CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 03
Sophia Clark
Eu não conseguia entender e nem acreditar que isso estava mesmo acontecendo comigo. Eu devo ter atirado pedras na cruz sem saber, porque o meu azar é sempre tão grande.
Se a minha intenção era ficar mais longe possível desse homem, agora é que eu estou realmente ferrada e não sei nem o que fazer. Estou presa em um lugar que eu não conheço, e isso fica em um país aonde eu não moro, não tenho dinheiro, e nem ao menos o meu celular está aqui comigo, porque todas as minhas coisas ficaram no carro, inclusive a minha bolsa preta.
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Depois que ele saiu do mesmo cômodo que eu estava, comecei a me lembrar de todas as palavras dele, e não consigo chegar a um ponto de vista coerente, nada do que ele me falou faz sentido, eu preciso dar um jeito de fugir daqui e averiguar esses documentos, pois não me lembro de ter assinado nada diferente de um contrato administrativo, e nem muito menos um documento de casamento, seria mesquinho demais da parte dele ter feito algo assim comigo, sem nem ao menos me conhecer.
Volto para a porta tentando abri-la, mas isso parece porta chique de hotel aonde só abre com o cartão ou coisa parecida, ele deve ter razão e deve abrir apenas com a digital dele. Como vou conseguir dormir aqui? Se é que isso seja possível, e o problema é que pela quantidade de andares que passamos, nem tem a possibilidade de eu sair pela janela, preciso dar um jeito de fugir por essa porta.
Como não conheço a casa e ele não me explicou nada, acabo me deitando no sofá da sala. Tiro os meus sapatos e solto o meu cabelo, enquanto penso em inúmeras formas de fuga, mas o sono me vence, e acabo dormindo.
Quando acordo pela manhã estou em um quarto. Sento rapidamente assustada, olhando por tudo para saber aonde estou... percebendo que certamente ele me trouxe até aqui. Mas, como não vi?
Desesperada, levanto a coberta para verificar se estou vestida, e percebo que estou apenas de calcinha com a parte de cima “eu não acredito que ele tirou a minha saia e eu também nem vi”, penso.
Olhando por todos os lados não vejo ninguém, me levanto rapidamente procurando para ver se encontro a minha roupa e não a vejo, e ao lado do travesseiro encontro um bilhete escrito à mão.
“Bom dia, esposa! Não pensei que dormisse tanto, então como eu precisava resolver umas coisas, saí logo cedo! Como dormiu no sofá, eu te levei até a nossa cama, já pedi para a Margarida passar comprar roupas para você, porquê vamos “combinar”, aquelas são péssimas... Embora eu tenha adorado a calcinha, esse modelo é perfeito, adoro renda...“ — parei de ler rapidamente para ver que espécie de calcinha eu estava usando.
“Ufa! Pelo menos não estou com aquelas enormes que costumo usar” penso, acho que é de tanto a minha irmã falar, que se um dia eu sofresse um acidente na rua, iriam pensar que era um homem com aquelas calçolas, então acabei comprando uns modelos novos.
Parei para respirar e continuei lendo:
“Acho que não começamos o casamento de um jeito legal, então te convido para almoçar comigo, e se se comportar, amanhã poderá vir conhecer a empresa, com o cargo e o salário que te prometi! Tem um celular novo na mesa da cozinha, e nele o meu contato salvo lá, qualquer coisa me avise! Um beijo na boca igual aquele”...
Eu fiquei puta da cara com isso! A primeira coisa que fiz, foi ir na cozinha buscar o celular, porque o filho da mãe, se quer me entregou o meu, e hoje acordei irritada. De que beijo esse louco, fala?
— Bom dia senhora,Taylor! — quase que fico sem ar, e demoro alguns segundos para voltar a respirar, com a voz de alguém que nem sei quem seja.
— Quem é você? — pergunto, encostando na parede do corredor, ao olhar para uma mulher de meia idade, colocando várias sacolas na mesa.
— Sou a Margarida, senhora! O patrão me mandou comprar umas roupas para a senhora, estão todas aqui, e as que faltaram vou mais tarde, ele tem bom gosto! — ela falava, enquanto eu a observava desconfiada, investigando tudo, e qual era a dela em falar tão calmamente como se já me conhecesse.
— Eu não sou nenhuma velha, e muito menos Taylor, e não vou usar roupas compradas por um homem como ele, que está longe de ser o meu marido! — ela me olhou dos pés à cabeça.
— Creio que vá precisar, senhora! Porque quando eu chegava bem cedo, o vi jogando uma saia no lixo lá de baixo, e os seguranças às vezes vem aqui... sem contar que me mostrou bem alegre o documento de casamento de vocês! — apontou para algo na mesa, e fiquei em choque... eu realmente estava de calcinha na cozinha daquele homem, e aquele era um documento de casamento, mas como?
Peguei o documento e verifiquei que até um juiz assinou, e eu realmente estava casada com ele, então acabei sentando na cadeira, e comecei a contar tudo para a Margarida, e pedir ajuda:
— Entende agora, o meu desespero? Preciso que me ajude a sair daqui. A sua digital abre a porta?
— Não posso senhora... já trabalho a sete anos para o senhor, Taylor, e adoro esse trabalho! A senhora deveria estar feliz, as mulheres fazem de tudo para tentar ter algo com ele, mas são poucas que ele escolhe, e não dura nada, apenas quando bebe por pensar na senhora, que faz alguma merda, e acaba pegando mulher fácil, mas...
— Que história é essa? Ele é um mentiroso, eu nem o conheço! Meu Deus, eu queria saber de onde ele tirou isso, o que vou fazer? — debruço os cotovelos na mesa, com a cabeça baixa, e o celular toca.
Olho para o visor do celular que deve custar uma fortuna, e vejo quem está na tela: “marido”, sorrio ao ver a audácia desse homem, e como ele está jogando comigo, vou manter o meu controle, e mostrar que também sei jogar, ele vai cair no próprio jogo, dele...
— Marido?
— Bom dia, esposa! Vejo que acordou de bom humor, pelo visto gostou da minha cama? — falou zombeteiro, e a minha vontade era enfiar aquele celular na goela dele, mas me fiz de sonsa, e atuei.
— Estou bem melhor hoje, e obrigada pelas roupas... eu estava mesmo precisando trocar tudo... — joguei depressa uma das sacolas abertas sobre a mesa, olhando o que tinha nelas, para não me perder na mentira.
— Hum... já vi que está voltando ao normal, e fico muito feliz. Fique bem bonita, que no horário de almoço vou te buscar, vamos a um local bem sofisticado quero que se acostume com a sua nova vida... — que ódio desse homem, juro que vou quebrar a cabeça dele na primeira oportunidade. Que “ser” mais folgado...
— Ok, vou me arrumar então, senhor... opa! Marido! — zombei.
— Um beijo na boca, gata! — revirei os olhos e desliguei, eu já não estava aguentando atuar. A Margarida me olhava muito, parecia me analisar.
— Se me permite um conselho, senhora... se o tratar bem, terá tudo o que quiser dele, o Arthur tem um coração lindo, eu o conheço bem! Não vá por outro caminho que ele tem uma barreira de defesa e pode usar contra a senhora, vá por mim...
— Eu não acho... ele é um trapaceiro e mentiroso, aposto que engana até você! Mas... por enquanto vou seguir o jogo dele e ver até onde vai, Margarida... vamos ver quem sabe jogar melhor...