Capítulo 5
Ele sorriu para mim e voltou sua atenção para a comida. - Você se lembra das regras, não é? -
Suspirei. A mesma história novamente.
Mamãe, sentada ao lado dele, balançou a cabeça com uma expressão de conhecimento. Eu sabia que ele estava do meu lado, mas, infelizmente, ninguém poderia mudar a opinião de papai sobre suas regras.
- Pai", suspirei. - É só por um semestre. -
Meu pai olhou para mim e eu sabia quais seriam suas próximas palavras.
- Seis meses, Nevaeh. Isso não é pouco tempo", ele parecia quase ofendido e eu fiz o possível para não rir.
Mamãe não estava brincando quando me disse que papai queria arrancar os olhos por ter me deixado ir, mas ela sabia que eu estava louco para participar desse programa de intercâmbio.
- Tenho certeza de que ele aprenderá muito durante esse período participando de um dos cursos de tecnologia de negócios que ele está louco para fazer", minha mãe deu um tapinha no braço do meu pai, lembrando-o de que ele já havia aceitado. Então ela chamou minha atenção. Um pequeno sorriso apareceu em seus lábios.
- Exatamente - confirmei.
- Pelo que me lembro, chegamos a um acordo mútuo sobre os termos", lembrou-me papai.
"Certo", assenti, levando outro pedaço de cordeiro aos lábios. - Não beba. -
"Não beba", repetiu meu pai, cruzando os braços sobre o peito e parando de comer.
- Não há festas. -
- Sem festas - ele acenou com a cabeça, esperando que eu seguisse as regras impostas.
Levantei os olhos de meu prato. - Não ande sozinho à noite. -
- Muito bem - ele levantou o dedo indicador. - E não fale com estranhos na rua. -
Eu chacoalhava os pratos. - Não sou uma criança - meu tom era claramente de frustração.
Mamãe nos olhava divertida, com o queixo apoiado na mão. Eu estava balançando a cabeça em sinal de decepção.
Papai olhou para mim com uma expressão séria. - Você não é, mas há muitos criminosos por aí...
- OK, eu entendo - interrompi-o, não querendo ouvir seu longo e arrastado discurso sobre pessoas loucas na rua.
"Excelente", disse papai, apertando as pálpebras.
Eu conhecia aquele olhar. Eu ainda não havia dito a regra mais importante. - Não, pessoal. Eu entendi. -
- Não, meninos. Absolutamente não! - Papai repetiu minhas palavras com sua autoridade implacável.
Olhei para baixo e fiz beicinho, brincando com a carne no meu prato com o garfo. "Meu Deus, minha vida amorosa está condenada", murmurei baixinho. - Nunca encontrarei minha alma gêmea. -
"Sua alma gêmea não está na faculdade", disse-me papai, e quando olhei para ele, ele deu de ombros e voltou a comer.
"Você não é vidente", admiti.
Papai era contra a ida de meninos para a universidade e não me deixaria ficar na universidade a menos que o dormitório feminino fosse separado do masculino.
Ele sempre me dizia que um homem poderia entrar a qualquer momento, então decidiu comprar um apartamento, um dos mais bonitos da cidade, com segurança máxima.
Isso não é um desperdício de dinheiro? Estou convencido de que meu pai é louco.
- Como você sabe que não encontrarei minha alma gêmea na faculdade? - Eu o desafiei.
"É óbvio", meu pai falou claramente. - Ele não deixava você sair com ele, então você só o encontraria novamente depois de muitos anos. -
Meu queixo bateu no chão. - Anos? Quantos? Até que eu faça? - Quase tremi.
Papai assentiu e, dessa vez, foi mamãe quem suspirou. Eu sabia que essa conversa nunca teria fim.
Um beicinho curvou meus lábios enquanto eu me recostava na cadeira. "Vocês dois se conheceram no ensino médio", eu disse, afirmando um fato.
O silêncio tomou conta do ar e papai engoliu com força. Derrotado e afundado.
- É complicado...
- Max já está noivo e é apenas um ano mais velho do que eu", continuei a protestar, jogando minhas mãos para o alto.
Papai suspirou e virou-se para mamãe, como se estivesse pedindo que ela ficasse do lado dele e o ajudasse com seus argumentos. Mamãe apenas levantou uma sobrancelha.
Papai voltou sua atenção para mim. - Esse é um caso especial. Max é um verdadeiro cavalheiro - ele falou como se o sobrinho fosse a única exceção entre todos os homens do mundo. - Entretanto, Sienna também não pode namorar...
"Sienna está no limite de sua idade", gritei. - Você é pior que o tio Vaughn. -
Algumas pessoas dentro do restaurante viraram a cabeça em nossa direção por causa do tom da minha voz e eu pressionei a testa contra a mesa, envergonhada. A risada de papai me fez olhar para cima.
- Você está certo", ele sorriu com orgulho. - Sou pior do que ele. -
Cobri minha boca, cansado de discutir. Eu sabia que perderia. Eu obedeceria às regras que ele me impusesse até que tivesse que voltar para o Texas.
---
"Sentirei sua falta", disse minha mãe, abraçando-me com força. Eu sentiria falta de seu calor.
Ele apertou seu aperto de mão e beijou minha testa. Quando se afastou, pegou meu rosto com as mãos e olhou para mim com delicadeza.
"Você vai se divertir muito enquanto estiver aqui, querida", disse ele, como se pudesse sentir minhas preocupações. - Relaxe, divirta-se e faça novos amigos. Não se estresse demais", ela sussurrou para mim, embora algumas de suas instruções entrassem em conflito com as regras estabelecidas pelo papai. Ela realmente não se importava, ele só queria me ver feliz.
Suspiramos em uníssono e eu fiz o possível para não chorar. Era a primeira vez que eu vivia sozinha, sem eles.
Os braços de papai já estavam abertos quando me virei para ele. Ele me abraçou em um abraço que me fez lembrar de quando eu tinha cinco anos de idade.
Eu podia sentir o quanto não queria deixá-lo ir embora. Papai sempre foi legal comigo, mas eu sabia que, quando ele entrasse no carro, deixaria que seus sentimentos o dominassem. Eu não ficaria surpreso se mamãe tivesse que convencê-lo a desistir de sua escolha novamente no caminho para casa.
- Não se preocupe comigo", admiti, assim que eles saíram. Meu coração doeu muito com a tristeza em seus olhos.
Parecia surreal que papai tivesse permitido que eu morasse a quilômetros de distância deles, mas era hora de cortar o cordão umbilical. Seis meses era bem menos do que quatro anos de universidade.
- Não se esqueça da regra mais importante, certo? - papai perguntou e eu levantei as sobrancelhas.
A mais importante não é a das crianças?
Ele me examinou e então um pensamento surgiu em minha cabeça.
- Sempre atendo quando você me chama", sorri.