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Capítulo 4 - Riqueza não é felicidade

Parte 4...

Sua mãe fez questão de repetir que ele era um homem de muitas posses, um dos mais ricos de toda Sunnydale e que ela teria uma vida cheia de luxos.

E de que isso lhe adiantaria?

Poderia ter riqueza, luxo, conforto, mas e o resto? E seu coração que iria viver em constante tristeza e depressão por estar presa a um homem como ele?

Seu pai a avisou de que não fizesse nada para aborrecer Joseph. Eles tinham interesses mútuos e isso envolvia muito dinheiro. A moeda de troca desse acordo era ela. Sentiu um gosto amargo em sua boca. Ainda não entendia como seus pais a tinham trocado tão facilmente por dinheiro.

Ela era sua única filha, como puderam colocar sua vida na mão de outro dessa forma?

Foi uma traição de sua confiança. E tinha certeza de que não merecia ser tratada de tal forma.

Seu estômago até mesmo ficava pesado e sentia uns repuxões, mas não iria vomitar de novo, ainda mais ali, na frente da simpática senhora Jordana.

_ Bem, querida... Aqui estão as opções - ela sentou em frente com uma pasta pequena _ No momento tenho estes candidatos.

Lyanne se inclinou para a frente.

_ Estes cavalheiros buscam uma noiva por correspondência e em suas cartas detalham o que querem e também um pouco de como eles são - entregou as cartas para ela _ São oito candidatos, mas, sendo bem honesta com você - deu um sorriso suave _ Creio que destes, apenas quatro estão mais de acordo.

_ A senhora já as leu?

_ Sim. Preciso ler cada uma que chega, mas não posso influenciar a candidata á noiva - ergueu o dedo _ Posso dar dicas, no entanto.

Ela segurou as cartas em suas mãos frias. Não tinha a menor ideia de como iria escolher. Jamais pensara em fazer tal coisa antes. Com certeza deve ter ficado pálida porque Jordana levantou e lhe trouxe um copo com água. Depois a abanou com uma pasta. Se inclinou para ela.

_ Filha, desculpe minha pergunta, mas por que uma garota como você, vai se casar com um homem horrendo como aquele?

Ela ergueu o rosto suspirando. Claro que a senhora Jordana estava com pena dela.

Como imaginar que teria que se submeter a um velho rude e cheio de defeitos?

_ Seu pai já é rico, porque se casar com Joseph Rogan? Não entendo.

Ela engoliu em seco. Respirou fundo e segurou a vontade de chorar. A fisionomia da senhora lhe mostrava que realmente estava com pena dela.

_ Meu pai fez um acordo com ele - revelou de modo triste _ Desde pequena que estou com essa sentença presa às minhas costas.

_ Oh, meu Deus - levou a mão á boca _ Ele a fez de mercadoria? De moeda de troca?

_ Sim - uma lágrima escapou.

_ Oh, sinto muito filha. Isso é horrível. Joseph é um homem péssimo, eu sei disso.

Jordana a abraçou lhe dando conforto.

_ Ele já foi casado antes, sabia? E mais de uma vez. A última mulher dele enlouqueceu. Sofreu muito em suas mãos, o povo sempre comentou como ela foi definhando. Tudo o que ele quer é a fortuna das esposas.

Que ótimo, pensou Lyanne. Ela estava prestes a ser a próxima em sua lista.

_ Não gostaria de ver o mesmo acontecer com você, precisa se livrar desse homem e logo.

_ Meus pais não me contaram esse detalhe. Eu não quero me casar, tenho medo dele e sei que vou ser infeliz se me casar.

Lyanne ficou sem graça, perdida em sua pena e bebeu toda a água. Sua mão tremia de nervosismo diante do que ouvira. Novamente Jordana a abraçou e alisou seu braço, lhe dando forças.

_ Tem que se livrar dele, não pode acabar com o mesmo destino que as anteriores, ou talvez até, pior... Só Deus sabe!

Ouvir aquilo não foi nada bom para seu coração que já estava pesado e para seu corpo cheio de tensão. Suas mãos tremeram e uma pontada fina do lado esquerdo de sua testa lhe indicou um recente dor de cabeça. Sentiu até um gosto amargo na boca.

_ Vamos, não perca a esperança - bateu em sua mão de leve _ Eu vou te ajudar e vai encontrar um bom pretendente aqui.

A senhora Jordana lhe deu água com açúcar para beber e depois sentou ao seu lado, puxando a cadeira para que juntas lessem as cartas.

_ Olha, eu sei que não é certo influenciar a candidata, mas no seu caso, gostaria de ajudar.

_ Por favor - ela disse em tom nervoso.

_ Eu gostei desses dois aqui - separou as cartas _ O que li me fez acreditar que podem ser bons cavalheiros e que realmente buscam algo para a vida e não apenas querem uma coisa passageira.

Ela pegou uma das cartas e começou a ler.

_ Levei em conta também, que são jovens, trabalham em bons empregos e já estão com a vida encaminhada. Isso é bem melhor do que o velho Joseph.

Enquanto lia, ia pensando no que poderia ser sua vida se casasse com o senhor Rogan, como seus pais a mandavam fazer. Sabia que nunca poderia ser feliz ao lado de um homem como ele. Amava demais seus pais, mas ter seu destino já traçado assim, de uma forma crua, não era algo a que estava disposta a aceitar.

Não seria jogada na cova do leão para satisfazer o desejo de mais riqueza de seu pai e talvez um plano cruel e desprezível de seu futuro marido. Respirou fundo. Não, ela faria algo para mudar isso e tentaria ser feliz, ainda que tivesse que fazer algo radical demais.

_ Leia devagar, querida.

Jordana via em seu rosto seu desespero por algo que a socorresse de seu destino. Tinha pena dela.

Lyanne não queria, mas sua única chance seria fugir e se casar com um estranho. Não teria tanto azar de cair na mão de outro como seu pretendente. Não, o destino não seria tão cruel assim com ela.

Leu e releu as cartas que ela separara e não se sentiu mal. Ao contrário, pareciam ser homens bons que queriam um futuro real e que seriam capazes de cuidar dela e lhe dar carinho e atenção.

Poderiam não ter o mesmo nível de riqueza que seus pais e nem do senhor Rogan, mas pareciam trabalhadores, honestos e responsáveis.

Boas qualidades para um marido.

Vendo seu rosto mudar de expressão, Jordana a abraçou, a confortando.

_ Creio que com esses dois cavalheiros, você poderá ter uma vida decente e poderá ser quem você realmente é, sem medos e sem esconder nada.

Ela balançou a cabeça, mordendo o lábio. Teve vontade de chorar.

_ Sei que seu destino está complicado agora, menina, mas não se preocupe demais - mexeu em seu vestido _ Vai achar algo muito bom pela frente.

Era até engraçado, que uma pessoa estranha lhe fizesse sentir bem, enquanto sua própria mãe, a forçava a ficar mal, empurrando-a para um casamento que não queria e que não seria feliz.

Uma lágrima lhe escapou e secou com a costa da mão. A vida era assim, começava a entender.

** ** ** ** ** ** **

Lyanne não gostava de levantar tarde, mas estava tão desanimada com a situação em que viva atualmente, que seu corpo não tinha ânimo de sair da cama e ficou enrolando.

Saber que teria mais um dia pela frente e ainda mais que teria que se sujeitar ao destino de casar com um homem horrível, era muito pesado.

Quando isso iria acontecer ela ainda não sabia ao certo, mas lhe daria tempo de planejar sua fuga e não cair nas garras dele. Greta entrou no quarto e abriu as cortinas devagar. Lá fora o sol se mostrou forte.

_ Bom dia, senhorita Carlton.

_ Bom dia, Greta.

Sentou na cama esfregando os olhos e suspirou, ainda desanimada com a situação.

_ Greta, já lhe disse que quando estivermos sozinhas, não precisa me chamar assim - jogou o lençol de lado _ Me chame pelo meu nome apenas, está bem?

Greta sorriu e fez um gesto com a cabeça.

_ Desculpe-me entrar assim, mas sua mãe disse que precisa levantar agora.

_ E por que? - levantou _ Que horas são?

_ Quase onze horas.

Ela nem tinha percebido que enrolara até demais para sair do quarto. A hora estava adiantada mesmo.

_ Sua mãe diz que deve descer usando um vestido bonito - ela apertou os lábios _ O homem está aí embaixo... O senhor Rogan.

Só de pensar em voltar a ver a cara dele, seu corpo estremeceu. Não tinha mesmo outro jeito. Apesar de ser uma loucura, precisava escapar.

E agora tinha que se livrar antes desse encontro. Deveria ter saído cedo de casa com alguma desculpa, assim não teria que participar dessa reunião.

Na verdade ela sabia que agora não poderia fazer nada e teria que descer, mas poderia colocar a mente para funcionar e pensar em algo para depois. De súbito ficou triste. Parecia que seus pais queriam empurrá-la logo para esse casamento e ela só tinha que aceitar e pronto.

_ Vou preparar o seu banho e já volto com suas roupas - Greta saiu de cabeça baixa.

Ela suspirou e andou até a janela, olhando lá para fora. Infelizmente teria que abandonar o lugar que sempre foi seu lar.

Se fosse permitido, era ali que era iria viver até ficar velha. Teria seu marido e seus filhos no mesmo lugar onde nasceu e cresceu, mas a vida não é como nós queremos. A vida apenas acontece e para os que não podem, só lhes resta aceitar seu destino.

Mas ela não iria aceitar. Não. Seria cruel demais viver ao lado desse homem. Ela não merecia um casamento assim. Queria e merecia um homem que realmente a amasse e quisesse cuidar dela, assim como ela cuidaria dele também.

* Livro completo. Duas histórias leves, delicadas e amorosas.

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