Capítulo 5 - Vamos contar com a sorte?
Eu aceitei a mão que ele me ofereceu. Fui levada de volta para a cozinha. Ele pegou a toalha molhada que eu havia deixado no chão e disse:
- Me conheceu há algumas horas e já está fazendo bagunça na minha casa. – brincou.
Eu não ri. Se ainda não estivesse magoada, talvez tivesse achado engraçado. Mas eu estava bastante confusa com relação àquele homem. Ele pegou meus ombros e me olhou nos olhos:
- Relaxa, Meg. E aceite minhas desculpas... Por favor. Eu tive medo...
- Do quê? – perguntei inocentemente.
- De... Você ficar grávida? – a afirmação saiu quase como um pergunta.
- Isso não vai acontecer...
- Vamos contar com a sorte... Isso? – ele riu nervosamente, passando a mão nos cabelos, bagunçando-os.
- Por Deus, você está me deixando ainda mais confusa e nervosa. Eu poderia dizer que estou acostumada com este tipo de coisa, mas não estou. Tentei fazer tudo parecer normal e nem passou pela minha cabeça que você pudesse perceber... Mas então houve o sangramento. Você confirmou que eu nunca havia estado com outro homem... Mas eu quis que fosse assim... Embora eu nunca tenha feito algo tão leviano em toda minha vida e tenha criticado todas as garotas que conheço que um dia fizeram.
Ele me encarou por um tempo e disse:
- Doce Meg, não achei que você fosse experiente, embora também não me passou pela cabeça que pudesse ser virgem aos 18 anos. No entanto...
- Você achou tão ruim assim? – perguntei, sem deixar que ele terminasse.
- Não... Eu não disse isso... – ele falou sinceramente. – Foi... Ótimo. – ele suspirou e disse: - Acho melhor você colocar uma roupa seca. Vai se resfriar.
- Não tenho mais nada seco para vestir.
Ele saiu e foi para a sala, abrindo a porta da rua. Depois de um tempo voltou com uma mala e abriu, tirando uma camisa branca de dentro, me entregando.
- Você realmente está partindo. – afirmei ao ver a mala.
- Sim... Como eu havia dito.
Eu subi até o quarto e troquei a roupa molhada pela camisa dele. Sequei meu cabelo com uma toalha seca. Entre usar uma calcinha molhada ou não usar nada, optei pela segunda opção. A camisa chegava na altura das minhas coxas. E o mundo poderia se acabar amanhã, como sempre dizia Martina. E eu faria amor novamente com aquele estranho arrogante, misterioso e ao mesmo tempo doce. Eu sabia que nunca mais o veria na minha vida. E eu tinha decidido que eu só queria viver aquela noite como se não houvesse dia seguinte. Se o mundo acabasse, eu queria que eu estivesse nos braços dele.
Quando desci senti o aroma da comida espalhado pela casa. E percebi que eu estava com muita fome. Fui até minha mochila e peguei meu celular. Ele sequer ligou. Acho que havia estragado com a chuva. Sentei na banqueta, de frente para a mesa em forma de ilha, mexendo no meu aparelho que continuava escuro.
- Obteve sucesso com seu aparelho? – ele perguntou.
- Não. – eu disse jogando ele sobre a mesa.
- Você ficou... Bem. – ele disse observando atentamente meu corpo vestindo sua camisa. Eu podia sentir o desejo em seus olhos.
Ele se virou novamente para o fogão e eu sorri. Mostraria a ele que eu não era uma garota... Eu era uma mulher. Ele havia me transformado numa mulher... Cheia de desejo por ele.
- Se ficar molhado pode pegar um resfriado, estranho. – eu ironizei.
Ele me olhou sarcasticamente e tirou a camisa, mostrando seu corpo perfeito, me deixando com a respiração acelerada ao olhá-lo novamente desnudo. Eu tinha certeza que aquilo foi intencional... Das duas partes.
- Que horas são? – perguntei.
- Passa da meia noite...
- Seria exatamente que horas, isso?
Ele riu:
- Por que se preocupar com a hora?
Eu dei de ombros. Ele tinha razão. Eu não tinha que me importar com a hora. Eu só tinha que torcer para o tempo passar vagarosamente. E sabia que quando o dia raiasse nada mais seria igual na minha vida. E eu não queria saber o nome daquele homem. Eu não queria procurar desesperadamente por ele quando partisse da minha vida. Queria somente lembrar como o estranho mais lindo e perfeito que passou por ela, fazendo com que eu fizesse tudo de que fugi o tempo todo. O domingo em breve nasceria e eu voltaria a ser Megan Miller, a garota correta e contida. Então naquele momento eu aproveitaria para ser simplesmente Meg, que não se preocupava com nada a não ser ela mesma e seu prazer.
- O cheiro está ótimo. – eu observei.
- Sou um ótimo cozinheiro. – ele se gabou. – E vou ser ainda melhor.
- Só posso dar minha opinião depois que provar.
Logo ele pôs a mesa perfeitamente arrumada e serviu meu prato. Ele fez macarrão com alguns legumes e um molho espesso que me deu água na boca antes mesmo de provar.
Ele sentou-se e se serviu também.
- Por que você cozinhará ainda melhor? – perguntei curiosa.
- Estou indo fazer um curso de culinária fora do reino... E penso em abrir um restaurante futuramente.
- Hum... Talvez eu ouça falar de você então, em breve?
- Espero que sim. – ele disse servindo vinho.
- E você tinha todos estes legumes frescos esperando por mim, quando me sequestrou? – questionei confusa.
Ele riu e levantou a taça. Eu toquei a minha na dele e bebi o líquido antes de saborear a comida. Eu detestava bebida alcoólica, mas aquele vinho estava muito bom, diferente de outros que eu já havia tentado provar.
- Eu estava morando aqui antes de partir no final da tarde... Então havia sim comida fresca. Provavelmente quando a empregada viesse limpar a casa na segunda, usaria ou levaria embora. Não costumo me preocupar muito com isso. Ela geralmente cuida de tudo por aqui.
Eu provei o macarrão e estava absolutamente perfeito.
- Eu pagaria pelo seu prato. – confessei. – Muito bom.
- Obrigado.
- Sua família deve ter sorte... De ter um cozinheiro como você.
- Pode apostar que não. – ele disse indiferente.
- E... Sua namorada? – arrisquei.
Ele me encarou:
- Está me chamando de infiel?
- Deveria?
- Não sou infiel... Mas confesso que se tivesse alguém na minha vida, hoje eu teria sido pela primeira vez.
Senti meu coração batendo mais forte. Olhei para ele e disse:
- Então teríamos tido uma primeira vez em comum.
Ele sorriu sedutoramente:
- Me sinto um privilegiado por ter sido o escolhido.
Eu corei e não disse nada. Terminei a comida tentando manter o silêncio para não ser traída por meus pensamentos pecaminosos.
- Então você realmente tem medo do escuro? – ele perguntou.
- Sim... Sempre tive. Não durmo sem uma luz.
- O que você sente?
- Um pânico... Não sei explicar.
- Nunca conheci uma mulher com medo de escuro. – ele disse divertidamente.
- Agora conheceu.
- A garota com medo do escuro que anda no meio da rua sem iluminação durante a chuva torrencial.
- Sim... Fiz errado. Fui descuidada.
- Se não fosse assim não teríamos nos conhecido, não é mesmo? – ele disse piscando, ficando ainda mais sexy enquanto me encarava.
- Creio que sim... – Eu peguei meu prato e coloquei na pia. – Já que você cozinhou, eu vou lavar a louça.
- Você não precisa fazer isso, Meg.
- Eu sempre faço isso na minha casa. Eu acho que faço isso bem... Assim como você cozinha.
Quando me dei em conta ele já estava atrás de mim. Colou seu corpo junto ao meu e pegou o prato da minha mão, colocando na pia. Ele virou-me para si, me encarando e disse:
- Eu poderia apostar que você não faz só isso bem... Na verdade, eu posso afirmar, sem sombra de dúvidas.
Ele passou a mão pela minha coxa e subiu lentamente, percebendo que eu estava nua sob a camisa.
- Porra, Meg, você está sem calcinha!
Eu vi todo o desejo acendendo ainda mais nele. Olhei a boca perfeita, esperando pela minha e o beijei sem pensar duas vezes. Aquele homem despertava desejos e sensações que eu nunca senti antes. E eu estava decidida a fazer daquela a noite mais feliz e louca de toda a minha vida. Aquele estranho era lindo e estava de partida. Ele não me cobraria nada. Não ficaria atrás de mim. Ninguém precisaria saber o que aconteceu, a não ser eu e ele. O estranho me pegou no colo e me levou até o sofá. Meu corpo ardia mais que o fogo da lareira crepitante. Ele tirou a camisa enquanto me observava atentamente, olhando no fundo dos meus olhos. Antes que ele me beijasse novamente, eu o parei com minha mão e disse:
- Poderia pegar preservativo? Afinal, não podemos contar com a sorte, não é mesmo?
Ele sorriu e saiu, pegando a carteira jogada no sofá que ele estava sentado anteriormente. Antes que ele voltasse, a luz apagou-se por toda a casa novamente. Eu senti medo, mas em pouco tempo ele já estava comigo. Ele me abraçou e disse no meu ouvido, carinhosamente:
- Não tenha medo... Estou aqui com você. E não vou deixá-la.
Ele tomou minha boca num beijo apaixonado e eu poderia jurar que havia sentimento enquanto nos tocávamos. Eu não queria de forma alguma me envolver com aquele homem sentimentalmente... Mesmo sentindo que eu já estava entregue desde o momento em que o beijei pela primeira vez naquela noite. Embora eu tentasse ficar tranquila e aceitar que aquilo era normal, no fundo eu sabia que não era... Não para mim. O estranho estava marcando minha vida... De uma forma que nunca havia acontecido antes.
Fizemos amor novamente, de forma diferente da anterior. Embora eu não tivesse sentido dor na primeira vez, eu me sentia mais segura agora. E disposta a explorar o corpo dele e lhe dar prazer da mesma forma que ele me fez sentir. E assim eu me entreguei completamente ao momento de prazer e descoberta que ele me mostrava com habilidade e destreza. Eu nunca fiz uma escolha tão certa em toda minha vida. Jamais um garoto da minha idade me faria sentir tudo que aquele estranho me fazia sentir.