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A primeira data

"Devo dizer a ela que ela me enfeitiçou de corpo e alma, e eu a amo"

Jane Austen

Naquela tarde cheguei em casa do trabalho, tomei um banho demorado e relaxante. Peguei o ferro de alisamento, gostei mais liso do que ondulado como era originalmente. Escolhi o jeans pré-lavado, o top branco e a jaqueta de couro vermelha.Coloquei as botas pretas. A carteira preta e uma gargantilha preta com camafeu cercada por cristais pretos. Uns bons brincos, perfume, neste caso se sou requintada, adoro perfumes com aromas de madeira, nada a ver com cheros cítricos ou florais.

Katrina havia saído naquela tarde do ensino médio com sua avó Teresa, para a festa de um de seus irmãos por parte de pai. Eu estaria de volta no domingo, então eu só tinha que me cuidar. Peguei a carteira, pedi um Uber e cheguei ao restaurante onde nos encontraríamos. Já mencionei que sou excessivamente pontual?

Cheguei dez minutos antes do horário. Seria uma loucura entrar antes dele. Na frente havia uma livraria e aproveitei para conferir se havia algum livro de poesia que eu gostasse. Eu vi quando ele chegou e entrou. Então, atravessei a rua correndo e um minuto depois dele, entrei. Quando ele me viu, ele se levantou, olhando para mim impressionado. Achei que ficaria ruim. Aproximei-me da mesa. Ele puxou a cadeira e eu sentei e me deu um beijo na bochecha. Seus lábios eram tão macios quanto suas mãos.

–O que você gostaria de beber?

–Cerveja!– respondi.

Ele sorriu e gesticulou para o garçom. Ele pediu as duas cervejas e o menu.

–Você está linda como sempre!

–Obrigada!–eu respondi corando.

–Você estava quase lá antes de mim", disse ele sorrindo.

Eu sorri pensando "se eu soubesse"

– Costumo ser muito pontual e não gosto de fazer as pessoas esperarem, nem gosto de ter que esperar por alguém.

O garçom veio com as cervejas e dois copos. Ele serviu e foi embora. Ele pegou seu copo e eu peguei o meu.

–Saudações, para este primeiro encontro!–Ele disse com extrema emoção.

–Saúde!– eu disse enquanto nos brindamos com nossos copos.

Conversamos por muito tempo. Tudo, o trabalho dele, o meu, Carlos e suas loucuras, minha filha, os livros de Miguel Ruiz, Chopra, Jodorowsky. Boa conversa. Fui ao banheiro para retocar enquanto ele pedia o jantar. Era um restaurante chinês, então Sushi seria recomendado. Quando voltei ele estava me observando de longe, caminhei até nossa mesa, sentei e ele ficou me olhando.

–Você pode parar de olhar para mim?

–Não acredito. Mas eu tentarei.

–Eu não gosto de ser encarado!

–Vou tentar não fazer isso constantemente!— respondeu ele com sua voz calorosa.

Sua mão roçou a minha pela primeira vez, naquela noite; seus dedos entrelaçados com os meus, seu polegar acariciando minha mão suavemente, mas intensamente. Senti minha vagina se contorcer de novo e de novo.

Desde pequena eu tinha essa capacidade de contrair e relaxar-la,  quando e como eu queria. E por muito tempo acreditei que quando isso acontecia era algo que era perceptível. Eu não era muito especialista em questões relacionadas à sexualidade ou sexo. Eu nem sabia o que era um orgasmo. Fernando, o pai de Katrina, foi meu primeiro homem e se eu estive com ele três vezes foi muito.

Então, para mim, o sexo estava condicionado ao amor que eu sentia por aquela pessoa. Ainda penso assim, embora o que vivenciei com Miguel fosse novo para mim e revolucionaria todo o meu mundo.

Nós comemos, tomamos mais algumas cervejas. Já era quase meia-noite. Ele pedia o Uber, me levava e depois deixava na casa dele. Quando estávamos saindo, um menino entrou com um buquê de rosas para vender. Ele pegou um, o mais vermelho e bonito, e me deu.

Entramos no Uber, tive vontade de abraçá-lo, senti-lo, me entregar completamente àquele desejo desenfreado que vibrava dentro de mim.

No táxi, ele deu as instruções ao motorista. Por sorte, ele morava um pouco longe dali, meia hora ao seu lado, seria aquele tempo extra que os jogadores querem, em cada partida de futebol para conseguir um empate. Ele estendeu o braço atrás do meu pescoço, eu me inclinei contra seu peito. Eu podia ouvir seu batimento cardíaco forte e vibrante. Ele deitou a cabeça na minha.

Ele me abraçou tão forte que não pude deixar de levantar o rosto, olhar para ele e insinuar meus lábios sedentos de sua boca. Ele não esperou, o beijo, nossos lábios, nossas línguas se moviam com intensidade e veemência. Embora sentisse algum desconforto, presumi que fosse pela posição.

Chegamos à urbanização, como se aquele beijo nos transportasse de um lugar para outro, num piscar de olhos, literalmente falando. Tive que me despedir e sair do carro. Dei-lhe um beijo de roçar os lábios. Saí e entrei na urbanização.

Depois que eu estava dentro, da urbanização, eu senti vontade de voar, me senti excitada e ao mesmo tempo ansiosa para sentir mais do que suas mãos e lábios, o contato de nossos corpos. Procurei as chaves na carteira, como consegui abrir a porta, as cervejas fizeram efeito enquanto entrávamos no táxi. Ao longe Alicia me cumprimentou. Eu não queria ir lá, apenas levantei a mão e a cumprimentei.

Nada poderia quebrar o encanto daquela noite. Eu queria rever cada momento em minha memória. Consegui abrir a porta na terceira tentativa. Coloquei minha bolsa na mesa de centro da sala. Peguei um vaso, coloquei água e coloquei na prateleira onde tinha a estátua da Rosa Mística, "uma rosa por uma rosa" sussurrei.

Apaguei as luzes que tinha deixado acesas. Deitei na cama e embora o teto estivesse girando de cervejas, imaginei como uma visão mestra revivendo cada imagem do jantar: entrando no restaurante, ele segurando minha mão ele me dando a rosa, seu sorriso e ele, ele tem pernas grossas, suas nádegas bem torneadas e seu peito, eu e minha boca, nossos lábios, o beijo, as carícias, o desejo de sentir seu corpo. Eu estava adormecendo.

Quando acordei era de madrugada. Tirei minhas roupas, peguei minha carteira, peguei meu telefone. Havia algumas mensagens. Abri para verificar o chat. Um era de Alicia: "Isso, você estava andando." Você teve um encontro?

A outra era dele:

–Anne eu sei que você vai pensar o que é algo para dizer em breve, mas eu preciso te dizer que EU TE AMO! Foi realmente repentino e muito apressado dizer que ele me amava, mas eu não estava sentindo o mesmo, não estava morrendo de vontade de estar com ele? Sim! Eu quero amar e sentir. Eu desejo assim. Eu quero ser livre para amar.

Suas palavras me fazem sentir segura, como nunca estive antes. O amo. Sim, isso deve ser amor. Essa ligação entre ele e eu ultrapassa qualquer limite, qualquer ficção.

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