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Capítulo 8

- Desculpe-me, estou procurando por Cielo e Oliver Anne. - Informei a recepção.

- Você tem que esperar, eles foram operados e vai demorar um pouco, o médico virá falar com você assim que ele terminar.

Aceno com a cabeça e me dirijo aos bancos de plástico, onde espero até que os pais de Cielo cheguem. Meus pais chegaram depois de uma hora e meia. Hans foi o último a chegar. O médico chegou depois e destruiu meu coração ao confirmar a dolorosa verdade.

Eles estão mortos! E não vão voltar.

Uma nova onda de choro tomou conta de mim, eu não conseguia controlar os soluços, era inevitável.

É uma mentira, tem que ser uma mentira.

- Aqui. - O homem da cafeteria me entregou um lenço, eu o peguei e assoei o nariz.

- Obrigado, senhor. - Mais uma vez, obrigado. - Você é amigo do Hans? - perguntei entre soluços.

- Não, sou guarda-costas. - Pensei em algo para dizer quando nossos pais saíram do elevador.

A Sra. Nataeloy foi a primeira a entender o que havia acontecido.

- Ela diz que é mentira. - perguntou ela a Hans em meio às lágrimas. - Meu Deus, não.

Meus pais tentaram ser fortes, por um curto período de tempo, mas as lágrimas já escorriam por seus rostos. Eu queria confortar os dois, mas não conseguia me mover, em vez disso, olhei para o vazio e chorei até não ter mais forças, até não ter mais lágrimas, até não ter mais nada.

- Ana, fale comigo. - Sua voz parecia tão distante que eu continuava olhando para ele. - Por favor, diga alguma coisa.

- Ele está em choque. - Eu não reconheci essa voz. - Vou lhe dar um tranquilizante para que ele possa dormir.

- Não, eu não quero tranquilizantes. - protestei, olhando para os olhos vermelhos de Hans. - Quero ver meu irmão.

Levantei-me e procurei por Hanna, que estava ao meu lado segundos antes.

- Sua mãe está com ela, não se preocupe. - Ela respondeu, percebendo meu pânico e desespero. - A polícia só vai liberar os corpos pela manhã, você deve ir para casa e descansar.

- Filha, vamos para casa. - Meu pai me convidou. - Você pode ficar conosco, Hans, se quiser.

- Hum, obrigado, mas eu tenho que ficar com eles. - Ele falou referindo-se aos pais amorosos e sorridentes que agora terminavam em lágrimas. - Eu o avisarei assim que eles forem liberados.

- Obrigado, Hans.

Ele me abraçou, tão apertado e aconchegante que tive vontade de chorar ao lembrar dos abraços de Oliver.

- Nós vamos superar isso, pela Hanna. - ele sussurrou em meu cabelo.

- Obrigado, Hans. - repeti, soltando o abraço e me aproximando do meu pai, que estava em frente ao elevador.

Descemos em silêncio e ficamos assim até chegarmos ao estacionamento.

- Mamãe, eu levo a Hanna, estou com a cadeirinha aqui. - expliquei, apontando para o meu carro.

- Claro, querida, vejo você em casa. - Ela disse, ajudando-me a colocar o bebê na outra cadeirinha.

Sorri fracamente para as duas e entrei no carro, coloquei o cinto de segurança e liguei o rádio para distrair a tristeza que se alojava em meu peito. A casa da Anne é uma pequena mansão de três andares, projetada pela própria Anne. Por dentro, é muito aconchegante, com lareira, piscina aquecida, academia e quadra de tênis. Passei muitas horas nessa quadra gastando energia e raiva acumulada. Sua fachada é branca e azul, tem até um jardim com rosas e petúnias.

Estacionei em frente à fonte em frente à casa, desci do carro e peguei Hanna e suas coisas. Adélia correu em minha direção no momento em que entrei na casa, aliviando o peso da bolsa do bebê.

- Sinto muito, Srta. Alicia. - Ela choramingou usando o apelido carinhoso que me deu quando cheguei a esta casa. - O menino Oliver..... - Ela não terminou, seus olhos se encheram de lágrimas.

Adelia é governanta desde que os Anne se casaram, antes disso ela era a babá da minha mãe. Ela sempre me tratou como uma neta, no começo eu fingia que não gostava da comida dela, mas acabamos nos tornando amigas.

- Vou subir para colocar a pequena no quarto dela, você pode fazer uma mamadeira e trazer para mim? - perguntei subindo as escadas.

- Sim, vou levá-la em um minuto.

O quarto de Hanna é um espaço rosa bonito e aconchegante, um berço ocupa o centro do quarto, vários ursinhos de pelúcia estão dispostos em prateleiras fixadas acima do guarda-roupa, uma cadeira de balanço está colocada ao lado do sofá-cama. Coloquei o pequeno pacote no colchão macio, cobri-o com um cobertor fofo, sentei no sofá e fiquei observando-o.

Como eu queria poupá-la disso, de passar pelo que eu havia passado. Pelo menos eu tinha o Ollie e ela só tem dois tios malucos e quatro avós maravilhosos.

Meu celular vibrou novamente, olhei para a tela e suspirei, é hora de contar a ela.

- Olá, meu amor. - Ian disse animado. - Tentei ligar para você mais cedo, mas você não atendeu.

- Algo ruim aconteceu. - murmurei friamente.

- Ana, você está bem? - Sua voz ficou estridente. - O que aconteceu?

- Não, não estou bem. - A dor em meu peito voltou com força total. - Oliver e Cielo estão mortos. - Falei sem rodeios, por que prolongar o inevitável?

- Como isso? Não estou entendendo.

- Eles foram assaltados ontem à noite, um cara viu tudo, disse que os dois não reagiram, mas os assaltantes se assustaram e deram três tiros neles. A bala atravessou o Oliver e atingiu o Cielo, nada foi roubado.

- Sinto muito, sei como você deve estar se sentindo. Onde você está? Quer que eu fique com você?

- Não, querida, obrigada. - Eu lhe agradeci, não o queria lá, não gosto de ser consolada e parecer fraca na frente dos outros. - Estou na casa dos meus pais com a Hanna.

- Ah, claro, me ligue assim que souber os detalhes do funeral. - Ela pediu sem insistir em ficar ao meu lado. - Eu quero estar lá.

- Sim, eu lhe aviso.

- Eu amo você. - Ele disse, encerrando a ligação.

- Aqui está a mamadeira do bebê. - Adelia entrou no quarto falando.

- Obrigada, Deli. - Eu não sabia como dizer seu nome corretamente quando cheguei, então o abreviei e comecei a chamá-la assim. - Eu a chamarei se precisar de alguma coisa.

Fiquei ali olhando para a mamadeira quente na minha mão direita, joguei meu celular na bolsa e me deitei no sofá, adormecendo em questão de minutos.

Quando acordei, o berço estava vazio e o desespero começou a tomar conta de mim. Olhei em volta e não a vi. Saí do quarto procurando por ela, parei no meio do corredor quando ouvi uma voz masculina falando com alguém, parecia vir do quarto de hóspedes. Abri a porta lentamente com o coração na mão, Hanna estava no meio da cama, rindo das cócegas em sua barriga.

- Hans, o que você está fazendo aqui? - perguntei irritada.

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