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Capítulo 5

Eu preciso, preciso ouvi-lo, me sinto muito perdida, as lágrimas escorrem pelo meu rosto e finalmente ouço a voz dele, ele sempre me fazia tremer, mas ao mesmo tempo conseguia me fazer sentir em casa.

— Olá… — sussurra uma voz rouca e carregada de sono.

—Josefina? É realmente você? -

Não falo, não quero, só queria ouvir.

— Josefina, você está chorando? Onde você está? Droga, Josefina, responda, me diga onde você está? -

Nada, não falo, gosto daquele som que aos poucos me traz de volta à realidade, enquanto as lágrimas molham meu rosto.

Naquele momento sinto como se alguém estivesse me puxando para o lado.

— Olá querido, o que aconteceu com você? Vem aqui. -

É o cara do bar, olho para ele chocada, enquanto ao telefone ouço Jack gritando cada vez mais alto.

—Josefina, me diga quem é, onde você está? Eu disse onde diabos você está? Josefina, se ele te machucar, eu mato ele! -

Viro-me para o rapaz do bar e respondo: — Você está atrasado! -

Fecho o telefone.

— Vamos querido, não estou atrasado. Vamos nos divertir... – ele tenta me beijar. Entro em pânico, exagero, mas antes que tudo caia vejo voar. Eric, surpreso, me pega nos braços e me leva embora.

Josefina

Não sei como cheguei na casa de Eric com Sara ao meu lado. É de manhã, vejo os raios de sol entrando pela janela fechada, olho um pouco em volta e noto que estamos na cama do Eric.

Sempre gostei do quarto dele, é totalmente preto, mas assim como ele, é preto por fora e ensolarado por dentro.

Me espreguiço, estou muito exausta, minha cabeça lateja e tento lembrar o que aconteceu ontem, mas não me lembro de nada.

—Eu realmente bebi demais. -

Talvez eu tenha me movido muito e notado Sara acordando.

—Oi querido, como você está? - Ele me pergunta com dificuldade.

- Nojento! —Minha resposta o faz sorrir. —Mas vejo que você também não está em uma boa situação. -

“Olha, ontem foi um verdadeiro desastre”, diz ele, levando as mãos ao rosto.

— Infelizmente não me lembro de nada. -

Eu confesso para você. Ele olha para mim entre os dedos e suspira.

- Bom. Porque me lembro de tudo e é melhor esquecer. — Com sua declaração desesperada começamos a rir, não pode ser tão sério assim eu acho, ou talvez seja.

Fecho os olhos por causa da dor e porque estou tentando pensar em alguma coisa. Mas nada. Escuridão total. Só me lembro de chegar à festa.

Ficamos deitados na cama, nenhum de nós tem forças para se levantar, ouvimos a porta se abrir e Eric entra apenas com a calça do pijama, o cabelo desgrenhado e ele também não parece muito casual, na verdade, ele é francamente furioso.

Uh oh... sinto que estou com problemas.

—Você terminou de rir? Agora me diga o que diabos aconteceu ontem à noite. -

Sara e eu nos entreolhamos e começamos a rir de novo, é tão engraçado estar com tanta raiva. Ouço Sara tentando acalmar Eric.

— Vamos Erichino, não fique bravo. -

- Ta brincando né? Ainda não consigo acreditar em tudo o que aconteceu esta noite. Ela que estava prestes a ser estuprada e você, vamos deixar isso pra lá. -

O que Sara fez? Então, onde está Bob? Mas espere, eu fui estuprada?

Meu telefone começa a tocar, um verdadeiro incômodo para minha dor de cabeça, atendo e vejo que é Mia.

- Quem é esse? —Sara me pergunta.

—É meu... —Respondo hesitante.

—É estranho que te liguem a essa hora. -

- Já. -

Tenho a sensação de que você também está envolvido na minha noite maluca. Estou prestes a responder quando ouço Eric dizer que está nos esperando na cozinha para tomar café e contar tudo. Aceno com a cabeça e pressiono o botão de atender.

— Olá Mia, bom dia, o que está acontecendo? É estranho receber sua ligação neste momento. -

Vejo Sara sair da cama e correr para o banheiro.

- O que aconteceu? Na realidade? Você me pergunta o que está acontecendo? — Mia grita em meu ouvido. - Você perdeu a cabeça? Esta é a milionésima ligação que faço para você. E você pode me dizer que isso é estranho? -

Estou chocado, sinto que Mia está muito preocupada e então sinto que preciso me desculpar.

— Me desculpe Mia, não ouvi o telefone, acabei de acordar e não olhei para o telefone. -

— Você receberá um milhão de ligações minhas e do meu irmão além de mensagens. -

Espere, como? De você e Jack

—E por que diabos? - Estou incrédulo.

“Não sei”, responde ele, “você deveria me contar, já que às duas da manhã você ligou chorando para meu irmão e desligou sem dizer uma palavra”.

Não. Isso não é verdade, eu acho, eu disse que estava atrasado, tudo volta à minha mente: a dança, o lago, o beijo, o telefone tocando. Sua voz rouca me perguntando onde eu estava e o cara do bar tentando me beijar.

Coloquei a mão na boca, estou em estado de choque e agora o que eu faço? Ouço a voz de Jack gritando com sua irmã se eu atender e se estou bem, ele também está completamente bravo. Eu gostaria de morrer agora mesmo pelo que fiz. Eu realmente não sei o que dizer para Mia, então, como covarde que sou, direi a ela o que puder. Digo a ele que bebi e que agora estou bem. Digo a ela que explicarei mais tarde, mas que tenho que ir agora e enquanto ela tenta me manter no telefone.

- Você não vai se apressar assim, senhorita -

Fecho o telefone e jogo-o na cama, longe de mim, como se fosse uma cobra pronta para me morder. Eu sei que Mia vai ficar com raiva, mas não posso dizer a ela que a ideia de conhecer o irmão dela no casamento dele me assustou tanto que estou agindo como um idiota.

Porque eu sou muito burro, me arrisquei muito, se o Eric não tivesse chegado não quero nem imaginar o que teria acontecido.

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