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Capítulo 8

Paula

No dia seguinte, o professor Robson resolveu telefonar para o campus e agendar uma visita à instituição para nós duas durante o período vespertino, ou seja, não teríamos mais aquele horário para nos dedicarmos a fazer os relatórios diários.

— Hoje teremos um dia cheio. — Disse ele, enquanto tomávamos café da manhã.

— O senhor já deu uma olhada no relatório que fizemos ontem professor? — Já que ele havia usado aquele trabalho para nos punir, então que pelo menos o avaliasse dando um parecer sobre o desempenho da pesquisa.

— Farei isso hoje à noite, Paula, não se preocupe.

Ele mantinha sua raiva pelo ocorrido, e não tenho ideia de quanto tempo essa birra irá durar. Torço para que não transforme essa frustração em uma cascata de trabalhos intermináveis, nos afogando e deixando sem tempo para absolutamente nada.

Tamara se juntou a nós é assim que terminamos o café da manhã, fomos para a fundação. Havia um dos pacientes, chamado Heitor, um menino muito especial que nasceu com uma grave doença que causou uma severa paralisia cerebral, ele tem apenas 7 meses de vida, mas já passou por tantas situações difíceis que muitos adultos não conseguiriam suportar.

Seu olhar terno e doce ganhou meu coração, ele era o meu paciente favorito e eu passava horas brincando com ele, realizando as sessões de fisioterapia para que o seu pequeno corpo não atrofiasse.

Estava o segurando deitado sobre a bola de fisioterapia para trabalhar o equilíbrio dele e as gargalhadas que ele dava levando tudo aquilo como uma grande brincadeira, me fazia sorrir também.

Robson

Cheguei até a sala onde Paula estava trabalhando e fiquei apenas observando como ela tinha um jeito especial para tratar daquelas crianças, mesmo sendo tão jovem, ela consegue compreender a dimensão do trabalho que está fazendo e acredito que poderá se tornar uma grande profissional.

Cheguei mais perto e passei a ajuda-la, seu sorriso era capaz de contagiar qualquer pessoa que estivesse tendo um dia ruim, mas esse não é o meu caso. Eu também amo estar no meio daquelas pessoas e antes de me tornar bacharel, eu trabalhei por alguns anos em um hospital e apenas cedi à docência por causa dos valores, apesar da jornada de trabalho ser um pouco mais longa eu precisava ganhar melhor por causa do nosso filho.

—  Acho que ele gostou de você, veja o olhar de apaixonado que ele faz sempre quis te vê se aproximar.

Meu comentário fez Paula sorrir e percebei que ficou um pouco envergonhada.

—  Antes de conhecer essas crianças, eu chegava a pensar se para as pessoas que estão na situação deles estar vivo era uma benção ou não, mas agora eu compreendo que essa é a vida que eles conheceram e assim podem ser felizes se mostrarmos um mundo de possibilidades!

Eu assenti, depois que meu filho nasceu especial eu entendi que para algumas pessoas esse tipo de compreensão só chegaria a partir do momento que vivesse algo parecido do seu lar, outras como Paula, conseguem ter esse tipo de empatia apenas tendo contato com eles.

Passei uma manhã agradável ao lado dela conversando e passando um pouco da minha experiência, mostrando como lidar com aqueles anjinhos especiais. Assim que terminamos passamos pela sala onde Tamara estava, ela também já estava liberada, então fomos até um restaurante antes de irmos até o campus da universidade.

[...]

Tamara percebia as trocas de sorrisos entre Robson e Paula, por parte de sua amiga ela havia notado uma grande diferença, pois agora havia um brilho diferente em seu olhar ela esperava que isso fosse relacionado apenas ao seu profissionalismo, mas de Robson para com ela, era é diferente havia encantamento e desejo.

Depois de almoçar, eles foram para a universidade e Robson foi apresentado ao corpo docente da universidade de Los Angeles, a professora Sônia era a coordenadora do curso de fisioterapia, então ela os acompanhou para mostrar todas as instalações.

Ela é uma mulher bonita de meia idade, Paula não estava gostando nada do modo como aquela mulher olhava para Robson, era madura sábia e articulada.

—  Acho que as meninas podem ficar um tempo assistindo uma das nossas aulas, enquanto Robson e eu tomamos um café no refeitório.

—  Se o professor Robson não se importar, eu gostaria de acompanha-los é que estou achando fascinante poder presenciar a conversa dos dois e acho que isso seria uma experiência tão válida quanto assistir a mais uma aula!

Robson então olhou para Sônia, Tamara havia compreendido que a proposta de Paula não passava de uma ceninha de ciúmes.

—  Já eu, prefiro assistir às aulas então com licença! —  Tamara saiu para sala onde se juntaria aos outros alunos.

Robson

Sônia, Paula e eu fomos para o refeitório, a coordenadora do curso e ela começou a falar sobre um possível congresso que haveria em Dallas, um grande encontro dos cursos de fisioterapia de todo o país.

—  Parece que a mocinha não está muito interessada no assunto em questão...

Eu pude ver a fúria no olhar de Paula ao ouvir o que Sônia acabara de dizer.

—  É claro que me interessa senhora, mas como eu disse anteriormente, estou aqui apenas como ouvinte. Quem sabe um dia chega a ser uma profissional de excelência...como o professor Robson!

—  Quanto a isso eu tenho que concordar com você mocinha, ele é certamente um dos melhores professores do Brasil e adoraríamos tê-lo em nosso corpo docente.

Paula

Está evidente que esta mulher está interessada nele como um homem, seu jeito de falar e de olhar insinuante se jogando para ele não deixam dúvidas.

Fiquei todo aquele tempo ouvindo-a rasgar o verbo e tecer vários elogios para ele, até que finalmente Tamara terminou aquelas aulas e se juntou a nós.

—  Foi um dia produtivo e um grande prazer compartilharmos experiências, espero que possamos vir outras vezes.

Assim que Robson falou, aquela megera sorriu de maneira tão forçada que parecia uma égua barata mostrando os dentes para ser comprada.

Ela se atreveu a entregar o seu contato para ele na nossa frente, é uma tremenda descarada. Ele pegou aquele cartão sorrindo e guardou dentro do bolso e sai andando na frente. Tamara correu para me acompanhar e logo depois o professor veio e se juntou a nós duas, abrindo o carro e como sempre, Tamara sentou no banco da frente ao lado dele, ficávamos trocando olhares condenatórios pelo retrovisor do carro.

—  É impressão minha ou você não gostou muito da professora Sônia?

Assim que ele perguntou isso, meu coração acelerou e Tamara deu uma olhadinha para trás.

—  Acho que o senhor está um pouco equivocado professor, nota-se que ela é uma mulher muito inteligente e responsável em suas atribuições, mas não sou do tipo baba ovo de veteranos.

Ele deu um sorriso espontâneo, para minha alegria, Robson não tocou mais naquele assunto absurdo outra vez e assim que chegamos no hotel. Tamara subiu para telefonar para mãe que havia mandado várias mensagens, mas como ela estava em sala de aula havia desligado a internet, então todas as notificações estavam caindo ao mesmo tempo e ela ficou preocupada, porém preferiu se afastar um pouco para ler tudo aquilo com tranquilidade.

[...]

Paula também entrar no hotel, quando o Robson segurou no braço.

—  Quero falar contigo um momento a sós. — Robson pediu.

Ela ficou nervosa, mas assentiu e eles imediatamente entraram e se sentaram no restaurante.

—  Acho que depois do que aconteceu naquela saída entre vocês duas, ficou um clima meio tenso entre nós.

—  Não entendo de que tipo de clima está falando professor, eu continuo te respeitando como sempre!

—  Não falo de respeito Paula, mas sim de termos uma convivência amistosa, já que ficaremos aqui por mais alguns dias.

—  Eu não estou chateada, se essa é a sua preocupação então pode esquecê-la.

Tamara chegou de repente, interrompendo aquele clima tenso e ao mesmo tempo romântico.

—  Eu preciso voltar para casa hoje mesmo!

A frase dela os deixou curiosos e surpreso.

—  Sente-se então Tamara e diga-nos o que aconteceu. —   Robson questionou preocupado.

—  É que o meu pai está tendo alguns problemas com a justiça e perdoe-me, mas não posso entrar em detalhes, minha mãe está sofrendo muito e eu preciso voltar para casa para ficar com ela!

—  Que situação amiga, eu sinto muito. —  Disse Paula passando a mão sobre as mãos de Tamara que chorava por causa daquela horrível situação.

—  Não se preocupe Tamara, telefonarei agora mesmo para o aeroporto e te embarcarei no primeiro voo de volta para casa e não se preocupe com quaisquer prejuízos em relação às horas atividades ou as suas notas.

—  Eu nem sei como agradecer ao senhor professor por ser tão compreensivo.

Paula subiu para ajudar Tamara a fazer suas malas.

—  Acho que o destino está shippando você e o professor Robson.

—  Não fale e nem pense nada disso, por favor você está passando por uma situação chata amiga e isso não tem graça.

—  Talvez ainda não tenha se dado conta Paula, mas você está interessada nele e ele em você. Ficou enciumada por causa daquela mulher da faculdade, mas eu te digo uma coisa, seja qual for a sua decisão de embarcar ou não nesta história...saiba que eu estarei ao seu lado e desculpe-me se em algum momento eu fui rude com você.

As duas eram forte abraço, Robson então avisou para Tamara que havia um voo para as 20:00 daquela noite e os dois a levaram até o aeroporto e esperaram que ela pudesse entrar no avião, Tamara então partiu.

—  Vamos seguir com os planos que tínhamos Paula, não podemos deixar que esse imprevisto nos distraia do que viemos fazer aqui.

—  Sim professor, agora seremos só nós dois!

Paula

De volta para o hotel fiquei pensando em Tamara e fiquei muito triste por vê-la ir embora muito antes do tempo, agora eu não teria mais com quem conversar durante os intervalos e criticar as broncas e o professor Robson nos dava.

Voltamos dentro do carro no mais absoluto silêncio e ele me acompanhou até a porta.

—  Durma bem e qualquer coisa que precisar estarei no quarto ao lado.

—  Sim senhor!

Robson

Entrei no meu quarto quis quebrar todas as coisas que estavam sobre o móvel, mas aquilo faria um barulho enorme e denunciarem o meu descontentamento por estar sem Tamara para permanecer ao lado dela.

Isso me ajudava a controlar os instintos mais selvagens que existem dentro de mim por aquela garota e eu estou à mercê daquilo que não consigo mais dominar.

Pensei em telefonar para a universidade e dizer que nós dois estávamos voltando para casa por que eu já não conseguia mais me concentrar naquele projeto em questão, mas eu não teria o que alegar para eles.

Olhei para o meu celular e haviam algumas mensagens de Sheila e eu as respondi com áudio, porque não estava com paciência para digitar...ela então colocou nosso filho para conversar comigo em uma chamada de vídeo.

Ficamos conversando por um longo tempo e naquele momento eu até consegui me distrair, mas assim que desligamos as lembranças voltaram.

[...]

Tamara havia comunicado sobre sua volta a uma amiga da faculdade e essa amiga então resolveu passar a informação pelos grupos afirmando que Paula havia ficado apenas com o professor Robson em um romântico hotel em Los Angeles.

Logo a fofoca se espalhou e um boato maldoso ganhou força, chegando até o WhatsApp dos outros docentes e funcionários do campus.

Laura esposa de Eduardo foi uma delas, lembrou-se da ligação que Sheila havia feito para e ela se colocou no lugar da outra como mulher, decidiu que no dia seguinte telefonaria para ela contando sobre o que estava acontecendo.

Durante a chamada de vídeo que fez para o seu pai, Jonas deixou escapar que o avô materno estava muito doente, que Sheila teria que cuidar dele por um tempo e os dois iriam morar na casa dele por alguns dias.

Robson ficou preocupado estranhou o fato de que a esposa não havia comentado sobre isso com ele até o momento, mas ele iria esperar que ela tocasse no assunto antes de dar aquela informação como certa.

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