Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 3

Ele ficou em silêncio, parecia estar pensando sobre isso. Depois abriu a boca. -Porque você não conhece o Adrian. O internato não ajudou com seu caráter difícil.

-Engoli, enquanto James pisava no acelerador, o carro já estava a mais de cento e cinquenta quilômetros por hora. Não pensei muito sobre isso, senão teria entrado em pânico. -No sentido de que ele é muito cabeça quente", balancei a cabeça. -E quer me dizer que ele é pior que o Brian?

-Não. Ele nunca bateria em alguém, especialmente em uma mulher indefesa, sem motivo e sem razão para atacar outra pessoa. -Mas ele também mandou muitas pessoas para o hospital e algumas delas voltaram muito mal. Não apenas em competições... mas também em outras situações.

Minha garganta de repente ficou como o deserto do Saara. Eu já imaginava que Adrian não era um anjo, mas até aquele momento eu nunca teria acreditado nisso. -Então ele poderia ter me machucado se quisesse?

-Não. Ele não bate em mulheres e não bate em homens, e só bate se não tiver motivo para isso. -E esse é o problema, ele encontra desculpas em todo lugar.

Eu me inclinei para frente e me sentei. -Eu os vi brigando dentro de uma cabana, não muito longe do labirinto.

Ele acenou com a cabeça. -O velho celeiro, sim.

Mordi o lábio. -Eles me assustaram, pareciam duas feras furiosas.

-Meu irmão tem modos um tanto bárbaros. Eu prefiro machucar com palavras ou com cartas, papéis. Sou muito parecido com meu pai e ele com nossa mãe.

Vi meus polegares se entrelaçarem um com o outro. Minha mente vagou para minha antiga casa, para suas tábuas de madeira em desuso e para aquelas noites sem dormir que passei procurando meu pai entre campos, ruas e praças.

-Como era sua mãe?

-Furiosa. Apaixonada por muitas coisas, de pintura a escalada, de equitação a bricolagem. Tudo o que ela fazia, fazia com o coração. Carlos, de certa forma, é muito parecido com ela. Ele segurou o volante com força e depois o soltou. -Agora acabou. Ele passou dez anos em um colégio interno e isso o devastou.

-Você sabe o que aconteceu com ele?

-Sim e não. Ele tossiu. -Ele nunca nos contou sobre isso. As únicas pessoas que nos deram pistas foram os policiais, quando prenderam todo mundo. Coisas terríveis. Tudo tremeu. Coloquei minhas mãos no colo, sem saber por que Carlos havia passado todos aqueles anos trancado ali. Pegamos a estrada para a vila. Felizmente, passamos os últimos dez minutos fazendo piadas sujas. Não era tão ruim quanto eu pensava inicialmente, ele era uma boa companhia. Foi o suficiente para deixar de lado sua arrogância e prepotência. Saímos do veículo tremendo de tanto rir. Ele colocou uma mão atrás das minhas costas e me ajudou a subir as escadas, com lágrimas de alegria rolando pelas minhas bochechas vermelhas. -Eu não era tão engraçado com você.

Ele deu de ombros, mas seu sorriso desapareceu rapidamente. -Não se mexa." Ele se abaixou até o tornozelo e sacou uma arma. Fiquei atônito, não tinha percebido que ele tinha armas com ele. Sabe-se lá onde mais ele as escondeu. Sua cabeça se movia da esquerda para a direita, seus ouvidos apontavam para ruídos estranhos. Também notei alguns passos, pés pisoteando a folhagem dos jardins ao redor da vila. Quem quer que fosse, não estava prestando muita atenção para não ser ouvido. -Vá para casa, imediatamente." Ele disse essas palavras entre os dentes. Na porta, encontrei duas mulheres, na casa dos trinta anos. Elas usavam ternos pretos de vinil e botas na altura do joelho. Elas me deram as boas-vindas e permitiram que eu entrasse na sala com segurança. Olhei para elas com atenção e me lembrei de tê-las visto ao lado de James mais de uma vez. -São amigos do James?

Eles acenaram com a cabeça, levantaram as mãos e só então notei as facas que seguravam entre os dedos. Arfei e um deles ordenou que eu ficasse em silêncio. -Alguém invadiu as fronteiras além da floresta, há vinte minutos o alarme disparou. Estávamos esperando James ir para a cama e Timothy nos chamou com um olhar aterrorizado no rosto.

Engoli, era muita informação de uma vez só. Meu cérebro não conseguia processar tanta coisa. Então Carlos apareceu da escada, com um roupão aberto na frente e uma calça de seda vermelha escura. Ele prendeu o cabelo em um coque rápido e saiu correndo. Sem camisa.

Eu me afastei das duas mulheres para me aproximar da porta e ouvir o que os dois irmãos estavam dizendo um ao outro. Vi que eles estavam acompanhados de outros homens e mulheres armados até os dentes. Eles usavam fones de ouvido escuros e alguns carregavam walkie-talkies. Eles eram muito organizados.

-Não acho que seja o Toy. Brian é estúpido, ele poderia ter agido sozinho, sem ouvir o pai primeiro", comentou o irmão mais velho, coçando a nuca. Adrian assentiu com a cabeça. -Eu disse ao nosso pai que as outras famílias estão ficando mais fortes e que precisamos fechar as apostas o mais rápido possível. Vendo o quão fracos nos tornamos, eles vão querer nossas cabeças em suas mesas.

James bufou. -Que trágico você é.

-Eu sou objetivo. Mais algumas semanas e eles terão tomado a vila também. -Eles já atravessaram a floresta. O próximo passo é nossa casa.

Eu ofeguei. -Por que você chegou tão tarde?", acrescentou o garoto de cabelos escuros.

James sorriu de forma ambígua, parecia feliz. -Eu trouxe a Apple de volta.

-Ah, sim? Você parece feliz.

O homem deu de ombros. -Afinal, ela é legal. E bem.

Adrian tensionou os músculos dos ombros, sem responder. Um homem correu para encontrá-lo; ele tinha notícias das sentinelas na floresta.

Eu não conseguia entender o que eles estavam dizendo e decidi voltar para as duas mulheres. Uma delas estava girando a faca entre dois dedos. -Mas estamos seguros aqui?

Elas se olharam nos olhos. -Depende.

-Depende do quê?

suspirou o mais alto. -Depende de quantos homens e mulheres nos atacarem, não há muitos de nós aqui na aldeia.

Interveio o outro, mais baixo. -William deveria chamar reforços.

Sua amiga baixou a cabeça. -Ele nunca vai fazer isso.

James e Carlos voltaram. Eles vieram em nossa direção, com passos determinados e pesados. As tatuagens de Carlos pareciam ganhar vida, iluminadas por aqueles candelabros antigos que balançavam acima de nossas cabeças. Seus olhos pousaram em mim por um momento. -Ele falou em uma voz profunda. -Proteja-a. Se eles quiserem procurar uma vítima, com certeza a levarão. É por isso que temos que protegê-la", o irmão mais velho colocou a mão em meu ombro. -Não se preocupe, somos bons nessas coisas.

Engoli a bile amarga, eu tinha que confiar. Eu ainda não entendia a situação e temia ter que contar apenas com essas duas mulheres desconhecidas para tentar permanecer vivo.

-Meninas, também pode ser um alarme falso. Mas vocês estão sempre alertas.

Elas assentiram com a cabeça, levantando suas adagas de prata. Elas me tiraram de debaixo de seus braços e me carregaram em direção ao meu quarto. Olhei para trás e vi, por um instante, os olhos de Carlos me seguindo. Virei-me e suspirei. Assim que entraram no quarto, ambos fecharam a porta. Puxaram as cortinas da janela e se sentaram na cama. Uma delas tirou o vestido de vinil e ficou só de calcinha. Pena que o sutiã e a calcinha eram extremamente transparentes e dava para ver tudo o que havia de bom. Mas esse vestido me mata", ela riu.

Balancei a cabeça e sussurrei "sem problemas". Concentrei-me em suas roupas, muito particulares e muito finas para ficar em casa. -Por que você usa coisas tão desconfortáveis?", apontei para meus sapatos.

-Faz parte de nosso código de vestimenta. Tanto nós quanto nosso Dominador gostamos disso.

Abri bem os olhos. -Seu Dominador seria o James?

Eles soltaram uma risada curta e divertida. -Claro!

-De... nós dois?

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.