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Mel
__ Cara, eu nunca ri tanto na minha vida! — Dani comenta e uma nova onda de risadas divertidas e contorcidas se espalha dentro do Burger, chamando a atenção dos clientes em outras mesas.
— Sério, aquela cena foi hilária!
— E a cara que ela fez?
Esses comentários me fazem pensar nas risadas que deram de mim todas as vezes que aquela vaca aprontou comigo. Mas devo admitir, isso foi épico e caramba, as visualizações já passam de três e isso em menos de uma hora e os likes não estão muito distantes disso, sem falar nos comentários que meu Deus... acho que criei um monstro. Então, vingança nunca foi o meu forte e eu sei que isso terá um retorno estrondoso, e que eu preciso estar preparada para qualquer coisa. O problema é não prever o que vem pela frente. Eu simplesmente terei que estar atenta a cada segundo. Como diz a minha quase centenária avó, pisando em ovos. Mas não vou estragar esse momento com as minhas especulações as cegas. Portanto, ergo o meu copo de cerveja atraindo a atenção dos meus amigos para mim e sorrio tão amplo quanto posso, porque eu realmente sinto a necessidade de comemorar.
— Ao balde de lama, que foi a estrela dessa noite!
— A câmera do Dani que levou esse acontecimento ao mundo! — Canecas se batendo ar, risadas animadas, comemorações exageradas e é isso. Tomara que ela tenha aprendido a sua lição. Logo após a saideira, Dani deixou cada de nós em segurança nos seus devidos dormitórios e eu estendi boa parte da noite com a cara nos livros.
***
— Hum! Oh céus! — resmungo quando a galera do quarto ao lado liga o som e uma gritaria animada começa. Viro-me em cima do colchão e levo os travesseiros aos ouvidos tentando abafar o barulho. Contudo, o meu celular começa a tocar em algum lugar do meu quarto e eu me forço a abrir os olhos. A claridade me faz gemer e amaldiçoar a noite que passei praticamente em claro. No entanto, me forço a sair da cama e procurar o aparelho. É domingo e eu deveria dormir até pelo menos meio-dia... Merda, já é meio-dia! Rosno inconformada olhando para os números do relógio digital e finalmente atendo a insistente ligação com um sorriso que vai de canto a canto do meu rosto. — Mamãe?
— Mel, nossa você demorou! — Volto para a cama e me deixo cair deitada no colchão, encarando o teto cheio de estrelas que eu pintei em um momento de tédio logo que cheguei aqui.
— Passei boa parte da noite estudando e só acordei com a ligação.
— Oh, querida, me desculpe!
— Não se desculpe. Estava mesmo na hora de acordar. E o papai?
— Estou bem aqui, filha. — O meu sorriso cresce. Nossa, estou roxa de saudades desses dois! — E como foi a festa ontem?
— Você não faz ideia! Pai, era tudo como você havia dito.
— Espero que tenha se divertido.
— Pode apostar que sim.
Só pra você ficar ciente, os meus pais não fazem ideia de que uma patricinha metida a besta está infernizando os meus dias aqui, mas eles sempre me ensinaram a me defender. É claro, com um bom papo e tentando ser amiga, mas todos são testemunhas de que eu tentei e toda aquela história de se não consegue vencê-los, junte-se a eles simplesmente não colou. Nesse caso, resolvi arrancar o band-aid de vez e com um só grita arranquei a minha dor também. Enfim, amanhã é o dia D... de tirar a prova dos 9 e ver o efeito que a minha atitude causou. Após uma conversa divertida que me deixou com mais saudades de casa, tomei um banho demorado, escovei os meus dentes, comi apenas uma fruta e espalhei todos os meus livros em cima da cama, mas não tive tempo de abri-los, pois logo alguém bateu a porta e ao abri-la o meu dormitório foi invadido pelos meus amigos. A proposta tentadora veio primeiro em suas vestes: viseiras, biquínis, shorts folgados e cestas de vimes. Olhei pela janela transparente da sala e constatei o lindo dia de sol e sorri.
— Praia? — Eles disseram em uníssono. Eu olhei para trás, para os livros espalhados estrategicamente e suspirei. Mais tarde. Pensei e fitei os meus amigos.
— Só se for agora! — sibilei em alto e bom tom ouvindo os gritos festivos de todos eles.
Eu sempre ouvi que Nova York era o sonho de todo bom empresário, o paraíso dos empregos bem-sucedidos, mas ninguém nunca fala sobre a parte divertida. E uma manhã na praia é a melhor parte dessa diversão. Os incontáveis sombreiros coloridos não escondem a rapaziada sarada jogando vôlei, nem mesmo os tritões que mergulham nas águas agitadas. Entretanto, vir à praia com os amigos... digo, com os meus amigos pode ter certeza de que a diversão é verdadeiramente garantida. Exceto pelos meninos que cismaram de fazer de nós meninas bifes à milanesa. No final, foram eles a pagar o pato. A tarde cada um estava de volta ao seu galho e eu como deveria ser, meti a cara nos livros e em algum momento acabei cochilando. Em algum momento fui despertada pelo meu celular e me dei conta de que a noite já havia caído. Oh céus, eu estou um caco!
— Alô? — resmungo assim que atendo.
— Estamos aqui fora, vem pra cá. — Abby diz e imediatamente olho pela janela. Ela acena encostada na lataria do carro de Dani.
— Ah, qual é? Amanhã tem aula!
— Deixa de ser chorona, Mel. Eu sei que você dormiu a tarde inteira e que não vai dormir a nem tão cedo. O que vai fazer olhando para essas paredes? — Respiro fundo e encaro as paredes.
— O que estão planejando?
— Tem um racha rolando daqui a duas horas.
— Um racha? Isso não é perigoso?
— Para o motorista pode até ser. Vai, deixa de ser chata, vamos nos divertir! — deixo os meus ombros caírem e me deixo vencer.
— Espera só um minuto!