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Capítulo 2 - Sem apoio

Parte 2...

Ela tentou segurar ainda, pois tinha vergonha do que acontecia, apesar de no fundo estar gostando, porque isso o afastou, mas foi impossível. Ele fez uma cara de nojo e a empurrou com toda força, fazendo com que caísse pesado ao chão. Até doeu quando bateu o cotovelo no degrau.

_ Que nojo - disse com raiva _ Arnald - gritou _ Arnald... Lucy... Venham ver o que essa garota horrível fez comigo - ele andava de braços abertos, olhando para a roupa.

Não dava pra dizer que isso não foi engraçado, porque foi. Ela não fez por querer, mas ele mereceu. Andava com esse cheiro forte e a agarrando dessa forma, foi só uma reação natural. Ele gritou com raiva até que seus pais apareceram. Sua mãe segurou o rosto entre as mãos, arregalou os olhos e ficou horrorizada com o que via e seu pai ficou vermelho.

_ Menina estúpida - seu pai disse aborrecido _ Lucy, leve-a daqui agora! - ordenou.

Sua mãe se abaixou e lhe deu a mão para que levantasse. Estava nervosa também. Ficou desolada. A cena era feia, mas ela parecia se preocupar mais com o velho do que com a filha.

_ Oh, minha filha, o que houve? - a segurou pelos braços _ Vamos para seu quarto, precisa se limpar.

_ Leve-a logo! - seu pai gritou, agora mais irritado.

Joseph andava nervoso pela sala, puxando o casaco e a gravata, jogando no chão e se afastou para o outro lado, olhando feio para Lyanne, respirando pesado. Parecia que queria bater nela pelo que fez. E ela entendeu esse olhar. Gostaria que os pais entendessem também.

Ela não estaria segura depois de se casar com Joseph. Pelo pouco que o conhecia, sabia que o homem tinha explosões de raiva, gritava e até xingava. Tinha medo do que ele poderia fazer contra ela quando estivesse debaixo do mesmo teto que ele.

Pelo menos isso o afastou dela. Ficou calada e aceitou a ajuda da mãe para sair dali. Realmente suas pernas estavam bambas e precisava ficar longe daquele homem repulsivo. Não disse nada. Abaixou a cabeça e saiu.

_ Greta! Venha aqui! - seu pai gritou.

Muito rapidamente uma garota pouco mais velha do que Lyanne apareceu na sala. Humilde, ficou de cabeça baixa. Sabia que seria agredida com palavras pesadas se fizesse algo que achassem errado.

_ Limpe esta porcaria que minha filha fez. E limpe rápido - abanou a mão _ Vamos Greta, rápido.

Greta fez um movimento para baixo se inclinado, indicando que compreendia e saiu depressa em busca de seus materiais para a limpeza.

_ O que você fez, filha?

Lucy perguntou inconformada. Suspirou longo. Fechou a porta atrás delas e começou a ajudar Lyanne a tirar o vestido que tinha ficado um pouco sujo também.

_ Mamãe, não tive culpa - se justificou _ Ele é horrível, seu cheiro me incomoda. Não posso me casar com o senhor Joseph.

_ Claro que pode e vai - disse séria _ Não comece com isso de novo. Já foi tudo acertado.

_ Mamãe... Foi o cheiro dele que me fez ficar doente, tenho certeza disso.

_ Ah, pare de dizer bobagens, menina - ela apertou os lábios _ Você já invetou outras doenças antes. Eu me lembro bem.

Sua mãe puxou o vestido para baixo. Entendia um pouco o que a filha sentia, mas não podia ir contra a vontade do marido.

_ E não diga mais isso - segurou seu cotovelo _ Seu casamento é importante para seu pai. Ele tem negócios com o velho Joseph e se você estragar isso, seu pai ficará muito triste e com raiva de você - ela suspirou fundo _ Pode até... Sei lá... Querer colocar você de castigo ou até lhe punir de outra forma - torceu a boca.

Lyanne entendia o que a mãe dizia. O pai não aceitava ser contrariado e como líder da família e dono de tudo, as duas deveriam obedecer sempre, sem questionar. Era o senhor da verdade ali.

Algumas vezes ele chegou a bater em sua mãe. Dizia que ela estava errada e que apenas a corrigia para que não repetisse o erro. Achava isso horrível. E nesses momentos ela odiava o pai. Era um homem que nem parecia sentir amor por elas.

Por duas vezes ele a tinha surrado também, quando a pegou fazendo coisas erradas. Apesar dela não entender como seria errado apenas falar com um rapaz na saída da igreja ou aceitar uma flor de outro, quando era seu aniversário.

Depois que a castigou pela segunda vez, ela parou de falar com qualquer rapaz que viesse lhe cumprimentar, com medo de ser castigada de novo. Na verdade ele não queria que ela tivesse contato com outros homens porque já estava prometida ao velho Joseph e ele tinha dito isso, para que não tivesse chance de se interessar por mais ninguém.

Sua mãe lhe dizia que estava certo e elas erradas, que seu pai sabia como cuidar da família. Lyanne discordava disso. Cuidar era muito mais do que isso. Ele não estava pensando nela quando fez o acordo.

O que mais a apavorava era saber que ao se casar com o velho banqueiro Joseph Rogan, estaria também á sua mercê e lhe devia obediência, entre outras coisas, como sua mãe havia lhe dito.

Sentia o medo percorrer cada poro de seu corpo só de pensar em passar o resto de sua vida presa a um homem desprezível como ele.

Seria infeliz, tinha certeza disso. Acabaria ficando doente de verdade.

_ E pelo amor de Deus, nunca comente nada sobre seu desagrado com o senhor Joseph - sua mãe disse preocupada _ Se seu pai souber que se sente mal ao seu lado, poderá lhe bater e talvez até deixe que seu futuro marido faça o mesmo. Sabe que ele é muito rígido.

Lyanne arregalou os olhos surpresa. Seu pai não faria isso. Ou faria? Achou muito errado. Mas ela não poderia fazer nada contra, a não ser que tivesse uma boa ideia para fugir desse compromisso.

_ Mas, mamãe...

_ Chega - ergueu a mão _ Cale a boca agora e vá se limpar. Se recomponha e nem um pio sobre isso. Acostume-se. Você é noiva dele e será sua esposa e mãe de seus filhos... - torceu a boca _ Se é que ele ainda pode ter filhos nessa idade... Mas, cale-se e seja uma boa filha. Entenda que esse é o dever de uma mulher.

Sua mãe deixou o quarto furiosa e ao mesmo tempo nervosa por ela. A deixou sozinha com a cabeça cheia e o medo do futuro. Esse não era o dever de uma mulher. As pessoas nascem livres e devem buscar sua felicidade e não são propriedade de outras. Ela não era uma boneca para ser vendida e trocar de mãos.

Respirou fundo e sentou na cama. Só Deus poderia lhe ajudar agora a encontrar uma saída. Qualquer coisa que a livrasse desse homem.

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Hector conversava com a irmã, ouvindo seus motivos pelos quais ela não poderia mais ajudar na criação da sobrinha. E sabia que estava com a razão. Ele tinha até abusado dela ao pedir tanta responsabilidade.

_ E sinto muito mesmo, irmão amado, mas não posso mais continuar com nosso acordo. As coisas estão complicadas para mim. Espero que me entenda e que não se sinta triste por minha decisão. Gostaria de poder fazer mais. Sabe que o amo e amo muito minha pequena sobrinha.

Hector olhou para a irmã. Coçou a cabeça e franziu o cenho, preocupado. E agora?

Sua esposa Megan havia morrido e ele sozinho, sem saber como cuidar de uma criança pequena, havia pedido ajuda de sua irmã Anete, que prontamente o resgatara e o tirara do sufoco. No começo contou com ajuda até de senhoras da igreja, mas depois Anete se encubiu da respnsabilidade e fazia isso muito bem. Ele estaria perdido se não fosse por ela.

Não conseguia ser pai e xerife ao mesmo tempo. As obrigações eram muitas e ele realmente não fazia ideia de como cuidar de uma menina tão pequena. Além disso ainda tinha a casa e a propriedade. Ele ficava o dia inteiro fora de casa e só uma vez ou outra tinha uma folga que o permitia sair do trabalho.

Quando Megan morreu, sua linda e fofa Anna tinha apenas um ano e meio. Ele ficou perdido. Foi tão de repente, ele não esperava. Achava que ela iria se recuperar. Quando deu por si, estava viúvo.

Além do sofrimento de ter perdido sua esposa, seu bebê precisava de cuidados que ele nunca tinha sido treinado para fazer. Megan tomava todos os cuidados e dizia que ele trabalhava muito e por isso não tinha que se preocupar com a filha. Ele ficava com a melhor parte de ser pai.

Sua irmã aceitou tomar conta dela e durante todo esse tempo, Anna ficou sob seus cuidados, mas agora Anete lhe dizia ser impossível continuar. Ela estava cheia de outros compromissos e também tinha as responsabilidades comuns de uma mulher casada. Era muita coisa.

Ele tinha orgulho da irmã. Sempre foi uma mulher forte e que não corria de suas obrigações. Estava sempre inventando algo e na maioria das vezes, estava sempre com um sorriso no rosto. Poucas vezes ele a viu triste ou abatida. Agora a via muito preocupada com o futuro de sua sobrinha.

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