Capítulo 08
Saio junto com Bruno, e assim que chego lá fora, fico uns vinte minutos conversando com ele e o conhecendo melhor. Descubro que ele é o mais velho de três irmãos, tem sua própria loja de artigos esportivos e é solteiro, claro. Parece um homem incrível.
Quando já estou melhor, decidimos retornar para a pista. Dançamos juntos mais um pouco e trocamos alguns beijos até que Lipe vem ao meu encontro.
— Está melhor? — Faço que sim com a cabeça. — Já vou embora. Quer vir comigo ou vai ficar?
Eu não tenho certeza. Ir embora com ele e impedir que ele passe a noite com a ruiva ou ficar aqui na companhia de Bruno?, dentro da minha cabeça eu me questiono. Por que tudo tem que ser tão complicado assim? Bruno é livre, bonito e simpático. Não seria mais fácil me apaixonar por ele? Mas não. O coração só quer o que é mais difícil, só para me fazer sofrer.
(... Felipe ...)
Estou parado em frente a entrada da garagem de casa. Passei a tarde toda inquieto com o que aconteceu. Olho para o lado e vejo Ana, e fico sem fala ao perceber como está linda. Vou até ela e a cumprimento com um beijo no rosto. Estou tentando fazer as coisas voltarem a ser como eram antes.
— Você está muito linda, vai chamar muita atenção essa noite — comento.
— Assim espero.
Sua resposta me irrita profundamente, pois sei que infelizmente todos os homens irão babar por ela. Eu já estou. E pela primeira vez em muito tempo, o caminho até a boate foi em silêncio. Quando entramos e vamos direto para a área vip, Bia a elogia e segura sua mão, fezendo-a girar. Não consigo desviar o olhar.
— Obrigada, amiga. Essa é a intenção. Eu sou uma mulher solteira e estou afim de aproveitar bem a noite.
Ela tem razão. É uma mulher solteira e livre. Tenho que colocar isso na minha cabeça. Quando seu olhar encontra o meu, me viro para o outro lado.
As duas vão para a pista e começam a dançar, e meus olhos acompanham cada movimento de seu belo corpo. E logo dois caras bem-afeiçoados se aproximam. Ana sorri para os rapazes, e o homem moreno nem consegue disfarçar o quanto está interessado nela. Cerro os punhos, tentando controlar o ciúme. Ela me olha rapidamente. Ana não é minha. Não tenho o direito de ficar enciumado. Olho em volta e vejo uma bela ruiva bebendo sozinha, e, mesmo sem estar com vontade de ficar com ninguém, vou até a mulher. Ficar sozinho passaria uma mensagem diferente a Ana.
Após alguns minutos de conversa e muitos elogios, ela já está na minha. Eu a beijo, mas não é ela que está na minha cabeça. Não consigo evitar olhar para Ana vez ou outra. Ela parece ter algo que me puxa. Poucos minutos depois, Bia vem até mim e se despede. Agora será somente Ana e eu.
A conversa com a garota está tão chata.
Vejo o rapaz se afastar e ir em direção ao banheiro. Ana se encosta na parede e fecha os olhos, e meu corpo entra em alerta. Quando os abre e olha para mim, sei que está precisando de ajuda. Me desvencilho dos braços da garota que nem lembro o nome e vou até ela.
— Onde está indo? — a garota pergunta, antes que eu possa me afastar.
— Uma pessoa importante precisa de mim. Já volto.
Ela cruza os braços, bufando, e eu a ignoro sem nenhum remorso. Quero chegar até Ana. Preciso chegar até ela.
— Ana, você está bem? — pergunto, deixando transparecer minha preocupação.
— Só estou precisando tomar um ar, não se preocupe.
Não me preocupar? Isso é totalmente impossível.
— Vem, eu te levo. — Seguro seu braço tentando levá-la para fora.
— Não precisa, não quero te atrapalhar. — Ela o puxa de volta, e tudo o que quero é pegá-la em meus braços e levá-la embora. — Você pode ir lá fora comigo, Bruno? — Olha por cima do meu ombro e percebo que o mané voltou.
— Claro! — responde ele, e mesmo sem ver, sei que está sorrindo.
Por que está me tratando assim, Ana? Ainda somos melhores amigos.
— Se precisar de mim, pode me chamar.
Ela balança a cabeça concordando.
Os dois saem juntos e eu volto até o bar.
— Quem é aquela? Sua ex?
— Minha melhor amiga.
— Parecia algo mais.
— Você quer ficar jogando conversar fora ou me beijar? — Seguro sua nuca e a trago para mais perto de mim. E por um longo tempo, ficamos nos pegando, no bar e na pista.
— Quer sair daqui e ir pra um lugar mais reservado? — ela pergunta.
Querer eu não quero, mas também não vou ser indelicado a esse ponto.
— Eu vim pra cá com minha amiga, e tudo depende da resposta dela. Vou lá perguntar se vai ficar com o cara essa noite. Se não retornar é porque ela quis ir pra casa. Mas tenho seu número, podemos sair outro dia. Me desculpa. — Dou um beijo em sua bochecha.
— Tudo bem, fazer o que?
Vou até Ana. Tudo dependerá de sua resposta.
— Está melhor? — Ela faz que sim com a cabeça. — Já vou embora, você quer ir comigo ou vai ficar?
Vamos comigo, Ana, por favor. Diz que vai volta comigo.