Capítulo 14 O Inferno.
A aparição do homem causou um silêncio mortal no salão.
Raviel apertava os lábios como sempre, seu olhar se fixou em Andreia, que parecia estar sem saber o que fazer, e andou em sua direção a passos largos.
Do ponto de vista da multidão, todos achavam que ele tinha vindo à procura de Judite.
E eles se afastaram deixando o caminho livre. Judite se sentiu bem extasiada e endireitou o peito esperando pela sua chegada.
Mas ele parou diante de Andreia e disse:
- Srta. Andreia Hofmann, nos encontramos de novo.
Da última vez, Saymon não achou Andreia, mas soube pela enfermeira seu nome.
Vendo Raviel falando com Andreia, todos os presentes prenderam a respiração.
Essa mulher conhecia Raviel D’Angelo!
E essa mulher também era uma da família Hofmann!
Andreia estranhou que ele pudesse chama-la pelo sobrenome, mas se mostrou calma ao responder:
- Eu também não imaginava que poderia te encontrar aqui, seus...
Ela ia perguntar sobre o estado de seus ferimentos, mas ao receber dele um olhar de aviso, calou-se imediatamente.
Vendo sua esperteza, os olhos de Raviel deixaram escapar um sinal de admiração.
Ele tinha visto tudo no segundo andar, e não queria se meter nessa, mas quem mandou ele estar devendo um grande favor a ela?
Logo, ele girou nos calcanhares e se voltou para Hinata, protegendo o corpo fraco de Andreia atrás de seus ombros largos.
- Srta. Hinata, você disse que ela tinha roubado suas coisas, você tem provas disso? - disse ele a encarando com o olhar feroz.
Sua atitude exercia uma pressão invisível sobre eles.
Se fosse pedir por provas, todos presentes podiam provar que o colar fora tirado da bolsa de Andreia.
Mas ninguém tinha a coragem de se manifestar agora.
Afinal, Raviel era um cara com que eles não podiam mexer.
Raviel era o único herdeiro da família D’Angelo, e era o atual presidente do Grupo Barisque Royale.
Um homem que começou as batalhas no campo de negócios desde seus dezoito anos.
Era conhecido como o Inferno.
Se mexer com ele, nem vai saber como morreu.
Vendo que todos pareciam até com medo de respirar, Andreia soube que a identidade desse homem em sua frente era muito mais peculiar do que tinha imaginado.
Por isso ele foi embora do hospital sem falar nada, o cara com certeza nem ligava para seu pagamento insignificante.
- Eu tenho provas de que não fui eu. - disse Andreia saindo de trás dele.
Ela não tinha a chance de abrir a boca para se explicar com toda essa gente, que estavam a pressionando agora mesmo. Mas tendo esse homem a apoiando, ela podia provar sua inocência.
Sua declaração atraiu a atenção de todos.
Se não fosse pela presença de Raviel, provavelmente teriam pessoas que zombariam dela estar se defendendo em vão.
Ao ouvir suas palavras, Judite, que estava atrás da multidão, sentiu o coração dar um pulo. Ela achava que tinha sido um plano perfeito, e até o garçom que corrompera já tinha ido embora da mansão a essa hora.
Não é possível que Andreia tem provas!
Judite tentou se acalmar, mas o fato de Raviel e Andreia se conhecerem a deixou ficar com um profundo pavor.
Por que eles se conheciam?
Pensando nisso, ela quase desmaiou de nervosismo.
Mas não podia demonstrar por fora, ela não queria que ninguém duvidasse dela.
A confiança no tom de Andreia fez a suspeita no coração de Hinata se balançar.
- Como você vai provar?
- É muito fácil - disse Andreia sorrindo -, já que esse colar é tão precioso, então deveriam ser poucas pessoas que podem ter a chance de tocar nela. Que tal mandar para os exames e verificar se tem ou não minhas impressões digitais?
Andreia lançou um olhar significante na direção de Judite.
Ela suspeitava que deveria ter sido uma ideia impulsiva de Judite, então ela não deveria ter tomado precauções nas mãos.
E assim como Andreia esperava, o rosto de Judite perdeu a cor ao escutar isso, e seu olhar estava apavorado.