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⋘ CAPÍTULO TRÊS⋙ O que eu vou dizer?

Anthony Cooper.

Sinto alguém me balançar e lembrei do que aconteceu comigo e rapidamente abri os olhos assustado.

― Ei, calma, está tudo bem. ― Sinto uma mão em meu ombro e me virei vendo aquela mulher. 

Percebo que estou dentro de um carro. 

― O que? ― Ela deu um pequeno sorriso.

― Venha, vamos entrar para que eu possa cuidar desses seus machucados. ― Falou e lembrei do motivo de eu ter permitido ser puxado por ela.

Nem conseguia negar, o meu corpo estar doendo demais e a única coisa que eu quero é que isso passe. 

Ela me ajudou a descer do carro e vejo uma enorme casa na minha frente. 

― E-Eu não quero incomodar a senhora. ― Digo um pouco nervoso.

Tenho medo que algo possa acontecer e depois sobrar tudo para mim novamente, não estou afim de voltar para aquele lugar horrível. 

― Você não está me incomodado, eu quero lhe agradecer, venha, podemos conversar lá dentro com mais privacidade. 

Sou guiado para dentro da sua residencia e ela me puxou em direção ao sofá, me afasto não querendo me sentar.

― Qual é o problema? ― Perguntou sem entender o motivo de eu não me querer sentar.

― Eu estou todo sujo, não quero sujar seu sofá. ― Digo um pouco receoso. 

Ela suspirou.

― Eu não ligo pra isso, mas se você se sente incomodo, pode tomar um banho. Acho que tenho uma roupa antiga do meu pai no quarto, venha. 

Eu nem tinha voz pra falar, porque ela simplesmente me puxava sem dar ter tempo de eu dizer alguma coisa, eu me sinto um pouco desconfortável com toda essa situação, ela é a primeira pessoa que veio falar comigo e ainda por cima tentar me ajudar. 

― Aqui, esse é o quarto de hóspede, ali fica o banheiro, embaixo da pia tem um armário onde tem tolhas, fique a vontade, irei deixar as roupas em cima da cama e você me encontra na sala, tudo bem? ― Encarei ela bastante surpreso com isso. 

― Porque está me ajudando? ― Perguntei sem entender. 

― E porque não ajudaria? Você me ajudou sem pedi nada em troca, agora é a minha vez de retribuir esse favor. 

Não consigo dizer nada sobre esse argumento. 

― Enfim, vá tomar banho, irei trazer alguma roupas para você. ― Ela foi embora me deixando no quarto sozinho.

Entrei desconfiado, não confio que uma pessoa iria me ajudar de tão boa vontade assim, será que ela sabe que eu fui preso e estar tentando alguma coisa?  Soltei um suspiro e fui andando lentamente para o banheiro, abri a porta e fiquei bastante surpreso ao ver o tamanho, é bem bonito e organizado.

― Que cheirinho bom. 

Fechei a porta atrás de mim, aproximei da pia e vejo o meu reflexo. 

― Eu estou tão acabado.

Estou com barba grande e cabelo muito grande também, estou fedendo demais, como ela conseguiu ficar tão perto de mim assim? 

Tirei as minhas velhas roupas e entrei dentro do box ligando o chuveiro, soltei um suspiro de alívio por ter água caindo sobre o meu corpo, a dor que antes sentia pelo corpo foi embora, isso é tão confortante .

Ah, como eu senti falta de tomar um banho assim. 

Vejo um sabonete fechado e peguei abrindo, comecei a ensaboar o meu corpo tirando toda a sujeira, peguei um shampoo também fechado e lavei os meus cabelos que estão bastante sujos. ― Não sei por quanto tempo eu fiquei aqui dentro desse banheiro, mas se vai ser o meu último banho, tenho que aproveitar.

Saí do box pisando no tapete e fui até a pia pegando a toalha, enrolei em volta da minha cintura e observei a minha aparência um pouco limpa. Vejo uma tesoura e peguei com receio por estar usando as coisas dela sem pedi permissão, resolvi pegar e cortei a minha barba deixando curta, vi um barbeador fechado e abri, fiz a minha barba e vi o novo resultado. 

― Nossa. ― Estou surpreso com a minha aparência. 

Limpei a pia e vejo se não deixei tudo bagunçado, assim que vejo que estar tudo em ordem, saio do banheiro vendo uma roupa em cima da cama, me aproximei e vi que é uma calça social preta, uma camisa cinza, em cima da roupa tem uma cueca vermelha. 

Realmente posso usar isso?

Peguei a cueca e vestir vendo que ficou bom em mim, visto as roupas e voltei para o banheiro pra deixar a toalha em pendurada pra secar. ― Saí do quarto caminhando pelo corredor com muito medo, medo que assim que eu chegue na sala de estar, tenha policiais pra me prender novamente.

Vai ela me acuse de ter invadido a sua casa, não confio mais em seres humanos, mesmo sabendo que tem pessoas boas nesse mundo, só que eu não consigo confiar. 

Notei que não tinha ninguém na sala de estar e isso bateu um alívio enorme. 

― Vejo que a roupa ficou boa em você. ― Me virei a encarando.

Ela ficou me encarando de um jeito tão... Não sei explicar esse olhar dela sobre mim, confesso que fiquei envergonhado com o seu olhar me analisando da cabeça aos pés. 

― Moça? ― Resolvi chamar a sua atenção.

Ela piscou algumas vezes e sorriu para mim.

― Me desculpe, acabei me distraindo um pouco. Venha, eu fiz panquecas para você e um copo de suco. 

Segui ela até uma sala bem limpa e organizada. 

― Fique a vontade para sentar onde quiser. ― Falou gentilmente.

Assim fiz. 

― Aqui. ― Ela colocou um prato com cinco panquecas na minha frente e um copo grande de suco. ― Não precisa ficar desconfortável, pode comer quantas quiser, eu não vou reclamar.

Somente em olhar para essas panquecas a minha boca encheu de água, comecei a comer de um modo desesperado, porque essa pode ser a última vez que eu vou comer alguma coisa.  

― Calma, coma devagar, a comida não vai fugir. ― Falou com um pequeno sorriso. 

― Me desculpe. ― Ela negou com a cabeça. 

― Eu entendo a sua preocupação, mas quero que coma devagar pra não acabar se engasgando. ― Concordei com a cabeça em um sim e voltei a comer um pouco devagar. ― Bom. 

Tomei um pouco do suco de laranja e a minha barriga gritava feliz por ter algo dentro dela. 

― Como se chama? ― Perguntou suavemente. 

―  Anthony Cooper. ― Respondi e ela sorriu.

― Prazer Anthony, me chamo Hilary Carter. ― Arregalei os olhos surpreso com isso.

― Ah... Você não é a empresária Hilary Carter? ― Ela riu de leve.

― Sim, isso mesmo. 

Puta merda, eu estou na casa da empresária mais famosa dos Estados Unidos. 

― E-Eu.. ― Ela fez um sinal com a mão fazendo eu parar de falar. 

― Não precisa ficar tão nervoso, Anthony. Eu não sou um bicho de sete cabeça, então fique tranquilo e relaxe. 

Concordei um pouco nervoso e voltei a comer sobre o olhar atento dela, percebi que seu olhar estava atento a cada movimento que eu fazia, isso me deixou muito nervoso. 

― Vamos conversar na sala. ― Falou quando eu terminei de comer. 

― Tudo bem. ― Falei um pouco rápido demais a fazendo rir.

― Não fique nervoso, nós só vamos conversar um pouco e se conhecer. 

Ela realmente não sabe que eu fui preso?

― Certo.

Levantei da cadeira e segui ela de volta para sala de estar. 

― Agora você pode se sentar no sofá. ― Apontou para o sofá ao meu lado.

Me sentei ainda com medo que eu possa sujar esse sofá de alguma forma, ela se sentou no outro sofá que é de frente pra mim. 

― Bom, porque não começamos com a sua idade, quantos anos tem? ― Perguntou bem gentil.

Ás vezes, gentileza vindo de alguém, não significa que a pessoa é boa. 

― Eu tenho trinta e oito anos. ― Ela concordou com a cabeça.

― Eu tenho trinta e dois anos.  

 Franzo a testa confuso por ela também estar me contando algo sobre si, parece que ela notou a minha confusão e riu.

― Eu não acho justo só eu saber sobre você, quero que também saiba sobre mim. 

Achei isso bastante nobre da parte dela. 

― Certo. ― Foi a única coisa que eu consegui responder.

― Você se sente confortável em me contar o motivo de você está nas ruas? ― Perguntou bem cautelosa. 

― Não, eu não me sinto confortável. ― Respondi sincero. 

― Tudo bem, eu não vou forçar a você me contar o motivo, estarei esperando que você possa confiar em mim ao ponto de contar. 

― Eu não entendi, como assim? ― A encaro sem entender.

Pra eu pode confiar nela, eu teria que estar perto dela. 

― Isso é bem simples, Anthony. Veja bem, eu estou precisando de uma secretária ou  de um secretário na minha empresa, eu vi que você é um homem gentil, me salvou sem pedi nada troca. Esse é o meu agradecimento, eu quero que você seja o meu novo secretário. 

Arregalei os olhos surpreso com isso. 

― S-S-Secretário? Você quer que eu trabalhe.....  Pra você? ― Questionei assustado com isso.

Ela vai querer um ex presidiário como secretário? 

― Então, o que me diz? 

O que eu vou dizer?

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