Capítulo 8
O uísque começa a fazer efeito e logo adormeço, lembrando dela.
Um som irritante me acorda.
É o meu telefone.
Adormeci no sofá.
Olho a hora no relógio de parede e já é tarde, duas da manhã. É estranho, eu acho, o que aconteceu.
Levanto-me rapidamente para pegá-lo antes que pare de tocar, lembro que o deixei na mesa da cozinha e, com certeza, aqui está.
Olho para o nome na tela e meu coração dispara.
E ela!
Estou surpreso por não ouvir a voz dele há dez anos e agora, no meio da noite, lá está ele.
- Olá Josefina. -
Nada.
— Josefina, é você? Respostas! -
Ainda nada, mas está lá, ouço soluços.
Esta chorando.
O medo me invade.
—Por que você está chorando Josefina? Droga, responde Josefina! -
Agora estou em pânico com o que está acontecendo com ele. De repente ouço um homem falar e não entendo mais nada.
— Droga, Josefina, quem diabos é? Responda, se tocar em você, eu o matarei. -
Naquele momento, depois de dez anos, ouço novamente a voz dele, mas não é doce, não é quente, me dá calafrios.
- É muito tarde. -
Ele encerra a ligação, enquanto meus pulmões ficam sem ar.
O que aconteceu? Ouço suas palavras ecoando na minha cabeça: é tarde demais. A consciência de quão verdadeiras elas são aperta meu coração.
Ainda estou tentando me recompor porque estava acontecendo alguma coisa, ela não teria me ligado chorando se não fosse assim.
Vou ligar para minha irmã e contar tudo a ela.
— Vou tentar ligar para ela, não se preocupe. -
"Está tudo bem", digo a ele, mas mal posso esperar e não fazer nada, preciso saber se ele está bem.
Pego minha jaqueta de couro preta, as chaves do carro e logo estou na casa da minha irmã. Entretanto enviei-lhe várias mensagens mas nada, e como se tudo tivesse sido um sonho.
Ligo para a casa dos meus pais onde Mia ainda mora e ela abre a porta imediatamente, está tão preocupada quanto eu.
— Ainda nada, nenhuma resposta. -
Por volta das cinco adormecemos no sofá, Mía apoia a cabeça no meu ombro e eu desmorono com ela.
Ao acordar, ouço Mia conversando com Josefina e pelo que minha irmã diz posso perceber que ela está bem.
Sinto-me aliviado, mas ao mesmo tempo ainda com muita raiva, talvez até mais, e então começo a fazer perguntas a ele. Embora não consiga ouvir Josefina, tenho certeza de que ela está inventando alguma desculpa para tranquilizar minha irmã.
Vejo o rosto de Mia mudar.
— Ele desligou, aquele idiota estúpido desligou. -
Eu a observo enquanto ela reclama, irritada, sobre como sua amiga às vezes é intratável.
—Ele desligou o telefone na minha cara, você percebeu? Ele não deixa a gente pregar o olho e aí sai com um explico depois e fecha, assim que eu ver, assim que eu ver eu faço ele pagar. -
Minha irmã está muito brava e tem razão, mas entendo que na verdade é tudo culpa minha.
- Você sabe como é? -
— Sim, eu sei, mas caramba, estávamos preocupados. Espero que você esteja com uma ressaca terrível; Ele olha para mim e ri maliciosamente.
—Com certeza, para ter me ligado, ele devia estar bebendo muito. -
Mesmo não tendo falado com ela, me sinto melhor.
—Então ele aprende a preocupar as pessoas—então sua expressão muda.
— Assim que eu tiver notícias dela, direi se ela está bem e o que aconteceu, ok? -
Ele me olha com pena, estou muito mal.
— Melhor não, o importante é que está tudo bem — Me sinto desconfortável agora que tudo acabou — Vou embora Mia, estou com muito nojo, preciso de um banho e me trocar. -
— Ok, nos vemos à uma, no nosso restaurante japonês preferido, o Tom também estará lá, gostaríamos de conversar com você sobre o casamento. -
—Claro, pequena. -
Dou um beijo na cabeça dele e vou embora.
Josefina
—Então, você vem conversar? Ou eu tenho que te levar à força? —Eric grita comigo da cozinha.
Estou preocupado - agora o que devo dizer? Obviamente vou lhe contar toda a verdade: caminho lentamente em direção à cozinha e encontro Sara e Eric sentados à mesa com um café fumegante nas mãos.
- Nesse tempo? -
Os dois me contam, eu sento, tomo um gole de café e começo a história desde o início: o convite do barman, muito álcool e chego ao telefonema para Jack.
— ...e aí quando senti que eles me tocavam corri em direção às árvores, juro que estava em transe, meu coração precisava ouvir e sem saber como o telefone tocou e eu atendi. -
Coloquei minha cabeça na mesa.
—Eu realmente sou um idiota! -
- E ele? Quem te disse? -
Meus amigos dizem juntos.
—Ele respondeu chamando meu nome. — Revivo a emoção que me abalou completamente naquele momento.
—Então ele ainda tem o seu número. -