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6

Heloise narrando

Meu pai retorna para farmácia com cara de poucos amigos, ele entra para dentro de uma sala e eu vejo que ele começa a fazer muito barulho lá dentro, eu respiro fundo e fico ali mexendo no celular.

Eu confesso que já estava pensando em sair correndo de dentro do morro e por alguns segundos estava me perguntando o que eu tinha vindo fazer aqui, até porque eu e ele a gente nunca teve tanto contato, mas além dele eu tinha minha tia e minha prima aqui e na minha cabeça era muito melhor do que ficar sozinha perambulando no rio de janeiro e passando necessidade.

— O que o senhor está fazendo? – eu pergunto vendo ele tirar um monte de dinheiro do cofre – que dinheiro todo é esse?

— Cala boca – ele fala pegando uma arma e apontando para mim – garota insuportável que merda que você veio fazer nesse morro?

— O que o senhor acha que está fazendo?

— Eu que pergunto para você que merda você acha que está fazendo vindo no morro com esse papo que precisa de ajuda? Você nunca me procurou.

— Mentira – eu respondo – você disse para minha mãe que não era para eu te procurar nunca mais, que você me renegaria e mesmo assim eu mandava ajuda para você com o pouco que recebia e você aceitava.

— Aquelas esmolas? – ele pergunta rindo – quem precisa daquelas esmolas quando se tem tudo isso? – ele mostra a bolsa de dinheiro.

— Abaixa a arma pai – eu falo

— Não me chame de pai! Eu me recuso a ter que escutar você me chamando de pai – eu olho para ele incrédula com toda aquela situação e não conseguia acreditar no que ele estava me falando.

— O que o senhor vai fazer?

— Fugir, não está vendo?

— Porque?

— Porque todos querem me matar – ele grita – e eu não vou deixar que isso aconteca.

— Porque querem te matar? – eu pergunto

— Chega de tantas perguntas sua inútil, você é que nem a sua mãe uma inútil, a melhor coisa que aconteceu na minha vida foi quando ela foi embora e levou você sua pirralha dos infernos.

— Não fala da minha mãe dessa forma.

— Falo sim, sua mãe era uma vagabunda, uma vadia – ele fala com a arma na mão - e agora você me aparece aqui querendo um lugar para morar? Eu quero você vá para o inferno.

— Seu nojento – eu grito – você não vai fugir para lugar nenhum, você é um monstro, você é muito pior do que a minha mãe te dizia.

— Sua mãe te falou o quanto ela me traia? O quanto ela era uma vagabunda?Nem minha filha você deve ser.

— Cala boca, minha mãe era a melhor pessoa do mundo – ele solta uma gargalhada

— Sua mãe era uma piranha.

— Seu monstro, idiota -e u vou para cima de você – eu odeio você, ele me segura pelos braços e me joga no chão e eu fico zonza.

— Cala boca garota – ele fala e começa a jogar álcool – queima no inferno que é esse o seu destino.

— O que você vai fazer? – ele pega a mochila

Eu me levanto rápido e ele anda em direção a porta quando eu iria andar em direção a porta também, eu resbalo e caio, só consigo ver algo brilhoso e a porta se fechando, eu desmaio.

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