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Capítulo 6

Tamara nunca foi de acordar cedo tinha sempre tudo nas mãos, acostumada a dormir até tarde e Paula teve que chama-la em seu quarto.

— Anda, temos que ir depressa o professor Robson nos mandou que estivéssemos esperando por ele às 7:00 da manhã!

Tamara saiu da cama como um raio e foi tomar um banho rapidamente para se arrumar e não chegarem atrasadas.

As duas passaram pelo salão do hotel e foram em direção ao restaurante, os gastos com alimentação de ambos eram custeados pela instituição. Robson já estava em uma das mesas e acenou para elas:

— Olhe, ele já está ali. — disse Tamara, puxando Paula pela mão.

Ele se levantou e educadamente puxou a cadeira para uma e depois para a outra.

— O senhor é muito gentil professor. — Exclamou Tamara, sorrindo para a amiga que não manifestou muita empolgação.

— Isso não é mais do que a obrigação de qualquer homem, talvez vocês não estejam acostumadas a esse tipo de tratamento, já que eu suponho que estejam habituadas a lidar com homens, aliás garotos da idade de vocês!

Após essa comparação, Robson achou que havia falado demais novamente. Para mudar de assunto, ele questionou o que elas gostariam de comer antes de ir, elas olharam o cardápio e acabaram pedindo panquecas.

— Já telefonou para o seu pai e avisou que chegamos bem? — perguntou ele, olhando para Paula. Ela estava acabando de mastigar e tomou um pouco de leite com chocolate antes de responder:

— Sim, professor, ele ficaria muito preocupado se eu não desse notícias.

— Minha mãe também me manda mensagens o tempo inteiro, mesmo que ela saiba que eu já viajei o Brasil inteiro sozinha, ela ainda me trata como se eu fosse uma criança! — sorriu Tamara.

— Seus pais estão certos, há muita gente mal-intencionada neste mundo!

— Mas eles sabem que estamos em boas mãos.

A frase de Paula o fez sentir-se culpado por todas as coisas que pensava sobre ela em segredo. Após terminarem, eles foram em direção à saída do hotel. Como Robson ainda não havia alugado um carro, eles iriam de Uber até uma fundação que cuidava de pacientes especiais. Eles necessitavam de assistência fisioterapêutica e psicológica para lidar com seus problemas motores e psicológicos.

Ao chegar naquele lugar que atendia tantas crianças especiais, Robson se lembrou de seu filho. Paula e Tamara ficaram encantadas com o trabalho daquele lugar e, se existia ainda em seus corações, algum tipo de dúvida sobre estarem no curso certo, ali tiveram a certeza de que sim.

— Sejam bem-vindos, estávamos esperando por vocês!

O dono do projeto os recebeu e os encaminhou para a sala onde saberiam quais seriam suas funções durante todo aquele mês. Paula acompanharia o trabalho da fisioterapeuta que cuidava dos bebês com problemas de paraplegia, e Tamara ficaria na parte de Psicologia, onde os pacientes trabalhavam não só a parte física, mas também a mente, buscando aceitar suas diferenças e conviver com isso da melhor forma possível.

Tudo isso, seria realizado em meio período e Robson estaria ali acompanhando o trabalho das duas, pois ao final de tudo, ambas teriam que fazer um projeto que validaria muitas horas para a carga horária exigida no estágio ao final do curso e claro, a nota em sua disciplina.

As duas se separaram e foram cada uma para a sala, onde ficariam.

Paula

Muito diferente de ver tudo o que essas instituições faziam pela televisão, era estar ali vendo o sorriso de cada criança que estava reaprendendo a viver com as suas limitações. Aqueles bebezinhos que jamais aprenderiam a andar, a primeira coisa que me ensinaram ali, é que não devemos sentir misericórdia por eles e sim compreender que ninguém neste mundo tem menos do que precisa para poder viver e ser feliz à sua maneira.

— Vou te ensinar a melhor posição para que eles permaneçam, pois ficam assim por longos períodos e isso poderia acarretar problemas, como atrofia e ferimentos causados pela permanência em contato com a cama!

Ela me ensinou a deixá-los o mais confortável possível, eram ao todo seis bebês... seis famílias que reaprendiam a viver e lutavam para dar melhor qualidade de vida para seus filhos. Aquela manhã foi a mais emocionante de toda a minha vida; aprendi o nome de cada um daqueles bebezinhos, e nunca em toda minha vida eu havia pensado em ser mãe, muito menos de um bebê que tivesse algum tipo de deficiência, mas eu estou compreendendo que ter alguém especial assim não é um fardo e sim uma bênção dada apenas a pessoas muito privilegiadas neste mundo.

Fui liberada um pouquinho mais cedo do que Tamara e fiquei do lado de fora; logo o professor Robson chegou mais perto de mim.

— De todo o meu coração, professor, quero agradecer por ter me trazido nesta viagem. Nunca pensei que eu pudesse aprender tanto na vida em tão pouco tempo.

— Realmente gostou de estar com essas crianças? Pelo brilho no seu olhar e o seu sorriso, acho que a resposta é um enorme sim! — respondeu ele.

Sorrimos.

— Com certeza, lidar diretamente com essas crianças é um aprendizado para toda a vida.

— Eu tenho um filho especial, e isso aconteceu depois de ter me tornado bacharel em fisioterapia. Eu nem imaginava que Deus me daria uma criança especial, mas acho que ele me preparou para isso.

— Eu não sabia que o senhor tinha filhos, não nos seguimos nas redes sociais, mas entendo a sua discrição.

Sim, eu sabia, mas quis tocar nesse assunto e nem sei o porquê!

— Sim, meu filho tem 7 anos e se chama Jonas, é um menino inteligente e que possui Síndrome de Down. Quanto a não nos seguirmos nas redes sociais, podemos dar um jeito nisso hoje mesmo!

Ele sorriu, e eu retribuí, considerei perguntar a ele sobre o celular, mas o constrangimento não me deixaria nem mesmo começar a tocar nesse assunto.

Tamara foi liberada, e nós voltamos para o hotel bem a tempo de servirem o almoço. Ela também estava tocada por todas as histórias que havia ouvido naquele dia, e aquele era apenas o primeiro de muitos. Levaríamos dali uma bagagem enorme que serviria para toda a nossa vida pessoal e profissional.

— Prof. Robson, será que esta noite Paula e eu podemos sair um pouco? Sei que não estamos aqui a passeio, mas estamos com a tarde livre e podemos fazer os nossos relatórios e deixar tudo já bem encaminhado e, além disso, uma noite não nos prejudicaria em nada!

Robson não teria argumentos para negar a elas esse pedido, apesar de não querer permitir aquela saída de jeito nenhum.

— Mas é claro que podem, só não quero que cheguem muito tarde e que não percam o horário combinado amanhã.

— Eu prometo, professor, prometo que não vamos abusar da sua confiança. — exclamou Paula, demonstrando, para sua tristeza, que era uma das mais empolgadas para curtir uma noite em Los Angeles.

Depois daquele pedido, ele perdeu o apetite, comeu apenas um pouco e foi logo para o seu quarto.

As duas ficaram comendo, mas também não estranharam que o professor quase não havia tocado na comida, pensaram que poderia ser a diferença no clima o grande motivo de tirar o apetite dele.

— Você já tocou naquele assunto com ele? — Tamara questionou, após a saída do professor.

— Claro que não, ficaria um clima terrível se ele soubesse que eu já sei que foi ele que me deu o presentinho.

— Acho que ele não está mais muito preocupado em disfarçar o que quer com você!

— E você fala isso como se te incomodasse de alguma forma, incomoda Tamara?

Ela permaneceu em silêncio um momento.

— Só não acho justo que um homem tão certo quanto ele, se deixe levar por desejo e se isso estivesse acontecendo com o Eduardo, seria apenas um caso a mais.

— Se é isso que te preocupa, então pode ficar tranquila, eu não penso e nem nunca pensei em ter um caso com ele e só não devolvo este aparelho para ele, pois não quero deixa-lo constrangido, mas assim que voltarmos desta viagem eu farei isso de alguma forma!

Paula iria sair da mesa, mas Tamara segurou na mão dela e pediu desculpas, ela não queria ficar brigada com a amiga durante toda aquela viagem, apesar de achar aquela história um grande absurdo.

Paula voltou para o quarto e passou toda a tarde lá. Até tirou um cochilo aproveitando clima frio propício para isso. Acordou e deu uma olhada nas suas redes sociais antes de tomar um banho para jantarem e depois irem para a baladinha.

Já que ela havia lembrado que não se seguiam nas redes sociais, foi a primeira coisa que Robson fez. Ele enviou uma solicitação para Paula no Instagram. Seu sorriso em cada foto o deixou ainda mais encantado, e, claro, suas fotos sensuais o excitaram ainda mais, levando-o a se masturbar ao ver algumas delas e a curtir cada uma...

Como o perfil dela estava bloqueado e precisava de solicitações para ser seguido, verificando assim as reações em suas fotos, Robson não achou que seria nada de mais curtir as imagens.

Em contrapartida, Paula viu a solicitação do professor para segui-la e aprovou imediatamente, seguindo-o de volta. Acabou vendo a foto do filho dele, que era uma graça de menino. Sua esposa parecia ser uma mulher muito centrada e séria pelas roupas elegantes que usava, também aparentava ter uma idade aproximada a dele, uns quarenta anos mais ou menos. Estavam sempre muito sorridentes e abraçados nas fotos.

Paula pensou que Tamara estava certa em condenar a possibilidade de que ele esteja querendo algo a mais com uma aluna. Ela não poderia desejar desfazer uma família como a dele e seria uma situação delicada. Paula apenas o seguiu de volta e não reagiu a nenhuma das fotos para não causar problemas a ele. No entanto, ao voltar para o seu perfil, notou que ele havia curtido cada uma de suas fotos.

Paula pensou que poderia ser apenas o desejo de um homem presenteá-la com um celular, de permanecer ao seu lado durante uma viagem e que talvez isso não vá, além disso. Ele apenas esteja idealizando algo entre eles, ela decidiu limpar a mente e aproveitar uma noite de diversão sem pensar no amanhã, muito menos em ter problemas por um homem casado. Desde que esse homem, claro, não seja Eduardo, pois ela ainda não desistiu de seduzi-lo.

Ela usou um vestido sexy e curto, preto de mangas longas para afugentar o frio do lugar, dirigindo-se ao encontro deles para jantar. Dessa vez, foi a primeira a chegar e sentou-se na mesa que habitualmente ocupavam desde que chegaram.

Tamara chegou, e permaneceram esperando alguns minutos por ele. Logo, receberam uma notificação no WhatsApp com uma mensagem de Robson informando que iria pedir o jantar no quarto, pois revisaria alguns trabalhos da faculdade para adiantar o serviço e postar as notas do pessoal de fisioterapia dos períodos finais. Tamara e ela não fizeram drama por isso, jantaram e pediram um Uber para ir para aquela festa. O lugar era muito elegante, e certamente iriam gastar bastante naquela noite.

Assim que entraram, chamaram a atenção do público masculino. Tamara pediu uma bebida quente, pois estava acostumada a beber de tudo, enquanto Paula preferiu algo diferente.

— Apenas uma dose de whisky amiga, se você ficar aí apenas olhando acabará ficando com sono.

Ela insistiu, e Paula resolveu então provar uma dose. O gosto não era tão bom, mas realmente fez o que deveria e a manteve mais desperta e aquecida.

Um cantor estava se apresentando ao vivo, cantou um pouco de MPB e logo começou a cantar um bom sertanejo raiz.

Paula nunca pensou que esse tipo de bebida pudesse aquecer o corpo tão rapidamente. Começou a ficar mais alegre e acabou sendo chamada para dançar agarradinha com ele no palco. Tamara não perdeu tempo e logo tirou algumas fotos do espetáculo.

O cantor tentou beijá-la, era um homem muito bonito, mas por algum motivo, Paula não conseguiu correspondê-lo naquele momento. Apenas voltou para a mesa.

Depois do show, ele se juntou a elas e acabou pedindo o número de celular de Tamara. Antes de voltar para o hotel, ele a beijou.

Já que os dois estavam em um clima romântico, Paula decidiu subir sozinha para o quarto. Pegou o elevador, estava um pouco tonta, pois não estava acostumada a beber algo com teor alcoólico tão elevado.

Ao sair do elevador, retirou o cartão e foi caminhando até o quarto, usando salto alto. Quase virou o pé, mas sentiu mãos fortes segurando-a pela cintura.

— Professor Robson? — questionou ela.

— Você está completamente bêbada Paula, não se envergonhada disso?

O professor tomou o cartão de sua mão e abriu a porta do quarto dela, levando-a para dentro abraçado ao seu corpo.

— Desculpe-me professor, eu não estou bêbada, apenas não estou acostumada a tomar esse tipo de bebida!

— Imagino o tipo de diversão que você e Tamara estavam tendo, te levarei para cama e amanhã teremos uma conversa séria sobre isso.

Paula sentia que ele não a soltava em nenhum momento, e estava começando a se sentir mal por estarem tão colados. Não estava embriagada a ponto de não conseguir chegar na sua cama, e aquilo era humilhante.

Robson a ajudou a deitar e jogou um lençol sobre as pernas dela, pois parecia que até ele estava incomodado com a situação.

— Trate de dormir bem, porque amanhã você terá muito trabalho e estudo para que não sobre tempo de pensar em bobagens e farras! — disse ele, ao fechar a porta e sair apressado.

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