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Capitulo 6

Eduardo

Ela não vai sossegar enquanto não souber de tudo. Conheço bem a minha mãe. Suspiro fundo e decido me abrir com ela.

— Mãe, realmente a conheci e não posso me envolver com ela.

— Como assim, Eduardo? Essa menina não gostou de você?

— Acho que sim, mãe. Só que... só que... ela é minha aluna — confesso e tudo fica no mais completo silêncio. Chego a pensar que a minha mãe desligou.

— Nossa — por fim, diz.

— Pois é, mãe, ela é minha aluna — digo mais uma vez, querendo saber da opinião dela.

— Edu, quantos anos tem essa menina? — questiona, depois de ficar mais um tempo em silêncio.

— Quase dezoito anos — respondo. Caramba, esse silêncio todo me deixa nervoso.

O que será que minha mãe está pensando de mim?

— Filho, você está gostando dessa menina?

— Não sei, mãe. Só sei que eu nunca senti nada por nenhuma outra mulher do jeito que estou sentindo por ela.

— E ela, meu filho, o que sente por você?

— Acho que a mesma coisa, só que eu não posso nem sonhar em me envolver com ela.

Mais silêncio.

— Filho, dentro da escola, não. Mas fora de lá, sim.

— Vamos ver, mãe, eu vou com calma. E se isso for só coisa da minha cabeça?

— Que coisa da sua cabeça, meu filho? Ter se apaixonado por uma menina? — questiona, aumentando um pouco o tom de voz, indignada.

— Mãe, a senhora sempre vai ser a eterna casamenteira — comento, dando risada.

— Claro, meu filho, eu quero netos — afirma.

Conversamos por mais alguns minutos e desligo, prometendo que a manterei informada sobretudo. Meu celular toca e dessa vez é uma mensagem do Lucas me avisando que já está a caminho do shopping.

Desligo tudo, verifico a ração da Bolinha, fecho a minha casa e vou para o shopping. Ao chegar, ligo para Lucas e pergunto aonde ele se encontra.

— Caramba, Edu, você demorou — reclama ao me ver e vem até em mim, me cumprimentando.

— Nossa, calma, eu não demorei muito não.

— Onde você estava?

— Numa ligação com a minha mãe.

— E como ela está? — pergunta. Os dois se dão muito bem.

— Graça a Deus, muito bem — respondo, enquanto vamos caminhando em direção à praça de alimentação.

Escolho comida chinesa. Lucas, ao contrário de mim, sai em busca de um lanche gorduroso. Eu realmente não sei como ele mantém uma boa saúde. Procuramos uma mesa e ficamos conversando sobre tudo, contei sobre a escola e, é claro, sem contar sobre meu anjo.

Terminamos de almoçar e Lucas sugere pegarmos uma sessão de cinema. Estou distraído olhando os cartazes quando uma moça esbarra em mim.

—Perdão, moço — ela se desculpa sem me olhar. Essa voz faz com que os pelos do meu corpo se arrepiem. Olho e vejo a cabeleira ruiva..

— Não foi nada, Melissa — respondo. Assim que ouve a minha voz, levanta a cabeça e fica em choque ao ver que sou eu.

Espero que ela não esteja acompanhada de nenhum garoto.

— Oi, professor. — Depois de sair do transe, ela me cumprimenta, com a voz rouca, o que faz meu pau acordar na mesma hora.

— Professor não, Melissa. — Repreendo e percebo que ela não entendeu. E resolvo esclarecer por que não quero que ela me chame de professor. — Aqui não é a escola e você não é a minha aluna, somos duas pessoas normais, você não acha?

— Como então você quer que eu te chame? — pergunta, curiosa. E a minha vontade é de falar para ela me chamar de amor, de vida sei que é meio brega, mas com ela eu quero ser brega.

— Pode me chamar de Edu! E posso te chamar de Mel?

— Claro que sim — concorda, ainda sem jeito. Quando vou comentar que tinha mandado um convite para ela no Facebook, ouço alguém chamando e vejo que é a Gabriela.

— Oi, professor. — Cumprimenta, surpresa e meio sem graça talvez por encontrar o professor dela em um shopping.

— Olá, Gabriela, pode me chamar de Edu, aqui não é a escola — peço e ficamos em um silêncio incômodo. Penso em quebrar o clima estranho, mas Lucas me chama e, mesmo sem querer, acabo tendo que me despedir. — Meninas, tenho que ir. Até amanhã.

Na escola as salas de aulas são ambientadas, e só dou aula duas vezes por semana. Amanhã, que é sexta, terei duas aulas com a turma da Melissa, assim poderei ficar mais perto do meu anjo.

— Edu, você se perdeu? — Lucas questiona.

— Claro que não, estava te esperando. O que viu em cartaz? — Desconverso e fico ali observando que meu anjo e sua amiga estão indo para uma sessão de cinema.

— Edu, meu amigo, limpa a baba — provoca, tirando uma com a minha cara.

— Como assim?— pergunto, confuso.

— Você estava secando a menina que, por sinal, você estava muito bem à vontade com ela — comenta.

Então ele viu com quem eu estava conversando?

— Estava falando com a Melissa e a amiga dela — explico, meio a contra gosto.

— Então, quem são elas?

— Minhas alunas — Limito-me a dizer e dou o assunto por encerrado.

Não quero ficar falando sobre a Melissa e ainda não é o momento certo. Ainda. Desistimos do cinema e vamos à loja de CD e DVD, escolho alguns títulos e decidimos que não há mais o que fazer a não ser cada um ir para a sua casa. Nos despedimos com a promessa de marcarmos uma saída à noite. Entro no carro e dou partida, minha vontade é voltar para dentro desse lugar e procurar minha Mel, mas é melhor ir embora para não cair em tentação. Sendo assim, dirijo tranquilamente pelas ruas enquanto penso em minha garota.

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