Livro espírita: Uma nova chance

Oi, eu me chamo Diogo, tenho 37 anos, sou casado, ou pelo menos eu era, minha vida foi um amontoado de equívocos, eu sou o irmão mais velho de três, tenho um irmão e uma irmã, meu faleceu quando eu tinha 10 anos, e meus irmãos tinham cinco e dois anos respectivamente, a vida não foi muito generosa comigo, ou talvez eu não tenha aproveitado o melhor da vida que ela me ofereceu.

Quando meu pai faleceu, uma grande carga de responsabilidade foi jogada sobre meus ombros, eu tinha que trabalhar para ajudar em casa, tinha de cuidar dos meus irmãos, ajudar a minha mãe, e ainda estudar, pois todo mundo dizia que eu era o futuro da minha mãe e dos meus irmãos, mas eu era um menino de 10 anos, 10 anos apenas, contudo eu cresci e fui tentando tudo, tentando ser um bom irmão, um bom filho, tentando trabalhar e estudar, e diante da grande carga de responsabilidade que foi jogada sobre mim, eu fui crescendo, e as coisas foram ficando dificeis, eu nunca tive uma vida normal, nunca sai na minha adolecencia para me divertir, nunca tive amigos, nunca tive namoradas, e foram desilusões atrás de desilusões, eu era o careta, o nerdão, o esquisitão, nenhuma garota queria sair comigo, ninguém queria ser meu amigo, e quanto aos meus objetivos de me tornar alguém eu colecionei fracassos um atrás do outro, nunca consegui uma formação superior, nunca consegui estabilidade financeira nenhuma, sendo o que pode-se chamar de completo fracassado, nunca consegui realizar nada na minha vida, nunca sequer namorei com uma garota que fui apaixonado, e para completa, agora, estou desenpregado, casado com a mulher que não amo, vivendo uma vida cheia de arrependientos....

Chego em casa depois de mais um dia em busca de emprego, encontro minha mulher arrumando as coisas, Natália é minha esposa, quando casei com ela, eu até achei que nos amávamos, éramos dois solteirões e enquanto apenas namorávamos, até que a relação funcionava, mas depois que casamos, acho que ela se deu conta de que eu era um fracassado, e com o passar dos anos, a nossa relação foi ficando cada vez mais difícil.

- Cheguei! deixei vários currículos, fiquei animado com o que deixei no mercadinho, acho que o dono do comércio gostou de mim, quem sabe pelo menos ali ele me chame, até quem sabe as coisas melhorarem... Vai sair ? pergunto.

- Sim, eu vou sair, vou sair da sua vida, olha Diogo, estou cansada, são 10 anos de casamento, 10 anos e é sempre a mesma coisa, você arranja trabalho por um tempo, passa dois, três anos trabalhando e é demitido, agora estamos nós dois sem trabalho, temos um filho juntos, feliz ou infelizmente, enfim... estou voltando para a casa dos meus pais... Não dá! Diz Natália.

Fico sem acreditar naquilo, era a gota que faltava ...

- Mas Natália! Temos um filho! você não pode decidir isso assim sozinha! e nossos 10 anos juntos? Onde está meu filho? pergunto.

- Nosso filho já está na casa dos meus pais, eu achei melhor que ele não presenciasse este momento, o momento do fim do nosso casamento... Me desculpa Diogo, mas não dá mais... Diz Natália com lágrimas nos olhos...

Eu também começo a chorar e a tremer muito, não encontro palavras para argumentar, de fato meu filho me pedindo o que quer que fosse e eu não ser capaz de lhe dar uma festinha de aniversário, ou uma lembrança de natal, era algo corriqueiro já.

- Olha, espero que tudo possa dar certo na sua vida, não tenho raiva de você, não pense isso tá, você pode ir ver nosso filho sempre que quiser... diz Natália.

Fico de cabeça baixa, calado, eu achava que já havia me sentido um derrotado, mas não como hoje eu me senti...

Um carro buzina do lado de fora...

Natália arrasta duas malas saindo da nossa casa... Minha vontade era reagir, fazer algo diferente, tomar uma atitude diferente , mas todas as minhas forças se perderam, meu ânimo, minha vontade de viver...

Nunca bebi, nunca fumei, nunca tive vício algum, nunca traí, por quê? Não deveria ser para sempre? Embora Natália não fosse o amor da minha vida, era com ela que eu estava conformado de viver até o final dos dias, o que eu faço? Como irei reagir? Qual a resposta? Eu estava ali sozinho, sozinho, sem ninguém abandonado, e sem pensar em nada,eu saí por aí, atrás de algo que não sabia o que era, atrás de uma resposta que talvez eu até soubesse, mas não sabia dizer qual era....

Até que me veio na cabeça o seguinte pensamento: " Sou um infeliz sem sorte, perdido sem rumo neste mundo...", " Se por acaso eu morresse, ninguém iria sentir minha falta..." Quanto mais me aprofundava nestes pensamentos, sentia-me guiado até uma ponte de um viaduto, eu olhava para baixo, vendo os carros passarem, e podia jurar que uma voz falava comigo...

- Pula! todos os teus sofrimentos irão terminar assim que perderes a consciência! sem dor, sem problemas, sem aflição... Era mais ou menos isso que a voz me dizia...

Fui cada vez mais envolvido naqueles pensamentos, e quando dei por mim estava saltando daquele viaduto, aqueles segundos que antecederam do meu salto, até atingir o chão, foram os segundos mais demorados da minha vida que passava como um filme diante de meus olhos, eu pensava em me filho, em toda minha trajetória até ali, mas antes de bater no chão e sequer sentir dor, era em meu filho que eu pensava... Mas acabou, aquele era o fim.... Ali acabavam todos os meus problemas, toda a minha existência, acreditei que tudo ali se acabaria, e bom, ao menos era isso que eu pensava.... Porém eu estava enganado, estava muito enganado! E na verdade, tudo estava apenas começando para mim...