Capítulo 8
Mas agora tenho meu filho e sei que nunca mais estarei sozinho. Eu poderia ter ficado completamente desesperada quando descobri que estava grávida, sou jovem e tenho toda a vida pela frente, mas a garantia de ter alguém ao meu lado me deixou mais tranquila e pensei que estaria construindo minha família com Jasão. Bale está parado, refletindo sobre o que estávamos conversando. Ele deve estar xingando mentalmente meus pais, eu já fiz muito isso também, mas agora eu meio que os entendo, tem um ser se formando dentro de mim, perdê-lo seria o pior castigo da minha vida.- Ele era lindo - murmuro, nunca falo muito do meu irmão, são feridas que não gosto de tocar - queria ter o privilégio de vê-lo crescer.
- Você verá seu filho crescer, eu prometo - diz Guillermo apertando minha mão - Sempre fui filho único, gostaria de ter um irmão mais novo.
- Foi ótimo, tínhamos uma certa diferença de idade, mas foi ótimo mesmo - admito sorrindo, lembro perfeitamente do cheiro dele, do sorriso feliz e das piadas sem graça - se ele for um menino, espero que seja como o Colin.
- Estou ansioso pela consulta - confessa com certo constrangimento - sei que não é meu, mas não sei, estou ansioso para ouvir os batimentos cardíacos.
- Você vai criar, então parte disso será sua – digo cobrindo a boca com a mão, enquanto mastigo – é estranho ter uma pessoa se formando dentro de mim – às vezes dá medo.
Ele fica em silêncio novamente e eu aproveito para fazer outro pão, quando estou perto de Bale aqui não me sinto completamente deslocado, logo vou me acostumar com tudo. Suspiro, estou ficando cansada, gravidez tem dessas coisas, se eu me esforçar demais acabo ficando muito cansada. Bocejo, ainda tenho que subir todas as escadas antes de deitar na cama, o bom deles serem super ricos é que a cama do Guillermo é super, mega confortável.
- Está cansada? - aceno com a cabeça - vamos subir então - bocejo mais uma vez, balançando a cabeça - espere, vou te levar lá para cima.
Franzo a testa, Bale rapidamente guarda tudo e vem em minha direção, agarrando minha cintura com as duas mãos. Eu falei “ah”, eu sei o que ele vai fazer, ia reclamar, mas por causa do cansaço deixei o Guilherme me buscar. Descanso minha cabeça em seu peito, inalando seu perfume, é tão cheiroso, fecho os olhos e ouço ele cantarolando uma música em francês, mas ele fala francês fluentemente. Bale sobe o primeiro degrau da escada, então eu adormeço.
Guilherme Marco
Enrolo o cabelo de Fary em minha mão enquanto ela se inclina para frente, vomitando no vaso sanitário à sua frente. Tudo que ele comeu de manhã e no almoço está saindo, faço cara de nojo, mesmo ele vomitando quase todo dia, ainda não me acostumei. A morena tosse assim que termina, encosta os braços na parede e começa a chorar, tem vontade de abraçá-la, mas Fary tem cheiro de vômito, o que a deixa um pouco nojenta.
- Não aguento mais isso - ele murmura com a voz rouca, com lágrimas escorrendo pelo rosto sem parar - Bale, não aguento mais e vomito tudo que como.
- Ei, é normal se sentir mal durante a gravidez - digo a ela, acariciando seus cabelos - lembra que foi por isso que nos conhecemos?
- Vomitei nos seus sapatos - lembra e rimos, isso mesmo, ela precisa rir - obrigado, Bale.
- Estarei sempre aqui para te ajudar – prometo, pois teremos uma conexão para o resto da vida – agora vai tomar banho e escovar os dentes, temos que ir ao obstetra.
Fary dá uma risadinha gostosa, sorrio e saio do banheiro, indo para o meu quarto, não quero invadir a privacidade dela. A conversa sobre por que seus pais estão na África ainda está em minha mente, tecnicamente não sou o pai do bebê e nunca sentirei amor paterno verdadeiro por ele, mas sei que se um dia o perdermos, ficarei arrasado. . Colin. O nome do irmão dele era Colin, é um nome bonito.
Pego meu celular na mesinha de cabeceira para ver as horas, ao lado do meu está o do Fary, que tem uma leve camada de poeira, não toca nos eletrônicos. No grupo que tenho com meus amigos continuam chegando mensagens, expliquei como minha vida mudou e que quando Alicia estiver bem estabelecida aqui irei apresentá-los. Mas acima de tudo, meus amigos estão felizes por eu ser pai e não ter que me casar com Willow. Fecho os olhos, daqui a dois meses eu estaria caminhando pelo corredor com o Ludwig, pelo menos só daqui a sete meses me tornarei pai de um ser humano.
A porta do banheiro se abre e Fary sai do quarto enrolada em uma toalha branca, sua pele é naturalmente bronzeada, seu cabelo preto está preso em um coque alto e desejo no fundo que a toalha caia de seu corpo, só sei o que está debaixo da mesa. Mas não cai. Ele pega uma muda de roupa e volta para o banheiro, sem fazer contato visual comigo. Não sei se é uma boa ideia, mas vou tentar entrar em contato com os pais dela, surpreendê-la trazendo-os para cá, afinal os dois serão avós daqui a alguns meses.
- Bale, ainda temos muito tempo? - Fary pergunta dentro do banheiro e eu olho novamente para o relógio.
- Meia hora - respondo, sentando na cama, esticando as pernas - não precisa ter pressa, ilhéu.
Como faz tempo que não durmo na minha cama, estou dormindo no sofá desde que ela chegou aqui, dividir a cama do seu quarto com alguém, estando sóbrio, é coisa séria, pelo menos para mim. é. Além disso, quero que Fary fique o mais confortável possível aqui, não somos mais estranhos um para o outro, mas também não somos melhores amigos, temos um acordo e como ela já fez a parte dela, eu tenho que fazer a minha. Mas voltando para minha cama, como ela é macia, eu tinha esquecido disso, inalo um perfume nela e dou um pequeno sorriso, Fary já a impregnou com seu aroma.
- Seu pai vai com você? - A voz de Alicia me tira dos pensamentos sobre o cheiro dela.
- Acho que não – murmuro, levantando o rosto – vamos?
A morena está de saia branca e blusa curta com botões em tom claro, nossa, ela está muito linda. Saio da cama, ajustando a gola da camisa pólo ao corpo, pego meu celular e caminho em direção à mulher. Seus dedos tremem um pouco, ela está nervosa com a consulta, bom, eu também estou um pouco. Ofereço a ela minha mão, que está entrelaçada com a dela, saímos juntos do meu quarto, não, atualmente é o nosso quarto. Provavelmente montaremos o quarto do nosso bebê na frente do nosso, será mais fácil acalmá-lo nas horas de choro.
Descemos as escadas juntos, não tem ninguém em casa, Emma deve ter ido comprar a casa, minha mãe está no salão de beleza e meu pai está no escritório. Essa seria a minha vida com Willow, eu passaria o dia todo trabalhando e ela iria às compras e aos salões de beleza com as amigas. Aperto a mão de Fary para lembrar como é minha vida agora: um caos, mas um caos perfeito. Um bebê, eu nunca imaginei que um dia iria a uma consulta relacionada a um bebê, um bebê que vai ter meu sobrenome assim que nascer.
- Você já pensou em um nome? - pergunto abrindo a porta da frente.
- Ainda não – confessa respirando fundo – E você? – eu ri – nem sei por que perguntei.
“Você é a mãe, você escolhe”, determino e Fary revira os olhos calmamente.
Destranco meu Porsche branco e vou para o banco do motorista. O Volvo de Fary não estará pronto até o final da próxima semana. Será bom para ela ter um carro para poder explorar a cidade quando quiser, a morena está praticamente presa em casa ou no resort desde que chegou, ainda tem Palm Beach inteira para conhecer. Assim que ela se senta no banco do passageiro, ligo o carro e manobro para começar a descer o pequeno morro, sempre que fazemos isso os olhos da Fary ficam fixos na paisagem, gosto da visão dela de ver o mundo.
A viagem até o consultório do Dr. Dylan Smith é completamente silenciosa, mas não estranhamente silenciosa. Toco o volante com os dedos, já estamos estacionados em frente ao local, mas nenhum de nós toma a iniciativa de sair do carro. Passo os dedos pelos cabelos, observando Fary pelo canto do olho direito, o que se passa na cabeça dele agora? Ela está prestes a ir a uma consulta para saber como está seu bebê e está acompanhada por um menino que ela conhece há poucos dias, é muito o que pensar.
-Fary, está tudo bem? - pergunto colocando a mão em seu ombro.
- O que acontece se o bebê tiver algum problema? Alguma doença? - há tanto desespero em sua voz - e se ele estiver morto dentro de mim?
- Ei, o bebê com certeza está saudável - garanto, espero que esteja - e se ele tiver alguma doença nós cuidaremos dele, dinheiro não vai faltar.
- Eu só quero dar a ela a melhor vida - Acho que toda mãe quer isso - Enfim, temos que ir.
Eu aceno, temos que ir. Ao sair do carro, o calor atinge nosso corpo, acostumado com o frio do ar condicionado. Após a consulta tomaremos um sorvete e depois aproveitaremos as piscinas do resort, aproveitarei o dia para curtir Fary e descobertas sobre o bebê. De mãos dadas entramos no consultório médico, a recepção é decorada com papel de parede em tons verdes claros, poltronas confortáveis estão espalhadas e o ar condicionado deixa o local gelado. Tem uma senhora atrás da recepção, nos aproximamos dela, nosso encontro está marcado para alguns minutos.
- Boa tarde, temos consulta marcada com o doutor Smith - dou-lhe um sorriso amigável, enquanto aperto a mão de Fary, para tranquilizá-la.
- Boa tarde - você ajusta seus óculos graduados no rosto - Guillermo Marco e Fary Alicia?
- Só isso – confirmo.
- Tudo bem, pode esperar um momento que o médico virá te atender - aceno e oriento a morena a se sentar em uma das cadeiras.
Algum programa de sobrevivência passa na televisão do escritório, sem som, enquanto aquela típica música de elevador enche a sala. Olho meu celular para passar o tempo, enquanto Fary fica olhando para a televisão, isso é muito mais importante para ela do que para mim. Circulam em minha mente as palavras de que o bebê está com alguma doença, como será se isso acontecer? Fary vai precisar de apoio, não apenas financeiro, deixei um suspiro escapar dos meus lábios, não nasci para ser pai e brincar de casinha, Fary vai conseguir se cuidar sozinha.
- Guillermo e Fary – o médico aparece no corredor de ligação, seus cabelos castanhos se misturam com alguns fios brancos, sua aparência é a de um homem de tenra idade, mas bem cuidado – vamos lá, papais.
Sorrio e sorrio para Fary, apertando a mão dela com força e sussurrando que tudo vai ficar bem. Seguimos o médico pelo corredor até pararmos em uma sala, será agora. Respiro fundo e entro, há uma maca ao lado de um computador com diversas telas. O médico manda a gente sentar na frente da mesa dele, ele provavelmente quer conversar um pouco com nós dois antes de fazer o ultrassom. Se o bebê fosse realmente meu, hoje seria o dia mais feliz da minha vida.
- Você está ansioso para ouvir o coração do bebê? - ele pergunta olhando para nós dois, espero que Fary assuma a conversa.
- Muita coisa - confessa a mulher ao meu lado, balançando a perna - Quero saber como está meu filho.
- Bom, primeiro algumas perguntas para me dar uma base - suas afirmações são direcionadas à Alicia - você sabe quantas semanas você tem?
- Entre a oitava e a nona – explica ele, com o corpo mais relaxado e nossas mãos ainda entrelaçadas – acho que é a nona semana.
- Ótimo – murmura o médico, anotando as informações – você sabe como funciona o pré-natal? - Fary assente, mas não faço ideia - no final da consulta vou te dar uma lista de exames que quero que você faça, vou medir sua pressão e conversaremos sobre seu estilo de vida.
Os próximos vinte minutos são só os dois conversando sobre como Fary age no dia a dia, sua alimentação, recomendações de nutricionistas e ginecologistas, atividades físicas que ela pode praticar durante a gravidez, as vacinas que ela pode e deve tomar, além de todos os medicamentos, o que você precisa e o que tomou durante os últimos três meses. Achei que faríamos o ultrassom e ficaríamos livres, já que não tenho ideia de como ajudar uma gestante e cuidar de um bebê. Me concentro tanto nas palavras do médico, mas tudo parece um tédio sem fim, Fary já está anotando várias coisas em um papel, ela será uma mãe incrível, tenho certeza.
- Chegamos à parte mais esperada? - Finalmente Deus, concordamos com a pergunta do médico - ainda não poderemos ver o sexo, mas poderemos ouvir o coração sem problemas.
- Em que mês podemos ver sexo? - pergunto, ajudando Fary a se deitar na maca, ajeito alguns fios soltos de seu coque atrás das orelhas.