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Manhattan - Distrito de Nova York
Alguns anos atrás...
VINCENZO ROMANO
Meu nome é Vincenzo Romano. Há mais de trinta anos, meu pai Lorenzo, que é o dono da Antinori, uma das mais antigas vinícolas italianas, mudou-se da Itália para Nova York. Sendo um visionário para os negócios, ele fundou o primeiro restaurante italiano de Manhattan e, seis anos depois, conheceu minha mãe Amber, com quem se casou. Meu pai fez questão de que eu nascesse em solo italiano e, devido a uma série de complicações durante o meu nascimento, sou o único filho e herdeiro das redes de restaurantes Romano, que se espalharam pelo território americano como uma erva daninha, e também da segunda maior exportadora de vinho do mundo. Embora eu tenha apenas vinte e sete anos, tenho me dedicado ao máximo aos negócios do meu pai desde cedo. No entanto, sei que seu maior desejo é que eu deixe a vida de libertinagem e mostre interesse em me casar, algo que não está nos meus planos. Tanto que, neste exato momento, estou indo para uma das melhores casas de luxo do país. Entediado após um dia cheio de problemas, somente duas coisas são capazes de me acalmar: ter uma boa foda e uma boa dose de The Macallan 1946, considerado o melhor uísque do mundo. Meus pensamentos foram interrompidos quando o automóvel parou. Logo em seguida, minha voz ecoou no ambiente.
— O que está acontecendo? — questiono, já irritado.
— Os seguranças me informaram que ocorreu um acidente com uma caminhonete. Por esse motivo, o fluxo de veículos está bastante intenso — respondeu James, meu motorista. Não que me agrade ter que andar com uma escolta, mas ser um dos homens mais ricos do mundo tem um preço e, por esse motivo, é sempre bom estar precavido, deixo os devaneios de lado ao ouvir sua voz novamente.
— A única alternativa será pegar o desvio que passa em frente à praça.
Assenti com a cabeça e o carro começou a se mover novamente. Fechei os olhos e vários pensamentos passaram pela minha mente. De repente, senti um desconforto terrível. Inquieto, abri os olhos e vi que o veículo estava parado novamente devido a uma grande multidão que atravessava a faixa de pedestres. Em questão de segundos, olhei através do vidro do carro e avistei a perfeição à minha frente.
Uma bela garota magra, aparentemente bem jovem, mesmo com a cabeça abaixada, dava para notar que sua beleza era estonteante, a ponto de deixar qualquer um extasiado, quase em transe. A menina segurava dois potes de doces em suas mãos e, assim que o carro começou a se mover, uma onda escaldante tomou conta do meu corpo. Quando ela levantou a cabeça, pude avistar aqueles olhos brilhantes como nunca tinha visto em toda a minha vida.