CAPÍTULO 07 FUNERAL
CAPITULO 07
FUNERAL
Depois de um tempo, nos voltamos a nossa forma humana, Thannos veio e abriu todas as celas, chamou-me para o lado, e disse que teríamos agora o ritual do funeral, e que eu deveria ajudar, já assumindo o meu lugar na alcateia.
Juntamos toda a lenha necessária para fazer a pira funerária, esse momento era cheio de significado para os lobos da alcateia, os pais do garoto, fazem a entrega do corpo e o Alfa faz a entrega do espírito, sendo a parte mais importante para os lobos, eles acreditam na lenda que quando um lobo morre, seu espírito se transforma em outro ser, as vezes um urso, águia, cervo ou um felino, numa alma ancestral, o alfa encomenda a alma para a vida do além.
O dia foi cheio de preparativos, as mulheres serviram o almoço em silêncio, a alcateia hoje estava vivendo o luto, através do silêncio que cada um fazia, o dia deu lugar a noite, o corpo do garoto foi preparado envolto em panos brancos, foi colocado em cima da pira, a primeira pessoa a acender o fogo foi a mãe do jovem, em seguida o seu pai, depois o Alfa.
_ Hoje eu e a minha esposa entregamos o corpo do nosso filho ao descanso eterno, somos gratos por viver com ele por dezessete anos, ele foi a nossa alegria e agora será a alegria do mundo do além, porque acreditamos que os nossos ancestrais estão sempre nos protegendo e recebem-nos quando deixamos esse mundo.
_ O Heitor, nos deixou cedo demais, ele será sempre lembrado na nossa alcateia, e por sua família, nesse momento de tristeza e luta para nossa alcateia quero entregar o espírito do Heitor Sales, aos ancestrais, e dedicar a alma dele a vida do além, onde é a certeza que teremos o descanso necessário, para recuperar a nossa alma cansada pela dor da transformação, assim seja!!!
_ Todos respondem juntos: Assim Seja!!!
Todos ficaram em volta da pira funerária, sentados no chão a alguns metros de distância, em quanto estava pegando fogo, todos olhavam em silêncio, depois de horas, quando não restava mais nada a ser queimado, nem fogo mais existia, todos se levantam, e começam a organizar as mesas, para servir o jantar, alguns pegam instrumentos e se organizam e começam a cantar e tocar uma melodia que era cantada em funerais,
Thannos, uma vez ou outra ficava ao meu lado, e explicava-me o significado de cada gesto ou até mesmo só ficava ao meu lado, esse funeral me fez lembrar do funeral dos meus pais, o que me deixo muito cabisbaixo, até mesmo entristecido, e isso chamou a atenção de Klaus, que num momento parou ao meu lado e disse:
_ Não fique triste, lembrando do passado, todas as pessoas têm um lugar preparado no além para sua chegada, seus pais tiveram esse lugar, e estão olhando por você de lá, então alegre-se, a morte faz parte da vida em algum momento iremos partir, de causas naturais ou alguma fatalidade do destino, mas nosso lugar e a vida no além.
_ Obrigado Klaus, eu fiquei triste sim, lembrando desse momento de luto que passei sozinho, você pode ser adulto, mas os pais sempre serão nossa base, e quando eles vão embora fica um vazio, eu fiquei sozinho, fiquei triste por esses pais perderem o seu filho de uma forma tão trágica, ele aguentou toda aquela dor de ossos quebrando, de pele rasgando, e todo aquele horror, e não consegui sobreviver, parece injusto.
_ infelizmente a vida não é justa Kilyan, nunca foi, e mesmo você não entendendo devemos ser justos, com nós mesmos, e viver a nossa vida com sabedoria, e vivendo cada dia, como se fosse o último.
Os dias passaram tranquilamente, logo viraram meses, eu fazia a ronda do castelo, com mais três lobos, treinava diariamente, luta com espadas e técnicas de batalha, Thannos disse que estava ótimo, disse que estava no sangue, mas me esforçava muito, e a cada lua cheia, a transformação ficava mais fácil, e menos dolorosa, mas nossa matilha conseguia se transformar a qualquer hora que desejasse, eu raramente fazia isso, gostava de ficar na minha forma humana, me deixava a ilusão que poderia estar vivendo a minha vida normal, mas isso não era verdade.
Nesse tempo eu quase não observei o Klaus, ele estava viajando em missão, com mais cinco lobos de porte muito forte, já fazia um mês que estavam viajando.
Ao anoitecer pego a minha espada, coloco na bainha, saio do acampamento que fica ao lado do castelo, passo a maior parte do meu dia aqui, treino, faço academia, só vou para meu quarto durante o dia para dormir, quando trocamos de ronda.
Saio, me encontro com os meus companheiros, trocamos algumas palavras, e começamos a andar cada um para um lado, o espaço a ser coberto era grande, geralmente fazíamos isso em cinco homens, mas hoje um estava passando muito mal, vomitando e com tonturas, o que era muito estranho lobos, raramente ficam doentes, Thannos ficou de dar uma olhada em Wesley, e depois assumiria o lugar dele, na ronda.
Já tinha percorrido uns cinco quilómetros correndo, cada dia que passa estou ficando melhor nisso, quando avisto ao longe uma mulher sentada perto de uma árvore, coloco a minha espada para o lado, e pego a minha arma, engatilho, mas antes de ir ver do que se trata, mando uma mensagem para o grupo de segurança, avisando que havia uma mulher em atitude suspeita, mandou uma foto e fico ao longe, onde não posso ser visto, observando a mulher, que parece dormir, tranquilamente encostada na árvore.
Caminho devagar sem fazer barulho, quase que flutuando, a cada dia estava melhor nisso, em andar flutuando, quando estava a mais ou menos uns cinco metros de distância, a mulher que parecia muito nova, com os seus cabelos vermelhos jogados sobre o rosto, de repente abre os olhos, de um azul cor do céu, ficando em pé, de uma maneira nada humana pela velocidade que ela fez isso, fica em pé me olhando nos olhos e eu olhando para ela, com os olhos meio abertos e meio fechados, ela me inspeciona com o olhar, com um sorriso de canto de boca, quando começo a abrir a boca para falar o que ela estava fazendo ali, naquela hora da madrugada, os meus colegas chegam e quando por uma fração de segundo tiro os olhos dela, quando volto a olhar ela tinha sumido, não consegui perguntar, nada para ela, a única coisa que vi, era que ela era linda demais, com um rosto de anjo, e com velocidade de uma pantera.
Chego perto dos meus colegas e descrevo a mulher, e a velocidade que ela reagiu, e como ela fugiu de forma e não deixar nem poeira para trás, penso que eles só acreditaram em mim, porque tirei uma foto antes, senão eu estaria totalmente desacreditado.
Continuamos a ronda sem nenhuma intercorrência a mais, por várias vezes me senti sendo observado, quando a gente está de olhos fechados, com a impressão que tem alguém lhe olhando, essa era a sensação por várias vezes, olhei para os lados e para trás, mas não vi nada de suspeito.
Quando o dia já estava clareando, decido correr até o riacho e tomar um banho para relaxar os músculos tensos, estava um calor um pouco forte, então estando fresco iria dormir melhor, assim que chego no riacho, tiro a minha roupa, ficando nu, entro na água, depois de nadar um pouco, fico no meio do riacho que bem mais fundo ficando somente com o pescoço e a cabeça de fora, estou olhando a paisagem, quando sinto um vento fresco com cheiro de lavanda, fico com os meus sentidos em alerta, observando que aquela moca da madrugada está na margem oposta que estou ela não me vê, mas continuo a olhar hipnotizado para ela.
Ela começa a tirar a roupa, cantarolando uma música bem baixinho, tira a capa vermelha e desamarra o vestido pela frente, ficando com os seios de fora, desce o vestido deixando cair no chão, aquele vestido preto fazia um contraste incrível com os cabelos vermelhos e a pele branca, ela dobra o vestido, tira a calcinha colocando em cima do vestido, pega o cabelo cumprido e faz um coque, deixando no alto da cabeça, ela entra na água, mergulhando, sinto a agua a fazer uma onda até onde estou, mas não me mexo nenhum milímetro, só observo ela nadado, por baixo da água, quando ela freia em cima de mim, sei que ela teve a visão do meu corpo nu, embaixo da água cristalina, ela se levanta com as mãos tampando os seios, e me olha nos olhos.
_ Você está me seguindo lobo?
_ É claro que não, eu cheguei aqui primeiro, contudo você não me viu, e ainda acabou fazendo um “show” particular para mim sem querer a claro.
_ Você e muito convencido ne lobinho, mas realmente não lhe vi, mas já está na minha hora, então até mais.
_ Não vai, qual é o seu nome Ruiva?
_ Um nome que e muito perigoso para você saber lobo, então me esqueça que me viu, esqueça que eu existo.
Ela fala saindo da água, colocando as suas roupas e saindo apresada com as botas na mão, não entendi foi nada, mas fazer o que ne, bem que eu queria saber o nome dela, e de ver ela outras vezes, mas agora já era tarde, a nos ser que eu a siga.
Saio da agua correndo colocando a minha roupa às pressas, pego as minhas armas e espada, e saio correndo para a floresta, onde ela entrou ao longe observo o vestido e a capa vermelha dela ao longe, mas quando penso que vou conseguir alcançar eu chego a sentir o toque do vento que o corpo dela faz, quando ela flutua sobre o chão,
Espera ela está flutuando sobre o solo, mas do nada ela some, e surgi uma floresta densa a minha frente, com galhos cheios de espinhos para todos os lados, e por incrível que parece flores vermelhas surgem nos galhos, fico parado em frente aquele muro de galhos, espinhos e flores, vendo ela correr ao longe dentro do muro de proteção que surgiu ali do nada.