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TAYLOR

Tenho que admitir que não me lembrava o quão bonita a irmã do Andrew era. Eu a vi apenas uma vez, e mesmo assim, ela não foi nada simpática. Após passar a manhã conversando com ele, almoçaremos com Kate em um restaurante chamado George Restaurant, localizado na rua Queen St E. O lugar é especializado em culinária francesa e canadense. Kate nos aguarda do lado de fora da empresa. Com meus óculos, reparo nos detalhes do corpo dela e como ela fica bonita em roupas profissionais. Kate tem uma personalidade forte e, como Andrew costumava dizer, sua irmã gosta de mandar e desmandar, seja com quem for. Mas as coisas eram um pouco diferentes com ele, já que seus pais passaram muito tempo ocupados em fazendas ou viajando pelo mundo, então quem mais cuidava dela era ele. Por isso era compreensível que ela não fosse com a minha cara quando seu irmão começou a fazer faculdade.

Enquanto caminhamos em direção ao restaurante, aproveito para zoar com meu grande amigo:

— E aí, Andrew, pelo visto você tem se aventurado bastante nas baladas canadenses desde que voltou da faculdade, não é? — Envolvo meu braço em volta do seu pescoço e aperto, mas não com muita força. Ouço Kate rir do outro lado e continuar caminhando.

— Se aventurar? Na verdade, ele vive nas baladas. Perdi a conta de quantas vezes fui atrás dele e descobri que está em alguma balada nova que abriu. — Kate comenta, rindo.

Começo a rir com o comentário de Kate e faço um sinal negativo para meu amigo, que fecha a cara desaprovando.

— Vocês dois vieram almoçar ou ficar falando das minhas saídas?

Chegamos ao restaurante, observo o ambiente com seu toque rústico e aconchegante. Rapidamente percebo Kate falando com a recepcionista, que parece um pouco desconfortável diante do olhar indiscreto de Andrew. Reviro os olhos. Esse meu amigo não tem jeito mesmo. Assim que somos conduzidos a uma mesa para quatro pessoas, já que somos apenas três, recebemos os cardápios e nos sentamos. Faço questão de puxar a cadeira para Kate se sentar, e como agradecimento, recebo um sorriso encantador dela. O garçom se aproxima, anota nossos pedidos e sai. Volto minha atenção para Kate e Andrew, mas antes que eu possa perguntar algo, sou surpreendido pelo olhar de Kate, acompanhado de uma pergunta precisa:

— Andrew disse que você veio para Toronto após herdar toda a empresa. Por que aqui?

Me acomodo na cadeira e olho diretamente nos olhos dela.

— Escolhi Toronto porque é um lugar cheio de grandes projetos. Além disso, oferece ótimas oportunidades para engenheiros como eu. E, ao recomeçar, perdi meus pais há dois anos e prometi que cuidaria com empenho da empresa.

Percebo a postura de Kate mudar depois de minha resposta. A expressão de surpresa em seu rosto é substituída por uma mistura de compreensão e admiração.

— Eu sinto muito pela sua perda. Não deve ter sido fácil para você.

Balanço a cabeça em agradecimento. — Não foi, mas a vida continua. Eu precisava seguir em frente e honrar o legado dos meus pais.

Um momento de silêncio se estabelece na mesa, e consigo ouvir apenas as conversas das pessoas nas mesas próximas. Andrew quebra o silêncio, decidindo compartilhar algo.

— Taylor sempre foi o cara certinho da turma na faculdade, e, claro, o mais esquisito em termos de aparência. Ele não se importava tanto com isso como eu e os outros caras. — Olho para o lado e sorrio. Realmente, tenho que admitir que não me preocupava muito com a aparência.

— Certo, senhor garanhão. Quem passa a maioria do tempo querendo pegar todas as garotas da faculdade? E ainda queria minha ajuda para dispensá-las. — Bato com o punho no braço de Andrew, como costumávamos fazer na faculdade.

O almoço é servido enquanto continuamos conversando. Fico surpreso com o quanto Kate vai se soltando, o que me deixa cada vez mais curioso. Nunca, senti algo assim por uma mulher. Seu jeito superior me atrai mais do que eu esperava. Depois de muita conversa, nos despedimos, e aviso que tenho que ir até a empresa resolver algumas coisas.

KATE

Assim que nos despedimos de Taylor, considero bombardear meu irmão com perguntas, mas conheço ele o suficiente para saber que ele vai achar isso estranho. Afinal, no começo, eu nem queria conversar com Taylor. Mas agora estou curiosa demais para saber mais sobre ele, como ele lidou com a perda dos pais tão repentinamente e como superou as dificuldades com tanta determinação. Tento afastar esses pensamentos da minha mente e seguro firme no braço do meu irmão. Ele me olha com uma expressão de quem não entendeu nada.

— O que foi, Kate? Você está se sentindo bem?

Sorrio, apreciando sua preocupação, e afirmo que estou bem.

— Andrew, por que você não me contou que Taylor perdeu os pais recentemente?

Ele me olha surpreso e suspira.

— Kate, quando ele perdeu os pais, eu estava aqui com você, terminando de montar a empresa. Foi quando fiz aquela viagem de última hora. Além disso, você estava tão empolgada com a abertura da empresa que acabei deixando isso de lado.

Volto a olhar para frente e continuamos caminhando até a empresa. Mas algo continua me deixando inquieta. Como não percebi o motivo pelo qual meu irmão se ausentou?

— Eu não consigo imaginar a nossa vida sem os nossos pais. Mesmo morando no interior, já sinto como se estivesse faltando um pedaço de mim.

Aperto ainda mais o braço de Andrew, que não reclama tanto, afinal, ele tem mais músculos do que eu.

— Kate, calma. Isso não acontecerá. Você sabe que eu nunca deixaria nada de ruim acontecer com você, certo? — Concordo com ele, mas não consigo evitar essa sensação estranha.

Jogo o cabelo para o lado e vou direto para a empresa. Quando finalmente estou esperando o elevador, noto que meu irmão está conversando com uma mulher, que é até bonita, mas tenho certeza de que será apenas mais uma conquista dele. Reviro os olhos e sinto o celular vibrar na minha bolsa. Vejo ser uma mensagem de Andrew.

“Maninha, infelizmente terei que ir embora mais cedo. Tenho alguns assuntos empresariais para resolver e estarei ocupado o resto da tarde. Beijos.”

Bufo com a sua mensagem e rapidamente tiro uma foto dele saindo acompanhado da mulher e envio para ele.

“Sei bem quais são seus ‘assuntos empresariais’. Te conheço muito bem, Andrew Collins Reynold.”

Percebo o elevador chegar, mas estou tão ocupada zoando meu irmão que acabo esbarrando em alguém. E esse alguém, pelo visto, malha muito, porque doeu...

— Ai, hum... Desculpa, é que... eu estava... deixa para lá. — Ergo meus olhos pelo corpo do homem com quem acabei esbarrando e levo um susto ao notar que é o Henry, meu estagiário.

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