8
Mel
— Preciso ir ao banheiro — aviso assim que chegamos na metade do corredor.
— Quer que eu te acompanhe? — Abby se oferece, mas quer saber? Acho que está tudo de boa por hoje.
— Não. Eu não vou demorar. — E nos separamos pela primeira vez desde que a megera louca resolveu pegar no meu pé. Parece suicídio, não é? Mas acredito que depois da vergonha que Brenice passou em público ela deva ficar em sua incubadora por alguns dias. Oh droga, eu não podia estar mais enganada! Penso, quando largo a minha bolsa no balcão e ligo a torneira, molhando levemente o meu rosto e assim que abro os olhos, e me encaro no espelho percebo a porta se abrir atrás de mim. Brenice entra no cômodo com as capivaretes logo atrás dela. Uma das garotas fecha a porta e eu me preparo para o ataque. A loira me olha dos pés à cabeça enquanto caminha sem pressa para o lado, dando espaço para as outras me ilharem. A merda toda é que eu não sou boa de briga. Sério, eu nunca precisei brigar com ninguém na vida, mas se precisar arranco algumas mechas de cabelos hoje.
— Pensou que ia se safar do fez comigo, alma penada? — Alma penada? Sério? Nossa, ela é péssima com xingamentos! Atrevida, arqueio as sobrancelhas e dou de ombros.
— Não sei do que você está falando, capiv... Brenice.
— Você estragou um vestido de quinhentos dólares! — Ela range.
— Put’s! Você gastou quinhentos dólares naquela porcaria de vestido! — Ah, qual é? Eu não me segurei e parece que ela não gostou muito, pois logo veio para cima de mim, e como arma usei os meus livros e joguei na cara da maluca. As meninas também avançaram, mas para a minha salvação os meus amigos invadiram o banheiro feminino e Dani bradou erguendo o bendito celular.
— Tem certeza de que querem fazer isso? Eu terei todo prazer de filmar cada cena e depois mostro para o conselho da faculdade o quão a filha do diretor é exemplar. — As meninas param no ato e encaram o meu pessoal. Oh Deus, eles são os meus heróis! — Tenho certeza de que isso não será nada bom para a carreira do seu pai aqui em Campbell e no mínimo você seria expulsa. — Ele conclui com a câmera aponta para ela. Brenice bufa irritada, trinca os dentes, fecha as mãos em punho e volta a me fitar apontando um dedo em riste em seguida para mim.
— Isso não vai ficar assim! — Ela ruge e sai empurrando a todos que estão no seu caminho e a capivaretes saem logo atrás dela. Respiro fundo e aliviada. Isso me faz ter a certeza absoluta de que não estarei a salvo até realmente pisar em solo popular e ser contagiada por ele. E eu preciso fazer isso o mais rápido possível.
— Você está bem? — Faço um sim com a cabeça e as meninas começa a me ajudar a juntar os meus materiais que estão espalhados pelo chão. No horário do almoço começo a fazer uma seleção de partidos que me ajudarão a me tornar tão popular quando a capivara enraivecida.
— Que tal o Ethan? — Kell sugere. — Ele até que é bem bonitinho e é o mais chegado ao príncipe de gelo do Aiden.
— Ah, não! Ele é muito atirado — resmungo desgostosa.
— E que tal o Kevin? Ele é bem mais velho do que você e pode te proteger. — Abby fala olhando o marmanjo da cabeça aos pés. — Olha aqueles músculos, menina, dá vontade de apertar!
— Ei, eu estou bem aqui, sabia?! — Stan protesta e isso faz todo mundo olhar para os dois.
— O que foi isso? — Dani questiona curioso e acredite, aqui todos estamos bem curiosos com essa cobrança repentina. No entanto, a nossa amiga abre um sorriso largo e envolve o pescoço do moreno de pele clara e de cabelos ondulados que chega à altura do seu pescoço.
— Lembra daquela parada com o racha? — Fazemos sim com a cabeça. — Estávamos tão eufóricos no final de tudo, que rimos feito dois malucos e quando vimos, já estávamos nos beijando e nos agarrando. Foi um Deus nos acuda!
— Ora, seus danadinhos, vocês estão namorando e não disseram nada?! — Kell ralha e em meio as risadas parabenizamos o primeiro casal da nossa tropa. Sobre a minha passagem para a fronteira dos badalados, isso ficou para depois, mas preciso resolver isso antes que a Brenice dê um jeito de dar cabo da minha pobre vida acadêmica.
No final da tarde eu já estava de banho tomado, o meu jantar já estava pronto e eu estava completamente sem ter o que fazer. Meter a cara nos livros não era uma opção e eu não tenho uma amiga de quarto para jogar conversa fora, também não tenho uma TV para me distrair. Que saco, hein? Preciso ver isso com os meus pais. Enfim, estou no tédio. Acho que me acostumei com toda essa adrenalina de cada dia, mas agora só me resta me jogar no sofá e ler um bom livro. Um sorriso enorme se acre nos meus lábios quando alguém bate a minha porta e claro, o pessoal deve estar na mesma vibe que a minha. Contudo, hoje é segunda e devemos respeitar a regras, certo?
— Qual é, gente, hoje não vai rolar... — digo assim que abro a porta para eles, mas não é eles quem está no corredor dos dormitórios e o meu sorriso perde toda a sua frequência. — Aiden?! O que você faz aqui?!
— Eu preciso conversar com você. Será que eu posso entrar?
— Não!
— Eu prometo que serei rápido! — Eu mal pude rebater e ele imediatamente invadiu o meu pequeno espaço. Bufei, respirei fundo, cruzei os braços e revirei os olhos, e sem ter muito o que faze aceitei a sua presença e fechei a porta.