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Capítulo 7

Primrose era quem gritava mais alto nesses incidentes imaginários. Alec começou a contar uma história complicada. Os soldados tinham vindo para ajudar, mas um terremoto repentino os deixou presos do outro lado da montanha.

Levou quase uma hora, mas, quando eles resgataram o último aldeão, o chão estava limpo e o viveiro, arrumado.

- Ah!

Roxa se sentou em uma pequena cadeira ao lado da mesa.

- Excelente trabalho, meus bons escoteiros, vejam como o viveiro está bonito agora! -

- Você nos enganou, Seis! -

Alec olhou para ela com súbita desconfiança.

- Não era um jogo, mas um truque para nos fazer colocar tudo em ordem. -

- Mas você se divertiu? - ele perguntou sem se irritar.

- Bem... Sim... Um pouco - admitiu o garoto.

Ele realmente se divertiu muito.

"Então era um jogo", disse uma voz masculina da porta.

- Tio Toby! -

As crianças correram até ele e o abraçaram. Roxa se levantou e ajeitou o cabelo. Depois daquele jogo selvagem, ela estava bastante desgrenhada, especialmente se comparada a Lorde Cherbourg, que estava impecável.

Ela usava calças marrons claras, botas pretas e um casaco azul claro que realçava seus olhos azuis.

- Ouvi uma grande agitação e pensei em vir verificar o que estava acontecendo. -

Ele lançou um olhar inquisitivo sobre as cabeças das crianças.

- Desculpe-me se fizemos muito barulho, Lorde Cherbourg", Roxa se apressou em pedir desculpas.

- O problema não era o barulho, era o clima. -

Na verdade, ele estava um pouco pálido e com leves bolsas sob os olhos azuis.

"O tio Toby vai para a cama tarde e acorda tarde", explicou Alec. - Eu quero ser como ele... É por isso que gosto de ficar na cama até tarde", anunciou com orgulho.

Na opinião de Roxa, havia comportamentos melhores a serem imitados. Ela podia imaginar o que mantinha Lorde Cherbourg acordado até as primeiras horas da manhã. Provavelmente ele se envolvia com atrizes, cortesãs e muitos jogos de cartas.

"Tio, nós salvamos os moradores de um vulcão", explicou Primrose, pulando animada. - Polly foi a primeira. E no café da manhã tivemos Tombolo Dondolo e os soldados do rei. -

- Mas você está falando sério? - disse Lorde Cherbourg, rindo.

Ele era simplesmente irresistível naquele momento, pensou Roxa.

- Parece uma manhã produtiva para mim. -

Ela olhou pela janela.

- Está ensolarado e estou acordada. Quem quer ir ao parque? Alec, pegue seu barco, o novo que dei a você. Vamos tentar navegar nele. E você, Rose, leve a pipa. Deve haver brisa suficiente para fazê-la voar. -

Empolgadas, as crianças correram para pegar suas coisas. Uma situação intolerável, decidiu Roxa. Como esse homem se atrevia a ser tão adorável, depois que ela o havia lembrado de como ele podia ser desagradável - ele havia festejado a noite toda e agora estava fazendo o papel de pai amoroso que levava os filhos ao parque!

"Não importa quais sejam os seus planos", ela lembrou a si mesma. Você vai deixar que ele saia impune? Você vai deixar que ele estrague todos os seus planos para o dia?

Ela deu um passo à frente. Um passeio ao parque não era o que ela tinha em mente.

- Lorde Cherbourg, sua oferta é generosa e bem-intencionada, mas sou obrigada a protestar. Ainda nem começamos a escola. -

Ele manteve a voz baixa.

- Ontem discutimos a necessidade de um programa. -

Ele deu de ombros, indiferente.

- As lições podem esperar, Srta. Huxley, mas o sol não pode. Quem sabe quando o veremos novamente. Quem sabe quando o veremos novamente. Precisamos aproveitar ao máximo os belos dias enquanto duram. -

Ele piscou para ela.

- Você deve se apressar, Srta. Huxley. Você ainda não está pronta para partir. As lições se ensinarão sozinhas, você verá", acrescentou ele, conspiradoramente.

Não havia motivo para discutir. O tio Gideon costumava fazer explosões estrondosas e ela era capaz de se defender, mas as táticas de Lorde Cherbourg eram completamente diferentes e a pegaram de surpresa.

Ao contrário do tio Gideon, o conde não gritava para conseguir o que queria, mas usava seu charme. De qualquer forma, a discussão sobre o programa a ser seguido com as crianças foi apenas adiada.

Alec e Primrose precisavam de ordem em seus dias. Ele não teria sido capaz de fazer muita coisa se, toda vez que se levantasse cedo, o conde propusesse improvisações semelhantes.

O programa e o horário inspiravam segurança, e ela também não queria ser vista demais, especialmente no caso de alguém estar procurando por ela. Ela poderia abrir uma exceção para o dia. Ainda era muito cedo para rastreá-la.... Ela contava com a falta de jeito do tio para que as buscas se limitassem aos arredores da casa.

Roxa pensou que eles estavam indo para o parque do outro lado da rua, onde ela havia estado no dia anterior com as crianças. Mas a visão da carruagem aberta de Lorde Cherbourg, com dois cavalos cinza empinando na frente da casa, provou que ela estava errada.

- Alec, venha até mim", chamou o tio.

Ele fez com que todos se sentassem.

- Um cavalheiro sempre fica de costas para o cocheiro, e as damas sentam-se na direção da viagem. -

Roxa suspirou de alívio. Ela preferia ficar perto de Primrose, para evitar um contato acidental a cada solavanco. Por um momento, ela temeu ter que se sentar ao lado dela.

Não porque ela não gostasse do conde, pelo contrário, pelo motivo oposto. Tal atração era totalmente inapropriada. Ele era seu empregador e, de acordo com a Sra. Pendleton, também um conhecido libertino. Agora ela sabia que ele não tinha problemas em flertar com as governantas, se não fosse pior.

Ele se sentou ao lado de Primrose e percebeu, consternado, que teria de olhar para os olhos azuis dela, seus ombros largos, suas pernas longas enfiadas em botas, cruzadas nos tornozelos e esticadas no chão da carruagem. A aspiração de evitar qualquer contato casual com Lorde Cherbourg agora se mostrava impraticável.

- Para onde estamos indo? -

A carruagem partiu, e Roxa não conseguiu reprimir um arrepio de excitação. Seria seu primeiro passeio por Londres. No dia anterior, durante o passeio de carruagem, a janela era pequena demais para que ela pudesse ver muita coisa.

- Vamos ao Regent's Park. Ele está aberto ao público hoje, Srta. Huxley. Não podíamos perder o clima maravilhoso e o parque, pois ele fica aberto apenas dois dias por semana. Foi uma diversão irresistível. -

Seus olhos azuis brilhavam com travessuras. Eu sabia que aquele passeio de carruagem era uma celebração para ela também, não apenas para as crianças.

"Você é boa em empinar pipas, Srta. Huxley", declarou Tobias do lago onde ele e Alec estavam testando a nova escuna.

A babá e Primrose haviam decidido aproveitar a brisa. A visão da menina correndo pelos prados atrás da pipa abriu seu coração. Ela estava com medo de que ele se partisse, como acontecia com quase tudo que Primrose tocava. Provavelmente isso era inevitável quando você tinha sete anos de idade e uma natureza curiosa.

Nesse caso, ele teria comprado outra para ela, mas, para sua surpresa, a pipa permaneceu intacta, habilmente pilotada pela Srta. Ele sorriu ao vê-la empinar a pipa para longe de um grupo de árvores. Ela era realmente boa...

Encontrá-la brincando no berçário com as crianças foi outra surpresa agradável. Ela não havia ordenado que eles arrumassem as coisas e depois ficou lá, parecendo mal-humorada e indolente, como a terceira babá, mas participou da brincadeira com entusiasmo e se divertiu tanto quanto eles.

Ela era adorável, com o cabelo desgrenhado e uma mancha de sujeira na bochecha, e ele imaginou como ela ficaria com o cabelo realmente bagunçado por um homem habilidoso nesse tipo de jogo. Um exercício mental decididamente estimulante.

A Srta. Huxley era muito mais bonita do que a babá número quatro, que ele apelidou de Srta. Dessa vez, ela estava vestida com um vestido de passeio cor de lavanda e um chapéu de abas largas combinando, que havia sido descartado assim que chegaram ao parque.

Ah, Srta. Huxley, você é muito mais impetuosa do que parece! pensou ela com um sorriso divertido.

O vento mudou e a pipa afundou de repente. Primrose gritou e a Srta. Huxley puxou a corda, mas a pipa continuou caindo. Tobias acompanhou sua trajetória com os olhos. Ela estava indo em direção à lagoa. A babá estava perdendo a batalha. Ele correu em direção a ela, enquanto Prímula pulava animada para cima e para baixo.

- Permita-me, Srta. Huxley. -

Ele pegou a corda da mão dela e a enrolou novamente, puxando-a de vez em quando até que a pipa ficasse estável.

"Está tudo bem, pequena Rose", assegurou-lhe ele.

Ele estava relutante em devolver a pipa.... Fazia muito tempo que ele não empinava uma pipa. Quando eram crianças, ele e Edgar haviam construído e lançado toneladas delas no ar.

A Srta. Huxley olhou para ele com uma impaciência velada. Parecia que ela também tinha uma paixão secreta por esse hobby. Tobias não resistiu à tentação de fazer uma cena.

Ele esperou até que a pipa parasse, depois soltou a corda, puxou-a e girou-a em um movimento gracioso que imitava o deslizar de um pássaro. Primrose bateu palmas e Alec saiu do lago para assistir, levando a nova escuna com ele.

- Faça isso de novo, tio Toby! -

Ele repetiu a operação várias vezes, sem parecer que estava lhes dando uma lição de aerodinâmica, até que as crianças ficaram satisfeitas e correram de volta para o lago. Tobias continuou a empinar a pipa, ciente do olhar atento e curioso da Srta.

- Como você fez isso? Você pode me explicar? - perguntou ela finalmente.

Ele deu uma risadinha.

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