílios, um dente quebrado. Que merda, por que ele não abriu a porra da boca ainda?
— Não está comigo mano, eu juro!”
— Eu não o seu mano, caralho! Onde está a porra do dinheiro?!
— Eu pedir para o meu parça entregar tudo. Juro que pus tudo dentro da sacola!
— Você costuma confiar em qualquer um para esse tipo de trabalho, caralho?
— Ele é o meu mano, o meu parça. Sempre fizemos tudo juntos.
— Me dá o nome desse filho da puta.
— Me deixe falar com ele, tenho certeza de que houve um engano.
— Escute porra, ou você me dá o nome, ou mando os meus homens invadir a porra da tua a trazer a tua mulher até aqui. O que vai ser?
— É o Bino. Ela mora na esquina no banqueiro.