Carlos Hiss
Danilo acordou meio atordoado, olhou para o pequeno quarto e viu Marcela com Megan nos braços, olhando pela janela. Reparou que no braço da mãe foi feito um curativo, assim como em sua testa, apesar de não se recordar de um ferimento naquele segundo local.
— Mãe onde estamos? Alguém apareceu aqui?
— Oi meu filho, como se sente? — Marcela disse e sentou com ele na cama.
— Mãe, me desculpa! eu não podia te perder. E talvez agora esteja em perigo por minha culpa.
— Meu bem, primeiro não chore, você não gosta que eu diga, mas é uma criança, o dever de proteger a família é meu. Segundo ninguém apareceu ainda. E pelo que entendi estamos em Londres, perguntei assim que chegamos.
— Como assim mãe, você chegou acordada? Seu rosto, não tinha isso quando saímos. — O que houve?
— Eu acordei quando estávamos passando pela porta, e isso no meu rosto? Não foi nada, o soco na cara daquele atrevido foi bem pior.
Neste momento a porta se abriu, era Argos, com algumas sacolas, ele era responsável por cuidar de tudo ali.
— Aqui tem algumas roupas, toalhas e até algumas coisas para comer.
O soldado ia saindo quando foi parado por Danilo puxando seu braço, o menino fez isso e deu um passo para trás.
— O que quer garoto?
— Nada, só saber em quem minha mãe deu um soco, mas acho que não foi em você.
Argos sorriu, o menino era mais inteligente do que ele esperava, tinha seu jeito de descobrir as coisas e era bom em estratégia.
— Não, não em mim, e nem vai vê-lo por aqui, além do soco de sua mãe, recebeu alguns meus antes de ser mandado embora. Aproveitando apenas para confirmar, se chama Marcela, certo senhorita?
— Isso mesmo! Mas é senhora. — Respondeu ela, com um leve sorriso.
— Tem um banheiro logo ali no fundo, o Senhor Carlos chegará logo, e Danilo precisarei de sua ajuda, seu pai não sabe que tive que trazê-la, estarei em apuros quando ele souber.
— Eu já pensei nisso. E pelo visto, você tem medo do meu pai.
Argos sorriu novamente, acenou com a cabeça para Marcela e saiu.
Horas se passaram e ninguém veio até o quarto. Este não era ruim, mas com certeza não recebia cuidados faz tempo, assim como toda a casa, pelo que Marcela pôde perceber.
No banheiro havia uma banheira e um chuveiro, as paredes do quarto e do banheiro pareciam um pouco velhas e desbotadas pelo tempo. Havia ali uma cama grande e um guarda roupa de solteiro, Marcela organizou as poucas peças de roupa ali, haviam roupas de criança, para Danilo e Megan e também algumas peças adultas para ela. As roupas das crianças eram novas, algumas com etiqueta ainda, já as dela eram poucas, 2 shorts, 3 camisas masculinas e uma blusa de frio e não tinha nenhuma peça íntima. Realmente a presença dela ali era um imprevisto.
— Posso entrar? — Perguntou Carlos a Danilo.
— Pode, minha mãe está no banheiro.
— Como assim, sua mãe? — Carlos perguntou surpreso.
Neste momento Marcela saiu do banheiro com os cabelos molhados, usando uma camisa de botão e um dos shorts que vieram entre as roupas. Carlos primeiro analisou o corpo de Marcela, suas pernas eram grossas com uma pele não muito clara, ele sempre gostou do tom bronzeado das brasileiras e Marcela era um belo exemplar, ele foi tirado de sua inspeção por Argos.
— Senhor Carlos, vejo que já conheceu todos.
— O que ela faz aqui? — Carlos perguntou.
Agora foi a vez de Argos analisar o corpo de Marcela ele sorriu, após percorrer com os olhos todo seu corpo e encontrar os olhos assustados dela.
— Eu explico! — Disse Danilo encarando o soldado.— Podemos falar longe das mulheres? — Danilo se incomodou com os olhares a sua mãe, ele podia não entender o que se passava pela pouca idade, mas sabia que os olhos daqueles homens não demonstravam respeito.
Carlos achou o pedido interessante, e o chamou para fora do quarto, antes de sair olhou novamente para Marcela e sorriu não pensou que a moça fosse tão bonita quanto Argos dizia.
— Carlos, seu filho é uma figura. Não só apenas dificultou a missão, como me fez trazer a mãe.
— Você foi enganado por um menino de 11 anos? Ou pelas pernas da moça?
O soldado engoliu seco, a beleza de Marcela mexeu com eles, se sentiu enciumado quando teve que socar o outro soldado por tentar se aproveitar dela.
— Diga menino, o que quer? — Perguntou Carlos se sentando no sofá da sala e puxando Danilo para seu colo.
— Primeiro, não faça isso, não sou um bebê. Segundo minha mãe fica, essa foi a exigência para que eu viesse de forma pacífica e ajudasse a pegar a Megan.
— Sabe que ela não é sua mãe, apenas cuidava de vocês.
— Ela é a mãe que eu conheço, que a Megan conhece, então sim, ela é minha mãe.
— Não vou discutir com um pivete, vou me livrar dela, não a quero aqui.
— Não vai não, se fizer algo a ela, no outro dia eu fujo daqui, já tenho até meu plano para isso e se quer me ter como filho precisa pelo menos tentar fazer algo para que Megan e eu não te odeie.
Carlos apenas olhou para Argos.
— Eu disse, o garoto é uma figura. — Argos repetiu a frase rindo.
— Está bem! Eu permito que ela fique, não digo que será pra sempre, mas por enquanto a moça pode ficar. Mas ela não pode sair do quarto pra nada.
— Fechado, por enquanto está bom pra mim, minha mãe fica no quarto.— Danilo respondeu dando ênfase a palavra mãe. — O que faz da vida? É realmente meu pai? Por que só apareceu agora?
Argos riu alto, ele achava graça da esperteza do garoto, Carlos o encarou e ele entendeu, era hora de se retirar.
— Meu filho, eu demorei pra saber de sua existência e também de sua irmã, mas sim tenho certeza de são meus filhos, assim que soube comecei a procurá-los, mas naquele país nada anda rápido, quando tiver certeza de que havia os encontrado, já haviam sido adotados. — Carlos se levantou e ponderou as palavras, não sabia se o menino, tinha conhecimento da adoção. — Me desculpa, você sabe que a Marcela não é sua mãe, que ela adotou vocês, certo?
— Agora você me ofendeu duas vezes, primeiro a minha inteligência, afinal moro faz apenas um ano com ela, tenho plena consciência da adoção. E depois me ofende todas as vezes que repete que a Marcela não é minha mãe. Eu a aceitei como mãe e ela a mim como filho.
— Deixarei esse assunto para outro dia, agora volte para o quarto.
— Estou vendo que tem muito a aprender como pai.
Danilo falou e correu para o quarto. Marcela já estava aflita pela demora.
— Meu filho, você demorou, correu tudo bem? Ele é boa pessoa?
— Foi tudo bem, está decidido, você fica. Acho que não é má pessoa, mas não sabe cuidar de crianças. Deve ser rico, afinal tudo aqui parece ser caro, apesar da limpeza deixar a desejar.
Danilo olhou para a irmã, para confirmar seu sono antes de falar. — Mãe, acho que tanto o meu pai, quanto o Argos gostaram de você...
— Primeiro você é muito novo para saber sobre isso e depois meu interesse aqui são vocês, agora vamos dormir.
Marcela deitou-se e aconchegou as crianças perto dela e adormeceu. Não pôde deixar de notar a beleza masculina daqueles homens, gostou da voz e presença de Carlos, mas havia uma dívida com Argos que além de extremamente forte e bonito a protegeu do soldado que tentou algo com ela, pensou que estaria realmente apuros se eles tivessem um real interesse nela, primeiro pelo medo do que eles poderiam fazer e depois por ela mesma não saber quem escolher.