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Capítulo 5

Durante o intervalo, vou ao refeitório da escola para comer alguma coisa.

Consegui tirar algumas moedas da minha carteira e imediatamente saí correndo da sala de aula assim que ouvi o sinal.

Não costumo sair de casa sem primeiro colocar algo no estômago. Não aguento seis horas de aula sem comer alguma coisa antes. Neste momento comeria com gosto uns deliciosos crepes de Nutella, pena que nesta escola centenária e dilapidada já é muito se tiverem água e umas míseras sandes de presunto.

"Javier, o que você fez no seu rosto?" a voz do homem é irritante.

A professora de educação física me olha esperando minha resposta. Pena que não estou com vontade de conversar com outro professor, pelo menos não durante o recreio.

Estou com uma bola no olho. Você sabe, não é? Os riscos do comércio.- Sorrio falsamente.

Por sorte, outro aluno chama sua atenção e consigo fugir.

Percorro o Instagram em casa enquanto estou na fila, quando sinto alguém vindo em minha direção.

"Desculpe, cara!" exclama uma voz masculina.

Eu lancei um rápido olhar para o garoto na minha frente, sem prestar atenção nele. Eu aceno para ele para que ele saiba que está tudo bem.

Trago meu olhar de volta para o meu celular, mas sinto seu olhar em mim.

-Que se reencontram.- ele diz com um ar divertido.

Acho que não o conheço pela voz, então olho para ele para descobrir quem ele é, e a princípio não o reconheço, mas o sorriso que ele me dá e a junta machucada que vejo me fazem entender instantaneamente. A quem estou diante?

O disco homofóbico.

Ele tem cara de babaca. A expressão típica de quem se sente superior.

Quantas chances eu tinha de encontrá-lo na minha frente novamente? Muitos. Porque vivemos em uma cidade remota onde, se alguém está no seu pênis, não há como evitar.

“A escola também é aberta para bichas?”, ele insiste em usar esse termo.

Coloco o celular no bolso e olho em seus olhos.

-Aparentemente ele também está aberto a babacas.- Eu respondo a sua provocação.

-Pelo menos eu uso meu pau e não levo onde você gosta.- ele continua.

-Não estou com vontade de discutir, então evite quebrar minhas bolas e desapareça.-

-O que acontece? Você tem medo de outro olho roxo? - ele ri.

"É fácil descontar em alguém quando não está em plena posse de suas faculdades, certo?", brincou. -Ontem à noite eu estava bêbado, mas desta vez posso garantir que você ficaria pobre se tentasse me tocar.-

-E desde quando as mulheres tem essa força?-

- Homofóbico e até machista. Quem sabe por que não estou surpreso.-

O menino fica perigosamente perto de mim. Ele tem um olhar sério e talvez pense que está me assustando, mas a verdade é que ele parece ridículo.

-Um movimento é suficiente para te mandar ao chão.- Ele me ameaça.

"Uh, temos um macho alfa aqui!", exclamo.

O menino me empurra. Então eu reajo e o empurro de volta. Acaba contra uma garota que nos olha aborrecida.

O idiota vem até mim e tenta me dar um soco na cara, mas consigo evitar.

"Isso é tudo que você pode fazer?" Eu forço uma risada.

-Você queria, babaca!- Ele se joga contra mim colocando todas as suas forças, me fazendo parar contra a parede atrás de mim.

Sinto dor, mas finjo indiferença, enquanto o menino me dá um soco no estômago me fazendo tossir.

Não penso mais, me jogo em sua direção e o acerto.

Uma bagunça acontece. Os alunos ficam de lado para observar a cena, ninguém intervém, até que um professor recém-admitido percebe a situação e corre para nos dividir.

"Pessoal, parem!", ele exclama, mas nós o ignoramos.

Eles continuam batendo um no outro, até que a professora junto com a ajuda de outro menino nos separam.

-Vão ao diretor vocês dois!-

E assim me encontro na presidência por causa de um dos muitos idiotas que prefere viver no Paleolítico a abrir a cabeça e saber viver sem incomodar os outros.

Não é a primeira vez que brigo, e não é a primeira vez que encontro alguém só porque não aceita minha orientação sexual.

Estou cansado.

Cansado de viver em um mundo onde você é livre para fazer xixi na rua, mas não para andar de mãos dadas com a pessoa que ama.

Não se você não for do sexo oposto.

Não sou de gestos românticos. Não estou interessado em encontrar minha alma gêmea. Mas quero ficar livre para dançar com um cara bonitinho ou beijar quem eu quiser sem que ninguém se sinta no direito de me irritar.

A verdade é que este mundo está errado.

O diretor é um homem de 60 anos com cabelos brancos ralos e óculos de formato estranho.

-Se tem algo que eu não tolero é a violência. Vocês dois foram imprudentes e não posso deixá-los passar. Já providenciei para que liguem para seus pais, não posso deixar de suspender você por dois dias.-

-O único que deveria ser suspenso é aquele homofóbico!-

"Cale a boca!", ele gritou para mim.

"É melhor vocês terminarem, vocês dois." Você já recebeu uma suspensão, continue assim e serei obrigado a expulsá-lo.-

Fantástico.

Algo me diz que estou arriscando uma boa rejeição.

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