Capítulo 7
Imediatamente vi um pequeno grupo de meninas e meninos na frente da sala.
Alexis e Blake estavam conversando, Harley e Andreas se socando e rindo, como duas crianças, enquanto a porta do quarto estava aberta e Rosie estava parada na porta.
O cabelo loiro claro de Rosie balançava para frente e para trás enquanto ela tentava usar os braços para tirar algo do quarto. Ou, melhor ainda, alguém.
- Thomas, acabe com essa bobagem e vamos embora. Nesse ritmo, chegaremos à aula mesmo depois de Harry. - Harley interveio, um garoto alto e musculoso, de pele bronzeada e cachos loiros escuros.
Rosie continuou a puxar Thomas pela gravata do uniforme, sem sequer conseguir apertar-lhe o colarinho. Ele estava se divertindo muito porque tinha a situação sob controle.
- Ah, isso seria uma grande conquista! - ele zombou.
Claro, Thomas não estava usando uniforme. Rosie deve tê-lo encontrado e, não conseguindo fazê-lo colocá-lo, recorreu à gravata para forçá-lo.
Jake parou ao meu lado e sorriu divertido com a cena.
Talvez não fosse uma boa idéia deixá-lo assistir ao pequeno programa: eu não queria me encontrar na situação de Rosie num futuro muito próximo.
- Vamos? - Disse-lhe.
Ele me lançou um olhar estranho, já que nem Alexis nem Blake pareciam estar com pressa, mas decidiram me seguir sem fazer perguntas.
Pela primeira vez, ele ouviu o bom senso.
Na sala de literatura encontrei Julie Ravecraft com Ethan Hyde, Cate White com Kyle Grayson, Meg com Arthur Lane e Emily Finn com John Cuppet já sentados.
Não há sinal de Tessa e Sandy Weston.
O professor era um homem baixo, de bigode grosso e escuro, careca, de óculos redondos e jaqueta verde oliva. Sua voz profunda ecoou pela sala e nem eu, com a maior atenção, consegui entender perfeitamente o que ele dizia.
Jake aproveitou uma confusão geral, acentuada pelo barulho que Alexis, Blake, Harley, Andreas, Rosie e Thomas fizeram ao entrar, para tirar o celular do bolso e fazer uma brincadeira boba.
Dei um tapinha no braço dele duas vezes.
- Ele está falando de Thomas Hardy, preste atenção. - Eu o aconselhei.
- Sim, por que diabos eu me importo? Ele fala como um retardado com tumor na língua, nada se entende. - ele respondeu irritado.
- É mesmo necessário usar tantos palavrões?
- Essencial. - Ele me deu um sorriso idiota.
Eu teria dado um tapa na bochecha dele de bom grado, mas não podia atropelar os mesmos valores que estava tentando ensinar a ele, então ocupei minha mente planejando uma nova estratégia.
- Você pode me mostrar como jogar? - perguntei inocentemente.
Ele me lançou um olhar cauteloso.
Esperei, sem lhe dar razão para isso.
- Este é o nosso navio; Somos piratas e devemos atacar outros navios para saqueá-los. Quando encontramos armas ou comida nos dão cento e cinquenta pontos; Quando encontramos ouro e pedras preciosas, eles nos dão trezentos. - Ele explicou.
- Posso provar?
Ele me estudou por alguns momentos e depois me entregou o celular.
Agarrei-o e tranquei a tela, depois coloquei-o disfarçadamente na bolsa, do outro lado da cadeira.
- Depois da aula, prometo que vou tentar. - sussurrei, com um sorriso.
Ele cerrou a mandíbula e olhou para mim.
- Vadia.
Jake passou uma hora rabiscando em seu caderno, resistindo a todas as minhas tentativas de despertar seu interesse pela literatura.
Como poderia ficar entediado todo um campo de conhecimento repleto de história, encanto, cultura, tradições e sentimentos?
Consegui arrastá-lo para a sala de ciências e sua nova ocupação era rasgar o papel que ele havia rabiscado e fazer bolinhas com ele, que ele jogava para todo mundo.
Uma verdadeira batalha começou quando Thomas respondeu ao ataque e Ethan, Harley e Andreas também se juntaram, todos contra nós, meninas e Eric.
Eric era um garoto magrelo, mais baixo que Sandy, que estava hospedado no quarto dela, com cabelos negros e óculos enormes comparados ao rosto pequeno. Ele era o único que usava o uniforme.
-Jake, pare com isso. Veja o ciclo da água que a Srta. Fanning desenhou no quadro. - eu o repreendi.
Jake ignorou minhas instruções e continuou jogando bolas de papel para todos os lados.
Eu senti como se estivesse entre crianças de cinco anos.
Alexis, Blake e eu nos entreolhamos constantemente, com o coração partido.
Depois, duas horas de educação física nos aguardavam com o Sr. Pastrok, um homem grande, musculoso, careca e de olhos esbugalhados, que parecia assustador a quinze metros de distância.
Um general militar teria me dado mais tranquilidade.
Ele ordenou que todos usassem uniformes esportivos e ninguém ousou desobedecer.
Fomos buscar nossos uniformes: as meninas usavam short rosa, camiseta branca com nosso nome estampado em letras rosa, meias brancas que cobriam toda a panturrilha e sapatos brancos com cadarços rosa; As crianças usavam camisetas pretas, shorts brancos, sapatos e bandana.
Todos os homens começaram a rir quando aparecemos uniformizados.
- Vocês vieram procurar seu Ken, bonequinhos? Desculpe, mas você se enganou: esta não é a casa da Barbie! - Sr. Pastrok zombou.
Em suma, uma ótima recepção.
Meus amigos e eu nos entendíamos apenas com a força do olhar: que vergonha para a humanidade abrigar elementos tão grosseiros, desdenhosos e rudes no mundo!
- Vocês sabem jogar futebol, meninas? - perguntou o Sr. Pastrok, passado o momento de zombaria.
- Não. - Blake respondeu, com os dentes cerrados.
- "Não senhor." Repito, pequena Barbie viva. - respondeu a professora.
- Não senhor. - Blake repetiu friamente.
O Sr. Pastrok sorriu diabolicamente.
- Poderíamos... - ele olhou para todos de cima a baixo - ...Na verdade, melhor não. Você é muito magro para sobreviver. Hoje jogamos futebol.
Os meninos expressaram sua decepção com grunhidos e bufos.
- Pessoal, não os matem. Provavelmente são feitos de cerâmica. - acrescentou o Sr.
Com isso, ele foi pegar uma bola de futebol e nos levou para dentro do campo.
A grama verde havia sido cortada recentemente, os gols eram feitos de postes de ferro surrados e mal se viam as linhas divisórias das áreas do campo.
A perspectiva de jogar futebol naquele campo contra os meninos não era muito atraente.
- Meninas contra meninos? - propôs Harry Styles, com um sorriso.
Eu vi Tessa tremer.
Algo me disse que isso não seria uma boa ideia.
- Styles, você acha que é hora de perder tempo? Sozinhos, contra você, eles têm menos esperança do que um saco de lixo de se tornar uma bolsa Chanel. - respondeu o Sr. Pastrok.
Suas palavras foram claramente ofensivas, mas o ressentimento foi superado pela certeza de que não lutaríamos sozinhos contra os meninos.
- Posso formar equipes? - Thomas perguntou, olhando para Rosie.
Ela lançou-lhe um olhar feio e ele riu.
- Gosto da sua iniciativa, Jepherd. Você e os capitães de Towton, escolham um menino e uma menina alternativos. - instruiu a professora.
Tive a sensação de que Rosie e eu seríamos as primeiras meninas escolhidas.
-John. -Tomas começou.
-Atormentar. - Jake continuou.
-Harley.
- Você tem que escolher uma garota, idiota. - este último interveio.
- Oh. Achei que isso só se aplicava a Jake. - Tomás riu.
- Mova-se, idiota. -Jake respondeu.
Thomas olhou para Rosie, depois curvou os lábios em um amplo sorriso e foi sussurrar algo para Jake, que assentiu.
- Você, que falou antes. - Ele apontou para Blake.
- Meu nome é Blake. - ele esclareceu, rigidamente.
- Não importa. Tomas encolheu os ombros.
Era a hora de Jake decidir.
Ela olhou para mim e depois para todos os outros.
Ele me escolheu.
- Santo. - ele finalmente disse.
- Que merda de nome. -Harry comentou.
Eu dei a ele um olhar sujo.
- Não se ofenda, boneca, você não a escolheu. - ele zombou.
Intensifiquei meu olhar, furioso.
Como ousa me julgar com essa linguagem obscena em que só se pronunciam palavrões?
- Ela mesma teria escolhido, acredite, Haz. - Jake disse, entediado.
Eu ignorei.
Ele não merecia nem a menor das minhas atenções.
- Você não parece ofendido? - Jake perguntou, atordoado.
Você insistirá em negar-lhe qualquer atenção, pelo menos abertamente.
Ele escolheu Tessa, Julie, Cate, Alexis, Ethan, Kyle e Andreas. Éramos dez no total.
A outra equipe era formada por Thomas, Rosie (escolhida por último, talvez de propósito), Blake, Sandy, Meg, Emily, Harley, John, Arthur e Eric, que foi considerado o perdedor.
Perguntei-me como é que ele acabou numa instituição correcional disciplinar, por mais pequena e dócil que parecesse.