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Capítulo 2

Saí do banheiro e lavei bem as mãos, olhando para o meu reflexo no espelho. Arrumei meu cabelo, colocando as mechas atrás da orelha, revelando o brinco de borboleta que eu tanto amava. Um sorriso curvou meus lábios quando me lembrei do momento em que mamãe o deu para mim. Era um presente precioso e eu o teria guardado como se fosse meu tesouro.

Abri a porta e saí do banheiro. Enquanto caminhava pelo corredor, algo chamou minha atenção. Uma garota de vestido branco estava chorando em um canto escuro, enxugando as lágrimas.

Com uma expressão preocupada, preparei-me para me aproximar dela. Inclinei-me quando seu olhar se encontrou com o meu. Seus grandes olhos cor de avelã estavam molhados de lágrimas. A preocupação distorceu seu rosto.

"Ei", sussurrei, acariciando gentilmente seu ombro. - O que há de errado, meu amor? Por que está chorando? O que aconteceu? - Eu o examinei, imaginando se por acaso ele havia se perdido.

- Perdi as flores", sua voz tremeu, enquanto seus lábios se curvavam em um beicinho. - Se eu não as encontrar, não poderei caminhar até o altar com minhas irmãs. -

Olhei para ela: estava usando um vestidinho branco e uma coroa na cabeça. Ela devia ser uma das damas de honra e certamente devia fazer parte da família da noiva.

"Não se preocupe", assegurei-lhe, enxugando suas lágrimas. - Eu a ajudarei. Onde você acha que os deixou? -

Ela balançou a cabeça e começou a chorar novamente. - Eu não sei. Entrei em um quarto, mas não me lembro qual. Este lugar é muito grande. Mamãe está tentando procurá-los, mas ainda não voltou - ela tentou conter os soluços.

- Para onde você foi? Talvez eu possa encontrá-los. -

Ele apontou para uma sala à esquerda e eu assenti.

- Onde está sua mãe? -

Ele apontou para o outro lado do corredor.

- Está tudo bem, ouça-me, "Vai ficar tudo bem", sussurrei, tentando acalmá-la. - Agora volte para sua mãe, tenho certeza de que ela está procurando por você. Eu encontrarei as flores, está bem? -

A garota olhou para mim como se eu fosse seu super-herói. Ele acenou com a cabeça, com os olhos brilhando de esperança.

Fui em direção à sala que ele havia indicado, examinando todos os cantos do corredor na esperança de encontrar as pétalas que tanto desejava. Infelizmente, não encontrei nada.

Entrei na sala vazia e parei por um momento. Parecia uma sala de espera. Taças de champanhe meio vazias estavam colocadas na mesa de centro ao lado do sofá. Examinei a sala cuidadosamente, mas não encontrei nada.

Quando estava prestes a voltar para o corredor, notei outra porta, que estava ligeiramente entreaberta. Aproximei-me lentamente. Do outro lado, ouvi silêncio, e até mesmo a sala ao lado parecia vazia, embora a porta estivesse aberta, em comparação com a anterior.

Sem confiança, liguei. - Alô? Tem alguém aí? -

Não ouvi nada. Esperei alguns segundos e ainda nada. Eu sabia que não deveria ter feito isso, mas era uma emergência. Respirei fundo e abri a porta. O quarto estava vazio, tinha um guarda-roupa, uma cama e um sofá.

Era do mesmo tamanho que a anterior, só que com menos cadeiras e sofás. Meus olhos se demoraram em todos os cantos e recantos, certificando-me de examinar cuidadosamente todos os lugares possíveis. Mas meus esforços pareciam em vão e o desânimo começou a se instalar.

Olhei por cima dos parapeitos das janelas, esperando encontrar as flores encostadas na lateral da cama. Fui para trás da porta, examinando aquela área também, mas nada.

Enquanto caminhava em direção ao terraço que levava ao jardim do lado de fora do prédio, ouvi vozes.

- Então tudo termina assim? - perguntou um homem, evidentemente irritado.

Meus olhos se arregalaram de choque ao ver a noiva, vestida com seu vestido de noiva, conversando com esse homem na escuridão do jardim. Embora o local estivesse bastante escuro, exceto pelas luzes do terraço que o iluminavam vagamente, eu podia ver sua beleza. Olivia Stone é linda, mas sua expressão está longe de ser feliz.

- É isso que você realmente quer? - perguntou o homem novamente, parecendo falar com os dentes cerrados.

Ele era alto e, quando deu um passo em direção a ela, a luz iluminou seu belo rosto.

Mas não é o Mark.

É claro que Mark está na sala de recepção, disse a mim mesmo.

- Roman, por favor", a voz de Olivia tremeu. - Foi um erro. - Ela olhou para o homem à sua frente com olhos suplicantes, pedindo silenciosamente que ele parasse com seus avanços.

Roman cerrou a mandíbula. - Você não pode fazer isso", fiquei surpreso com a vulnerabilidade em sua voz. - Você não pode fazer isso conosco - ele cerrou os punhos nas laterais do corpo, como se estivesse tentando controlar a raiva. - Você acha que pode voltar para ele como se nada tivesse acontecido depois do que aconteceu? -

Olivia balançou a cabeça em sinal de derrota. "Sinto muito", ela rosnou. - Sinto muito pelo que aconteceu entre nós, mas não podemos mais fazer isso. - Ela engoliu, olhando para Roman com decepção. Respirou fundo. - Eu o amo - sua voz agora estava cheia de culpa. - Eu amo o Mark. -

Roman bufou, incapaz de conter sua expressão de dor. "Não, isso não é verdade", ele sibilou. - Se você o amasse, não o teria traído com o melhor amigo dele. Você está me dizendo que as coisas que aconteceram entre nós não são reais? Você vai ignorar o que aconteceu em Londres? -

Olivia começou a chorar baixinho, fazendo meu coração se partir. Não por ela, mas pelo homem que a esperava no altar. O mundo ao meu redor pareceu parar. O que está acontecendo?

Será que ele ouviu corretamente? Será que ele enganou Mark?

- Roman, - as lágrimas estavam escorrendo pelo seu rosto agora. - Ela estava estressada e solitária. Eu estava confuso. Eu cometi um erro, assim como você. O que fizemos foi horrível. -

Roman olhou para ela como se ela tivesse dito a coisa mais ridícula da face da Terra. Parecia que ele queria quebrar alguma coisa. -Vamos lá, Olivia. Isso não aconteceu apenas uma vez, você também sabe disso. - No tom de voz dela, era possível ouvir sua frustração, acompanhada de uma nota de perigo. - Eu vim até você. Você veio até mim. Você não pensou nessas coisas quando estava em meus braços, na porra da minha cama. -

Meu estômago se revirou com a sensação de desconforto que eu estava sentindo. Eu queria desaparecer daquele lugar instantaneamente, mas minhas pernas pareciam estar coladas ao chão enquanto o choque consumia meu interior. Eu me senti paralisado.

Saia daqui agora, Natalia. Você não deveria ver ou ouvir uma conversa tão particular. Fuja. Fuja.

- Você disse que amava Mark? - Roman bufou novamente. - Isso é bobagem. -

As lágrimas de Olivia encharcaram seu vestido e escorreram pelo queixo.

- Por favor, não faça isso, Roman. Por favor", ela soluçou, e eu nem sabia por qual homem ela estava chorando. Mas suas palavras seguintes me deram mais uma confirmação: eu amo Mark e cometi um erro. Eu estava em uma situação ruim e não tive forças para aceitar que ele não estava ao meu lado. Meu coração sempre pertenceu a ele. Ele é o homem com quem quero passar o resto de minha vida. É com ele que quero me casar. Por favor... Você... - Ela soluçou. - Você deve esquecer o que aconteceu entre nós. -

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