Capítulo 5
- Você quer a guarda conjunta ou a guarda total? - Perguntei à Tia sobre sua história.
- Totalmente, não quero que eles tenham contato com aquela mulher..... - Ele estava prestes a dizer um palavrão, mas se conteve.
- Entendo sua posição e garanto que farei tudo o que puder para garantir que os danos causados pelo divórcio não afetem seus filhos. - Eu lhe assegurei, fazendo pequenas anotações no bloco de notas. - Quantos anos eles têm?
- O Cody tem e a Sandy tem. - Seu olhar passou de irritado para caloroso e gentil. Seu amor por seus filhos era óbvio.
- Obrigado pelo seu tempo, se precisar de alguma coisa ou souber de algo em que eu possa ajudar, não hesite em me ligar. - Eu disse, levantando-me para acompanhá-lo até a porta.
- Pode ter certeza de que o farei. - E assim ele desapareceu pelo corredor.
No caminho para meu quarto, parei na porta de Ian e o observei por alguns minutos. Ele é tão gentil e sensível que às vezes penso que ele é demais para mim.
- Ana, meu amor. - Ele sorriu e fez um gesto para que eu entrasse. - Você está aí há muito tempo?
- Não, acabei de sair de uma longa conversa com Malcon Marconi. - Suspirei cansada. - Vai ser um processo difícil. - confidenciei.
Ian abraçou minha cintura e mordeu meu pescoço.
- Difícil é uma palavra que não faz parte do vocabulário de minha namorada astuta e perspicaz. - Ele disse com orgulho.
A sala de Ian é igual à de todos os outros advogados do escritório, uma mesa marrom ocupa o espaço perto da janela, ao lado dela há um enorme arquivo com relatórios de todos os casos que ele resolveu, em frente a ela há duas poltronas de couro marrom e, perto da porta, um pequeno balcão está estrategicamente posicionado com bebidas e copos para os negócios e acordos feitos naquela sala.
- Vamos jantar em seu apartamento ou no meu? - perguntou ele, fazendo com que um enorme sorriso dominasse seu rosto.
- Desculpe-me, querida, mas Cielo pediu para ficar com Hanna hoje. - eu disse, notando como o sorriso se desvaneceu. - É a primeira vez que eles saem sozinhos desde que chegaram. Se quiser, pode ficar conosco, depois que a Hanna dormir podemos ficar juntos. - Eu me ofereci, mas ele já havia perdido o interesse.
O jeito do Ian com a Hanna sempre foi estranho, talvez porque ele não soubesse como lidar com um bebê. O fato é que ele estava sempre ocupado quando havia um evento familiar na casa de Oliver e Cielo.
- Vou deixar isso, acabei de me lembrar que o Ted está vindo para a casa hoje. - Ele disse se afastando.
- Que bom, querida, faz tempo que vocês não se falam. - Ele sorriu e beijou minha mão.
- Preciso trabalhar agora. - Dando-lhe um beijo rápido nos lábios, saí do quarto e fui para o meu, que é exatamente igual ao dele.
Passei a tarde inteira me concentrando no caso Tiptton, um caso realmente confuso. Ambos acabarão me deixando louco. Fechando a pasta com os detalhes do caso, levantei-me e me estiquei, estava na hora de ir para casa.
A garagem estava estranhamente vazia para aquela hora do dia, caminhei até meu Volvo recém-adquirido, abri o alarme e entrei. Liguei o som para ouvir a bela voz de Sia tocando sua nova composição.
Meu apartamento fica bem perto da casa dos meus pais, que foram muito atenciosos e pacientes durante minha fase rebelde aos dezesseis anos, quando os acusei de não serem meus pais de sangue. A culpa me dominou e finalmente entendi que eles não precisavam ter adotado um casal de gêmeos, poderiam ter vivido suas vidas sem preocupações financeiras ou rebeldia adolescente. A partir de então, comecei a chamá-los de meus pais e a tratá-los como tal, eles são minha vida.
Vi o prédio de dez andares e rezei para não passar horas procurando uma vaga no estacionamento, felizmente hoje era o meu dia. Corri para o saguão e para o elevador para economizar tempo, pois só tinha trinta minutos para me arrumar.
Abri a porta de casa, deixei minha bolsa no sofá e tirei a roupa a caminho do banheiro. A ducha foi rápida, não precisei lavar o cabelo, então não demorou muito. Sequei meu corpo enquanto procurava roupas casuais em meu guarda-roupa. Encontrei alguns jeans desbotados e uma camiseta de algodão. Depois de vestir minhas roupas, peguei uma bolsa um pouco maior que a minha, coloquei produtos de higiene pessoal e pijamas para o caso de eu passar a noite.
Com tudo arrumado, levei minha mala para a sala de estar e peguei minha bolsa. Ainda bem que amanhã é sábado e eu não terei que trabalhar.
Entrei em meu Volvo e dirigi até o apartamento de Oliver e Cielo no centro de Chicago, chegando pontualmente às sete horas.
- Ana. - Oliver gritou de felicidade e me deu um grande abraço. - Estou com saudades de você.
- Eu também sinto sua falta, tenho trabalhado muito e não tenho tempo para mais nada. - Pedi desculpas e entrei em casa.
- Cielo está no quarto de Hanna.
Fui até lá e vi sua tentativa de fazer com que Hanna dissesse mamãe, mas ainda não funcionou.
- Talvez amanhã? - Ela sorriu para Hanna deitada no berço. - Aqui estão os números do médico, do restaurante e dos meus pais, ligue se acontecer alguma coisa. - Ele instruiu antes de sair com Oliver.
O sorriso deles quando saíram era tão bonito, um casal verdadeiramente amoroso.
Levei Hanna para a sala de estar e brincamos lá até ela dormir. Depois de colocá-la no berço, voltei para a sala de estar e dormi. Não sei dizer exatamente que horas eram quando fui acordado pelo toque do meu celular, mas me arrastei até onde estava e atendi.
- Olá, gostaria de falar com Alicia Anne. - A voz de um homem falou do outro lado da linha.
- É ela. - Respondi com um bocejo.
- Desculpe incomodá-lo a essa hora, mas aconteceu algo com Cielo e Oliver Anne. - Ele fez uma pausa. - Você os conhece?
Ouvi silenciosamente tudo o que ele disse sem demonstrar nenhuma reação, em um minuto eles estavam na porta sorrindo para mim e no outro eram apenas mais um número nas estatísticas de violência crescente.
- Eles estão sendo levados para o Centro Médico da Universidade de Chicago. - suspirou o homem que estava esperando que eu dissesse alguma coisa. - Senhorita, Alicia, ainda está aí?
- Sim, sim. - gaguejei em pânico. - Obrigada, vou para lá imediatamente.
Mas não foi isso que eu fiz, desliguei o celular e fiquei olhando para ele por um longo tempo até tomar uma decisão. Para quem ligar? Os pais de Cielo estavam na casa de campo e os meus estavam em Los Angeles fazendo uma feira de arquitetura. A única pessoa que poderia me dizer o que fazer estava a quilômetros de distância, mas eu teria que saber de qualquer forma.
Eu não tinha o número dele, então vasculhei as gavetas ao lado do telefone do casal e encontrei uma lista telefônica.
Quem usa isso hoje em dia? Não importa, disquei o número deles e esperei.
- Hans? - perguntei incerta depois que ele me ligou de volta.
- Sim - a resposta educada quase me fez desistir, mas eu não podia ser fraco.
- Er... é a Alicia. - expliquei. - Estou ligando porque...
- Ana, sinto sua falta. - Ela interrompeu meu discurso e depois fez uma de suas piadas. - Deixe-me adivinhar, você ligou porque queria ouvir minha voz?
- Não......- Minha voz tremeu. - Houve um assalto com Cielo e Oliver.