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Capítulo 3

— Estou atrapalhando? — A voz rouca do meu chefe ecoa pela sala e num gesto desesperado olho para ele e então sinto a moldura escorregar das minhas mãos, merda! Olho para baixo e suspiro de alívio ao perceber que ela caiu na cadeira do meu chefe, evitando que quebrasse. Apressadamente, deixo-a em seu lugar e me aproximo do meu chefe.

— Me desculpe, eu... — ele me interrompe, algo que não me surpreende, mas hoje agradeço a Deus por ter feito isso, porque não sei o que dizer.

— Não quero suas desculpas, o que você estava fazendo verificando minhas coisas? —Seu tom é áspero, mas não assustador, o que de alguma forma me deixa mais calma.

— Eu... fiquei curioso — as palavras saem da minha boca, e Olvero me olha sem demonstrar nenhuma emoção.

- Curioso? — Concordo com a cabeça, olhando nos olhos dele, que também olham nos meus.

— Sim, quero dizer, eu não fazia ideia que você tinha um irmão, e que ele trabalha aqui mesmo, e isso me deixou curioso sobre você — ele me olha como se tentasse decifrar algo em meus olhos.

— Como uma boa secretária deve saber do meu irmão e várias outras coisas que praticamente todo mundo sabe — diz ele num tom calmo, pela primeira vez não está tentando me intimidar, seu tom não é frio, arrogante ou áspero, ele fala como uma pessoa normal.

—O que todo mundo sabe, Sr. Olvero? A verdade ou o que você acredita para mostrar à imprensa? — Ele me olha surpreso mas logo volta à sua expressão rígida de sempre.

—E isso lhe interessa, Quintero? Você deveria fazer o seu trabalho e não tentar me desvendar, você pode acabar se apaixonando. Ele zomba de mim e eu reviro os olhos.

— Você tem razão — um pequeno sorriso se forma em seus lábios — Eu deveria fazer o meu trabalho — ele sorri, como se estivesse admirando minhas palavras. Suspiro tentando sair, mas ele segura meu braço. Pela primeira vez sinto seu toque, todo o meu corpo estremece automaticamente, me virando de uma forma inesperada. Com a pressão meu corpo entra em choque com o seu. Minha respiração está difícil e posso sentir sua respiração ofegante bem perto do meu ouvido, o que ele está fazendo?

Olvero inclina o pescoço, encostando os lábios em meu ouvido e com uma voz extremamente sedutora sussurra:

— Cuidado Quintero, você está seguindo por um caminho perigoso, talvez não consiga sair mais tarde — Não consigo entender suas palavras, não estou conscientemente conseguindo fazê-lo neste momento. Sinto meu corpo tremer, ele continua no mesmo lugar, a única coisa que ouço é sua respiração, tão rápida quanto a minha.

— Eu… eu preciso trabalhar — caramba, minha voz sai completamente fraca e vulnerável, além de gaguejar e não conseguir mover um único dedo.

— Nada te impede — faz uma pausa — Julie — com uma voz calma e sedutora Olvero pronuncia meu nome perto do meu ouvido, fecho os olhos para aproveitar ainda mais a sensação, não é comum ouvir meu nome saindo da sua boca.

Sem querer, acabo deixando escapar um gemido leve e curto.

Como esse homem pode ter tanto poder?! Estou ficando louco e o fato de nunca ter isso para mim é frustrante.

Respiro fundo e me recomponho, não posso continuar assim.

— Por favor, preciso trabalhar — Solto seus braços enormes e o vejo sorrir atrevidamente.

"Bom trabalho, Quintero", diz ele, sorrindo maliciosamente e eu balanço a cabeça, homem bipolar!

Terminei. Entro no banheiro e lavo o rosto, que calor! Eu me olho no grande espelho à minha frente e a única coisa que consigo pensar é no que aconteceu há poucos minutos, esse homem foi capaz de me deixar louca sem nem me tocar direito!

Jesus Cristo, quem é este homem?

Desde o episódio no escritório do meu chefe, não aconteceu muita coisa. Os looks, claro, continuam presentes e cada vez mais intensos. Sinto sempre os olhos de Olvero sobre mim e, inevitavelmente, também olho para ele sempre que posso.

É sexta-feira e o dia está calmo, estou na minha mesa olhando o celular. Eu sei que é inapropriado, mas quando não há trabalho a fazer, é chato ficar sentado aqui como um vegetal.

No mesmo momento que tenho esse pensamento, o elevador se abre revelando uma linda mulher, ela deve ter em torno de vinte e sete ou vinte e oito anos, alta, loira, magra, usando roupas de grife e óculos escuros. Porém, com uma cara grande e esnobe.

- Boa tarde, senhorita...? — Falo ao ver que ela ignora completamente minha presença, tentando entrar sem que eu anuncie ao senhor Olvero.

— Celine Torres — ela diz o próprio nome com orgulho e satisfação, deve ser alguém famoso, então pergunto a Anne quem ela é.

— Dona Torres, preciso avisar — ele me olha com desdém.

— Não preciso ser anunciada, sou noiva do Aaron — Está me pegando de surpresa, ele tem noiva?!

— Me desculpe, não sabia, mas o Sr. Olvero mandou que todos fossem anunciados — Celine revira os olhos com força e se aproxima de mim como se estivesse tentando me intimidar.

— Olha menina, sou praticamente a Sra. Olvero, então pare de ser tão atrevida ou você vai ficar sem emprego, se eu te disse que você não precisa me anunciar, então você não precisa fazer isso — ela diz com um tom frio e se vira saindo sem me deixar responder, suspiro.

Poucos minutos depois de entrar no quarto de Olvero, começaram a gritar gritos. Não consigo entender o que eles estão dizendo, mas os gritos são altos.

Depois de mais alguns minutos a porta se abre. Olvero aparece puxando a futura Sra. Olvero pelo braço. Sem olhar para mim, ele se dirige para o elevador,

Ele coloca a mulher dentro e quando começa a descer finalmente se vira para mim. Com a mandíbula cerrada, olhos escuros e punhos cerrados, ele me olha de forma intimidadora.

—Por que você não anunciou aquela mulher? - ele pergunta friamente.

— Me desculpe, eu queria, mas ela disse que era noiva dele e que não era necessário — ele continua com sua postura dura.

—Quem é seu chefe aqui? Ela? — Balanço a cabeça — Então, eu já disse, anuncie para todo mundo. “Se minha mãe aparecer aqui, anuncie como qualquer outra pessoa”, diz ele com autoridade, mas visivelmente mais calmo.

“Então precisaremos de segurança,” murmuro, esperando que ele não me ouça, mas pelo jeito que ele olha para mim, ele definitivamente ouviu.

— Quer dizer, senhor, não posso deixar ninguém esperando. El esfuerzo físico no es parte de mis deberes: él me mira y por primera vez lo veo poner los ojos en blanco, lo cual es de alguna manera divertido, un hombre como él, todo controlador, arrogante y frío, poner los ojos en blanco é divertido.

Ele franze a testa.

- Do que esta rindo? — abro bem os olhos. Estou rindo?! Merda.

“De nada.” Ele me olha desconfiado, mas não diz nada. Ele sai sem dizer mais nada e eu suspiro de alívio.

O resto do dia passou em paz, nenhuma outra futura Sra. Olvero apareceu ou algo parecido. Olvero esteve o tempo todo em seu escritório e eu no meu posto, ele saiu cedo e agora estou me preparando para voltar para casa.

Vejo o elevador aberto e fico surpreso com a presença de Sebastián.

- Olá Júlia!

— Ah, olá senhor Olvero — é estranho chamá-lo assim.

- O que é isso? Eu te disse, apenas me chame de Sebastian!

— Está tudo bem Sebastián, seu irmão já foi embora — informo com minha bolsa no ombro.

— Na verdade vim aqui conversar com você — Olho para ele surpresa — Alguns funcionários se encontram às sextas-feiras em um bar próximo, o que você acha de vir comigo?

- Eu não sei ...

— Não se preocupe, meu irmão não costuma vir — ele diz brincando e rimos.

— Não é por causa dele, eu... — mais uma vez ele me interrompe, acho que isso é um defeito de família.

— Vamos Julie, comemore seu primeiro mês aqui e conheça gente, você mora trancado aqui. Eu sei que Aaron explora você, aproveite o dia de hoje para se divertir, é sexta-feira e provavelmente você não tem nada melhor para fazer, ele está certo, eu aceno.

— Muito bem Sebastián, vamos — ele dá um grande sorriso e me dá espaço para seguir em frente.

No caminho para o bar, ligo para Anne para avisar que vou me atrasar, mas me arrependo quando ela fica perguntando com quem estou namorando e insinua que é Olvero, mas na verdade é, não o Olvero que eu gostaria. Isso mesmo, mas é um Olvero.

—O que você pensa tanto? — Deixo meus pensamentos ao ouvir a voz de Sebastián.

—Nada importante—Eu sorrio. Já estamos dentro do bar, é sofisticado e tem um número considerável de pessoas. Numa mesa distante reconheço alguns rostos: são funcionários da empresa!

- O que você gostaria de beber? — Sebastián pergunta quando nos sentamos à mesa com o pessoal. Alguns me olham com curiosidade e outros simplesmente me dizem boa noite.

"Vodka", respondo e ele sorri, indo pegar a bebida.

Todos conversam animadamente, bebem e dançam mesmo sentados, Sebastian volta alguns minutos depois e me oferece a bebida.

- Obrigado!

—Então, o que você acha da empresa? Do meu irmão? Do seu trabalho?

— Está tudo bem, a única coisa ruim é o seu irmão — rimos, já me sinto relaxado e talvez por isso digo essas palavras com tanta naturalidade.

- Porque é assim? —Pergunto depois de um tempo de silêncio. Sebastian me olha surpreso.

—Por que Olvero é assim? Frio e arrogante, você é tão diferente – ele sorri com o canto do olho.

— Aaron passou e continua passando por muita coisa, mas ele é um cara legal — Encolho os ombros e bebo um pouco da vodca do meu copo novamente.

— Você tem algum interesse nele? — Sua pergunta me faz engasgar com a bebida que ainda tentava engolir.

- Que? Claro que não, o Sr. Olvero é meu chefe, só isso! – embora no fundo eu desejasse que houvesse mais, estou ciente de que isso nunca poderá acontecer.

Sebastian e eu conversamos muito o resto da noite e descobri algumas coisas sobre ele. Ele é o mais novo, tem vinte e sete anos, três anos mais novo que Olvero.

Perguntei descaradamente a Sebastian sobre Celine e para minha surpresa ele me disse que ela não tem nada a ver com o irmão, mas que o pai dela está pressionando meu chefe para se casar com ela, motivos que ainda não consegui descobrir.

Sebastian me deixa no meu apartamento e agradeço gentilmente. Eu o vejo ir embora e entrar no carro. Por fim, suspiro e entro no prédio, desejando boa noite ao porteiro, que responde com um sorriso amigável.

Ao entrar em casa me deparo com Anne e um homem praticamente fazendo sexo no sofá, reviro os olhos e cruzo os braços olhando para os dois. Quando percebo que os dois não percebem minha presença, estão ocupados demais para isso, limpo a garganta de forma bem audível.

Os dois param o que estavam fazendo e olham para mim.

“Você disse que se atrasaria”, Anne explica se defendendo.

Eu não digo nada, dou uma última olhada nos dois e subo para o meu quarto. Não estou irritado, na verdade só um pouco. Para garantir uma boa convivência, Anne e eu criamos algumas regras, e uma delas é não haver homens ou situações constrangedoras na sala, porém, não é a primeira vez que

Anne revisa esta ou qualquer outra regra.

Depois de me livrar das roupas que me acompanharam o dia todo, enrolo meu corpo na minha toalha grande e macia. Prendo o cabelo em um coque solto, não tenho vontade de molhar.

Vou até o banheiro onde tomo um longo banho.

Algumas coisas passam pela minha cabeça e para minha surpresa, a pergunta de Sebastian é uma delas.

Você tem algum interesse nisso?

Ser? Eu tenho sentimentos por Olvero? Não posso negar que toda vez que ele me olha com aqueles olhos grandes e dominantes meu corpo estremece, quando sua voz forte diz meu nome sinto uma vontade intensa de tocá-lo.

Ah, Julie, pare com isso!

Saio do chuveiro e volto para o meu quarto para encontrar Anne sentada na minha cama.

—Você já demitiu o garoto? - pergunto em tom calmo.

— Juro que ele só está aqui porque pensei que você fosse gastar um pouco mais com Olvero — reviro os olhos.

— Já disse que não estava com Olvero — penso um pouco — Na verdade sim, mas com Sebastian — seus olhos abertos — Não pense bobagem, estávamos em um bar com gente da empresa!

—Você pode, Julie, dois Olveros ao mesmo tempo!

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