Chapter 5
Mal termino de tomar meu café e preciso sair às pressas, pois já estava quase atrasada para a faculdade.
Saio do elevador, andando entre os carros no estacionamento, quando meu celular começa a tocar e vejo ser o cara da outra noite.
- Pensei que não iria me atender – diz ele, assim que atendo, destrancando meu HB20.
- Por quê ligou? – Não tinha tempo para enrolação e as vezes precisava ser direta.
- Queria ouvir sua voz.
- Está ouvindo – Coloco o celular no viva-voz, em seguida o cinto de segurança e ligo o motor do carro.
Ele ri baixo.
- Gostei daquele beijo. Você beija bem pra cacete.
Queria dizer o mesmo, mas... tinha uma conduta que devia ser seguida.
- Bom saber.
- Quando vamos repetir?
- Foi pra isso que me encontrou em meio à tantas pessoas?
- Também.
Dirijo para fora do prédio, entrando em uma avenida.
- Também? Como assim?
- Vou fazer um churrasco na minha casa. Deveria aparecer.
Um churrasco.
Não estava habituada com o tipo de churrasco que ele deveria fazer. Quando queríamos comer churrasco, era só ir em uma churrascaria. Sem cheiro de fumaça, bebedeira ou algo do tipo.
- Sei não. Estou indo agora pra faculdade.
- Faz faculdade é?
- Medicina.
- Quer ser médica - Conclui o quê é bastante óbvio.
- Se eu sobreviver a todos os semestres, sim.
- Essa parada aí é difícil mesmo?
- Depende do que você acha difícil – Paro e um cruzamento, encarando um casal que passa na frente dos carros.
- Difícil é fazer um prédio – Ele ri do próprio comentário – Mas e aí, vai vir mermo?
- Eu já disse, não sei.
Ele faz uma breve pausa.
- Quero te ver.
Aquele quero te ver, abalou minhas estruturas. Tinha um certo fraco por homens que, conseguiam dizer o quê pensavam.
- Diz que vai vir, vai.
Eu tinha aula e não fazia ideia de quando sairia daquela tortura.
Mordo o lábio inferior.
- Se eu for, aviso.
- Vou esperar você ligar.
- Tá. Tudo bem – digo antes dele desligar, encerrando a conversa que conseguiu abalar meu interior.
Como todas as segundas-feiras, a faculdade não estava muito movimentava. Só ficava quando era semana de provas.
A maioria faltava, por causa do final de semana e achei que este seria o caso de Bianca, mas não foi bem isso.
Lá estava ela, sentada no fundo da sala, deitada sobre a bolsa.
- Achei que não iria vir hoje.
- Como se existisse essa alternativa na minha vida. Minha mãe depois que se separou, começou a pegar no meu pé – resmunga rouca – Me acordou as 6h da manhã hoje, abrindo janela, falando alto...Eu odeio aquela mulher.
- Gostou do meu presente? – pergunto tocando a corrente da medalhinha no meu pescoço.
- Simples.
- Minha mãe que me deu.
- Não pensei em outra pessoa – Dou de ombros. Meu pai não me dava presentes, era um fato, mas ela podia se mostrar surpresa pelo menos.
Me viro para ela, encostando o braço na cadeira.
- Você não faz ideia de quem me mandou mensagem no Instagram.
Bianca solta o ar dos pulmões, com a cabeça deitada sobre a bolsa e com os olhos fechados.
- Não faço mesmo.
- O cara que eu beijei por último.
Ela abre os olhos, me encarando.
- O que viu eu quase ser destroçada e não fez nada?
Nem tinha percebido se ele havia ficado até o final da briga ou não.
- Ele me chamou pra ir na casa dele. Vai ter um churrasco lá.
- Você nem conhece ele.
- Também não conhecíamos onde estávamos nos metendo ontem.
- Qual o nome dele? – Ela apoia os cotovelos sobre a mesa, erguendo a cabeça.
- No perfil dele está Gael.
Ela revira os olhos.
- E se o nome for falso?
- E se não for? – Ela pondera minha pergunta, semicerrando os olhos – Sei que como eu, quer ir.
Ela ergue uma sobrancelha.
- Você como ninguém, sabe como odeio segunda-feira e essa faculdade de merda.
Sorrio.
- É. Eu sei.
- Então, estamos esperando o quê?
Outra coisa que havia esquecido de mencionar, Bianca topava todos os rolês que surgiam. Não importava onde fosse, quem estivesse lá ou se conseguiríamos voltar para casa. Ela sempre topava.
Dito isso, mando uma mensagem para Gael, que não demora em responder, me dizendo que me esperaria aonde aconteceu o baile de ontem.
Minha memória mais uma vez, não ajudou e a memória de Bianca, por causa do álcool, também não cooperou.
- É por aqui mesmo? – pergunto quando já estamos alguns minutos em uma estrada de terra, cheia de buracos.
Bianca pressiona os lábios com força, o coque feito em seu cabelo frouxo e as bochechas vermelhas.
- Não lembro nem como cheguei em casa ontem, Marcela. Acha mesmo que tenho certeza se estamos no caminho certo?
- Vou ligar para o Gael – digo pegando meu celular.
- Isto. Liga para o desconhecido. Aí ele aproveita já estupra a gente e enterra nesse matagal – Olho para Bianca chocada. Seu humor ás vezes, era péssimo, e havia se tornado pior quando precisou conviver mais tempo com Cláudia.
- Gael – digo quando ele atende – Acho que a gente se perdeu.
- Onde vocês estão?
- Num matagal.
- Continue por este caminho, não faça nenhuma curva. No final da estrada, vira a direita, esquerda e ser novo direita.
Passo as instruções para Bianca após desligar, me mantendo atenta para ter certeza de que iria seguir as orientações à risca.
No final da última curva, finalmente vejo Gael, encostado em uma moto verde- limão.
- Vai lá. Vou ficar aqui – diz Bianca, quando para o carro a poucos passos dele.
Desço do carro, colocando um sorriso no rosto, a medida que me aproximava dele.
- Oi.
- E aí – Os olhos dele vão dos meus pés, até minha cabeça, olhando tudo com bastante atenção – Sua amiga tá bem? – Ele olha para Bianca arrumando o cabelo dentro do carro. Olho para ele sem entender – A coisa me pareceu feia ontem aqui.
- Ah. Ela está bem sim – Sorrio levemente – Só com uma puta de uma ressaca.
- Quem não tá, não é? – Assinto – Bora lá? Moro lá em cima – Ele aponta para um amontoado de casas no topo do morro.
- Vamos – digo hesitante, antes de girar meus calcanhares e voltar para o caro.
####Chapter 6
Como imaginei, Gael morava no topo do morro, ao lado de um matagal extenso.
Havia pelo menos uma dúzia de carros nos dois lados da rua, fora ás motos; Precisando Bianca, deixar o carro estacionado na outra rua.
Caminhamos lado a lado, conversando por olhar. Com certeza, assim como eu, ela não esperava que havia tantas pessoas.
A música alta em um funk de Mc Drika, balançava os vidros da janela e tremia o portão de ferro.
Algumas mulheres estavam num pequeno grupo na garagem, bebendo e dançando, enquanto conversavam. Fixando seus olhares em nós ao passar.
Paro na porta da sala, sentindo Bianca trombar em minhas costas, ao me deparar com mais de cinco pessoas se espremendo na sala. Além de algumas que vinha do fundo da casa.
Quatro caras sentados no sofá, se revezavam em cheirar pó. Um deles, tinha uma garota, parecendo ter minha idade, sentada em uma de suas pernas.
Assim como Gael, não era de se jogar fora. Possuía os olhos verdes mais bonitos que já vi em um negro.
A mulher em seu colo sustenta meu olhar, até eu decidir encontrar Gael, que já havia sumido de vista.
Bianca se mantém o mais perto de mim, ao voltarmos a andar, temendo que alguém ali a agarrasse.
- Vai passando e não fala com ninguém - Meu braço é segurado e só então que a voz masculina estava se referindo á mim.
Desvio o olhar da mão que segurava gentilmente, para um cara com um sorriso largo. Um sorriso familiar para mim, graças à noite anterior.
- Tá perdida por aqui? - Ele pergunta, dando uma tragada em um cigarro.
Olho ele com atenção, vestido em uma bermuda jeans e camiseta vinho. Lembrando com clareza da sensação de ter sua boca contra a minha.
- Você que parece perdido.
Ele balança a cabeça de um lado para o outro devagar, sem deixar de sorrir.
- Aqui não é meu território, mais é como se fosse.
Ergo um dos cantos da boca num leve sorriso, não entendendo sobre o quê estava falando.
- Qual é seu nome? - pergunto por cima da música.
- Marco - Responde soltando a fumaça do cigarro no ar - E o teu?
Inclino a cabeça para o lado, fazendo com que meu cabelo fosse todo para aquele lado.
- Marcela.
Ele assenti, dando mais tragada no cigarro.
Sinto uma mão na minha cintura, notando ao erguer a cabeça para cima, que se tratava de Gael.
Ele cumprimenta Marco com um aceno de cabeça, antes de me guiar em direção de um corredor algumas portas.
A cozinha parecia ser o único lugar da casa, que não tinha gente. Invés disso, estava uma bagunça.
Subindo uma escada não terminada na área de serviço, entramos na laje da casa, aonde era o centro do churrasco do Gael.
Havia mais pessoas lá, comendo e bebendo.
Gael se aproxima da churrasqueira, conversando com algumas pessoas próximas.
- Então é assim que é um churrasco na laje? - Bianca pergunta perto do meu ouvido.
- Estava esperando o quê?
Ela ri sarcástica.
- Eu nem sei o quê estava esperando, Marcela. Só vim por quê... - Ela respira fundo, fechando os olhos por alguns segundos - não queria ficar na faculdade.
- Poderia ter ido para a praia - digo observando as pessoas ali.
- É. Poderia. Mas não queria deixar minha melhor e única amiga vir para uma favela sozinha - Ela segura meu braço forçando um sorriso.
Gael volta, segurando dois pratos descartáveis com linguiça e outra carne, cortada em pedaços.
- Se quiser mais, só pegar - diz entregando meu prato.
- Obrigada.
Ele olha para Bianca, antes de se afastar de novo.
- Nossa, que cavalheiro - Bianca debocha, comendo um pedaço da linguiça - Hum. Pelo menos a linguiça é boa.
- Tem como você não ser tão debochada? - pergunto pegando um pedaço de carne - Foi legal chamar a gente.
- Vocês só se beijaram ontem e cara já quer quer transar com você.
- E se eu quiser também?
Ela me olha, semicerrando os olhos.
- Marcela, sua safada - diz sorrindo - Você quer transar com ele?
Sorrio.
- Por quê não? - Olhamos na direção de Gael ao mesmo tempo, tendo a visão de suas costas. A camiseta preta estava bem justa em seu corpo, principalmente nos braços fortes.
- É. Ele até que dá um gasto - Ela comenta, comendo um pedaço de carne.
Gael se afasta do casal que conversava, se aproximando de nós tomando uma cerveja que, me oferece assim que diminui o espaço entre nós.
Pego a cerveja tomando um bom gole.
- Eu não bebo nada? - Bianca pergunta para ele, atraindo sua atenção - Também quero uma cerveja.
Ele vai até o grande isopor no meio da laje, voltando com uma cerveja que mostrava estar mais do que gelada.
Bianca tenta abrir a latinha, sem conseguir, graças ás suas unhas compridas.
- Abre pra mi? - pede para Gael, que neste instante mexia no celular. Ele encara a latinha por alguns segundos, antes de a olhar e abrir a latinha com um único movimento.
Nossos olhares se encontram, lhe dou um sorriso safado disfarçado, recebendo em troca outro sorriso.
Gael indica com a cabeça o andar de baixo e em seguida olha para Bianca, distraída olhando para a vista que nos rodeava.
Assinto disfarçadamente, me inclinando na direção de Bianca.
- Vou no banheiro - Ela me olha no mesmo instante.
- Vou com você - Ah, não ia mesmo.
- Até no banheiro, Bianca? Sério?
Ela revira os olhos.
- Fazemos tudo juntas.
- Mas quero ir no banheiro sozinha - Olho para Gael - Aonde é o banheiro?
- Mostro pra você.
Olho para Bianca mais uma vez, antes de andar em direção da escada, tendo que me equilibrar nela, quando algumas pessoas vem na direção contrária.
Na cozinha, Gael segura minha mão, me puxando até o segundo quarto do lado direito. Trancando a porta antes de pressionar a boca contra a minha com desejo.
E que desejo. Parecia que iríamos pegar fogo a qualquer momento.
Ás mãos dele descem para minha bunda, apertando com vontade.
- Por quê veio de calça jeans? - questiona a poucos centímetros da minha boca.
- Vim da faculdade - Respondo beijando ele em seguida - Não deu tempo de trocar de roupa.
- Próxima vez venha de vestido. Saia... - Ele me beija por longos segundos incendiantes.
- Próxima? - pergunto o afastando um pouco, sem fôlego.
Os olhos dele vagam pelo meu rosto, um vestígio de sorriso em seus lábios.
- Não quer mais vir aqui?
Meus olhos vagam pelo quarto mobilhado. Não conseguiam ser igual aos movéis que tinha no meu quarto, mas conseguia chegar perto.
- Só é você me chamar.
- E eu vou.
Assinto, tendo seus lábios nos meus novamente. Gael me faz caminhar até a cama de costas, pressionando sua ereção contra mim, ao se colocar no meio das minhas pernas.
Envolvo sua cintura com ás minhas pernas, o mais forte que consigo, pressionando sua ereção com mais força contra minha vagina.
Gemo quando nossas línguas se enroscam, desejando não estar vestida.
Batidas fortes na porta tira completamente nossa atenção. Gael olha para a porta por cima do ombro.
- Quem é? - pergunta alto.
- Tem uma parada para resolver aqui, Gael - Gael revira os olhos, saindo de cima de mim. Levanto arrumando a roupa no meu corpo e o cabelo.
Gael abre a porta, se deparando com o cara de olhos verdes.
- Qual foi, Rubinho? Tava ocupado - Rubinho olha para mim, voltando a olhar para Gael, antes de se inclinar sobre ele e sussurrar alguma coisa. Gael solta o ar dos pulmões impaciente - Tá. Vamos - diz antes de passar por ele, sem ao menos me dizer se era para esperar ele ou não.
Bianca coloca a cabeça para dentro do quarto, os braços cruzados sobre o peito.
- Banheiro, não é, Marcela?
- Não começa, Bianca.
- Poderia ter dito que queria transar com ele.
Me aproximo a olhando indignada.
- Não sabia que tinha que avisar quando fosse transar ou não - Ela sustenta meu olhar, erguendo uma sobrancelha - Vamos embora - Passo por ela, roçando em seu ombro.
