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Início Capítulo Um

Parte 1...

Antes...

 

Phoebe não pensava em outra coisa quando via Apolo.

Amor.

Na mitologia grega, Eros era a divindade responsável pelo amor e erotismo no mundo. Por meio dele e de suas flechas, o amor entre os deuses e os mortais se renovava constantemente.

A cada nova flecha atirada por ele, um coração batia apaixonadamente por outro coração no mundo.

Assim como Eros na mitologia, Apolo também era um deus, filho de Zeus e venerado como o deus do Sol, das artes, música, profecia e da ordem.

Para ela, Apolo representava tudo isso. Era seu próprio deus grego em toda sua perfeição e beleza.

Era incapaz de ver qualquer defeito nele, por menor que fosse. E não era só por ele ser muito bonito, mas por seu jeito de lhe dar atenção e dedicar tempo a ela, em conversas que poucas vezes ela o via ter com outras pessoas.

Isso lhe mostrava que ela era importante para ele.

Tinha entendido que sentia algo diferente por ele há pouco tempo, quando passou a observar detalhes que antes lhe escapavam.

No ano anterior seu pai lhe dera de presente um lindo diário para que escrevesse suas memórias do dia. Era um caderno pequeno, lindamente decorado com um fecho.

Ela logo começou a escrever. Colocava no papel todas as suas impressões do dia. E foi aí que ela percebeu que Apolo era muito mais do que um amigo para ela.

Ela não tinha experiência, mas sabia que ele tinha sentimentos por ela ou do contrário não revelaria seus sonhos e desejos.

Ela tinha apenas quinze anos quando se apaixonou perdidamente por Apolo, que tinha vinte e sete anos. Muito mais viajado e experiente sobre muitos assuntos.

Entretanto, apesar dessa diferença de idade entre eles, eram unidos de uma forma particular.

Suas famílias eram amigas de longa data e ele a vira nascer. Nenhum dos dois era nativo de Athenas. Ele nascera em Creta e ela em Mykonos, mas ambas as famílias se mudaram para Athenas.

Não obstante, ele sempre comentava sobre Creta, a maior das ilhas gregas e suas praias épicas de frente para o Mar Egeu com sua areia branquinha e suas águas cristalinas, convidativas ao mergulho.

Apolo gostava de lhe falar sobre algumas de suas aventuras na capital, Heraklion. Foi com ele que aprendeu sobre o domínio dos turcos e venezianos e de sua história e cultura, onde em apenas no ano de mil novecentos e treze, a cidade voltou a fazer parte da Grécia.

Ela ouvia encantada suas histórias engraçadas e até algumas de suas loucuras de adolescente pelas ruas da capital, contando sobre os museus, bares, igrejas e palácios que encantavam moradores e turistas.

Um de seus sonhos era fazer um passeio com ele por toda Heraklion e visitar os lugares que ele gostava.

Mas ela nunca chegou a realizar esse sonho.

Seus pais foram os primeiros a se mudar para Athenas, depois convenceram os pais dele a se mudar também, assim evitavam o vai e vem das viagens para negócios.

Ela não tinha recordação de Mykonos porque era muito pequena quando saíram de lá, mas estava em seus planos fazer uma viagem por uns quinze dias ou mais e se reconectar com o lugar de onde saíra.

Apolo lhe dizia que a levaria e que fariam caminhadas nas praias, nadariam no mar azul e ele lhe mostraria coisas únicas.

Ela também aguardou muito por esse momento, mas ele nunca chegou a acontecer.

— Phoebe, você está voando?

Ela olhou para o lado. Yane e Layla estavam paradas com cara de riso ao seu lado. As duas eram muito amigas e só andavam juntas. Yane era sua prima, filha única de seu tio Millos, irmão de sua mãe.

— Voando não, eu acho que ela está é concentrada em outra coisa - Layla disse rindo — E eu acho que sei o que é. Ou melhor, quem é - apontou para o outro lado.

Phoebe olhou para o outro lado. Realmente era onde estava sua atenção. Como sempre.

Ela tinha bebido pela primeira vez na vida. E muito. Tinha perdido a mão e já nem sabia mais o que tinha misturado.

Só sabia que não se sentia nada bem. Sua cabeça doía um pouco, tinha um gosto esquisito na boca e estava com calor.

Seus pais nunca a deixaram beber, nem mesmo apenas experimentar e agora ela tinha aproveitado todo o movimento da festa para tirar sua curiosidade, mas tinha passado do ponto.

E sua prima Yane juntamente com Layla, a tinham empurrado para mais bebidas que ela nem sabia do que eram feitas. Muitas delas fortes e seu estômago começava a reclamar disso.

Era tímida, gostava de falar com pessoas estranhas, mas sempre mais calma, aguardando que a pessoa desse início à conversa, só que agora, devido ao tanto de bebidas, estava mais solta.

E agora as duas estavam ali com copos nas mãos. O cheiro já estava ficando enjoativo para ela.

Passava de nove horas da noite e logo mais haveria uma anúncio importante, feito por Lara, a mãe de Apolo. Sua cabeça estava zonza e seu estômago embrulhado, pedindo que fosse para casa se deitar até passar sua tontura, mas ela não poderia sair antes de falar com ele de novo e passar um tempinho ao seu lado.

O dia tinha sido cheio de coisas e ela não tivera tempo de falar com Apolo. Quando ligou para ele, estava em uma reunião e não podia falar. Disse que a veria na festa, mas ainda não tinham se falado porque ele estava muito ocupado com outros convidados e sempre que pensava ter a chance de se aproximar, alguém aparecia e o levava.

E ela bebia mais. Escondida, é claro.

E toda vez que o via passar, o seguia com os olhos e seu coração disparava, aumentando seu calor. Era algo que ela não tinha controle e apenas ele fazia isso com ela.

Todas as vezes que ele estava por perto, estando sóbria ou bêbada como agora, seu corpo reagia e ela ficava perdida em sua aura de sensualidade e poder.

Apolo tinha todas as virtudes que ela admirava em um homem e se tinha defeitos, nunca deu importância a eles.

Ela nem sabia quando essa paixão havia nascido, só sabia que um dia foi reler seu diário e tudo o que havia escrito nele fazia menção a Apolo, diretamente.

Nem que fosse um simples pensamento, mas ele estava sempre presente. E ela nunca pensou em outro para substituir essa paixão, nem mesmo os rapazes que ficavam atrás dela.

Uma coisa que ela não gostava, mas tolerava, era quando ele a tratava como criança. Isso a chateava muito. Queria que a visse como uma mulher.

Ela ainda tinha só dezesseis anos, mas já sabia algumas coisas e uma delas era que ele era o homem de sua vida. O homem que ela queria como seu para sempre, até ficarem velhinhos, brincando com seus netos, com uma grande família.

Apolo era bem mais alto do que ela. Seu cabelo era de um preto brilhante, nariz fino e bem feito, a boca grande e lindos olhos cinza que a queimavam quando a encarava.

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