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3

Aiden

— Como foi a sua prova? — Ethan pergunta assim que me acomodo em uma cadeira do refeitório. Olhar para a cara azeda dele me diz muit6o sobre o estrago de uma puta ressaca.

— Não foi — ralho bebericando o café forte e amargo, e faço uma careta no processo.

— Também não cheguei a tempo. — Ele resmunga ajeitando os óculos escuros.

— Eu sabia que não ia dar certo!

— Relaxa, cara! A gente recupera. — No fundo ele está certo. É só a primeira nota e eu posso repor sem problemas, mas não posso continuar assim.

***

Três meses depois...

Quando eu era criança tinha um certo fascínio pelas corridas de carro, mas nunca pensei que ela me daria a diretriz para construir o meu futuro. E sempre fui bom no volante, mas Nova York me proporcionou uma experiência ímpar. Eu só preciso saber onde vai rolar com antecedência o dia e a hora, estudar o local, as suas curvas e trilhas para não ter surpresas e garantir a grana. Depois cada um leva a sua parte. Ethan, Richard e Kevin dividem cinquenta por cento e a outra parte eu garanto as mensalidades da faculdade, e ainda sobra um pouco pra sobreviver. Prático, divertido e fácil. Era para ser exatamente assim, só que nesses últimos meses quase tudo desandou. Eu simplesmente dei lugar para os rachas, garanti metade das mensalidades anuais do meu curso, mas me prejudiquei feio em pelo menos três matérias.

— Escuta o ronco desse motor! — Richard fala chamando a minha atenção e um sorriso largo se abre nos meus lábios.

— O que você fez? — Kevin questiona interessado e logo estamos ao redor do carro.

— Um bom mecânico jamais revela os seus segredos. Mas posso garantir que podemos entrar em uma corrida maior.

— E consequentemente mais arriscada. — Ethan ralha.

— Cara, com esse motor nem mesmo a polícia consegue chegar perto. — Ergo uma mão para o alto e Richard bate nela.

— É isso aí, de olho no prêmio maior! — Comemoro e a galera se anima.

— Soube que levou pau na matéria de Argumentação Jurídica. A Senhora Smith não vai facilitar, você sabe disso, não é?

— Eu sei. Terei que ver outro meio de recuperar.

— Vamos, estamos em cima do horário. — Richard puxa a porta da garagem para fechar e montamos em nossas motos.

Se enturmar na Campbell não foi tão difícil. Primeiro, o meu jeito de play boy me ajudou bastante, depois, o fator herói dos rachas me fez ser visto por todos com bons olhos e ainda tem a Brenice, a garota mais popular do lugar. Com esse título é fácil conseguir o que quero e quando quero. Menos a recuperação do meu currículo acadêmico, claro. Para esse eu tenho duas alternativas: esquecer os próximos finais de semana e meter a cara nos livros noite adentro ou comprar um gabarito. Essa segunda opção está fora de cogitação. Se eu quero ser um bom advogado, terei que jogar limpo comigo mesmo e aprender a matéria. Que grande merda hein, Aiden? Assim que estacionamos as motos no pátio, vamos para o nosso ponto de encontro que fica bem próximo as portas largas da faculdade. Não entendo por que s meninas gostam tanto desse espaço, mas não contestamos e sempre nos encontramos no mesmo lugar. Assim que nos veem, as meninas pulam os braços dos meus amigos, porém, não a loira. Ela sabe que eu não goto de certas exibições. Portanto, Brenice apenas se aproxima calmamente e beija calidamente a minha boca. Momentos depois, sinto uma leve cotovelada na lateral do meu corpo e a minha garota faz um gesto de cabeça para um quarteto que se aproxima da entrada. Melissa Jones se tornou um alvo de Brenice desde o primeiro dia de aula e acredite, ainda não entendi o porquê. Deve ser essas coisas de meninas que os homens não conseguem decifrar. A garota tem uma beleza sutil, um sorriso genuíno e é bem empolgada também, mas o que é mais impressionante nela são as habilidades com as notas. Porra, é isso! E se eu a pagasse para me ajudar? Se ela se disponibilizasse nos finais de tarde, eu não precisaria sacrificar os meus finais de semana e ainda teria a chance de retornar para a minha rota. Ao aproximar-se um par de olhos negros encaram os meus e um sorriso brota nos lábios rosados, porém, em uma fração de segundos ela tropeça e vai ao chão espalhando todos os seus livros pela passarela de concreto e só então percebo que Brenice propositalmente colocou o pé no seu caminho. A galera dispara em uma gargalhada alta e espalhafatosa chamando a atenção dos outros estudantes que também disparam a rir. Contudo, eu trinco o maxilar. Do meu canto, observo os seus amigos a ajudarem e eles entram no prédio.

— Eu não entendo por que faz essas coisas — comento e os deboches param. Brenice envolve o meu rosto com as suas mãos e fita os meus olhos com um sorriso estendido em sua boca.

— Porque é divertido!

— É ridículo! — rebato chateado e ela ergue as sobrancelhas.

— Aun, ficou peninha? — Ela faz um som meigo e arrasto.

— Não é isso. É que... deixa pra lá! Vamos as aulas vão começar — aviso me afastando.

— Amor, não fica assim! — Brenice resmunga vindo atrás de mim. No entanto, não lhe dou atenção e entro na sala de aula.

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