Faíscas
KATE
Taylor ignora minha reação e vai para seu lugar. Dá partida no carro e seguimos diretamente para o local de sua empresa, que fica a poucos minutos da minha. Trata-se de um prédio de 10 andares, onde costumava funcionar uma empresa de tecnologia. Segundo Taylor, ele comprou o prédio após a falência da empresa e agora planeja fazer algumas mudanças. Há muitos equipamentos nas salas, e ele deseja ampliar o espaço de alguns andares, separar os setores e ter sua própria sala no último andar. Ele menciona que a decoração será moderna, sem muitos tons escuros.
Enquanto ele fala, observo cada centímetro do seu corpo. Como ele mudou e como está ainda mais atraente. Quando o conheci, ele não possuía essa aparência atual. Parece que fica mais sexy e bonito a cada dia. Kate, pare com esses pensamentos e concentre-se no que veio fazer aqui.
O celular de Andrew toca e ele se afasta de nós, nos deixando sozinhos para continuar a visita. Taylor aproveita o momento e pega minha mão, interrompendo meus pensamentos.
— Kate, por que tenho a impressão de que você está me evitando? Seus ciúmes em relação ao seu irmão ainda não passaram depois de tanto tempo? — Puxo minha mão da dele e sinto um arrepio percorrer meu corpo.
— Não estou te evitando. Ainda não suporto você. Estou aqui pelo meu irmão, mas isso não significa que já gosto de você. Volto a caminhar, observando o ambiente e fazendo anotações.
— Caramba, bem direta você, não mudou nada. — Ele se afasta e se cala.
Meu irmão volta para perto de nós e diz que precisa nos deixar, por ocorrerem alguns problemas em outra obra que ele está supervisionando.
— Vou com você. — Ele nega com a cabeça e pede para eu ficar para terminar as anotações, afirmando que Taylor vai me levar para casa.
Reviro os olhos e concordo. — Fazer o quê, vou ter que suportar. — Falo baixinho, pensando que ele não poderia ouvir.
— Eu ouvi o que você disse. Se acha tão ruim ficar na minha companhia, pode ir embora, ciumenta. — Ele pega um objeto e joga longe, acertando a parede.
— Não era para você ouvir. Desculpe. E não sou ciumenta, só não gosto de você. Já disse isso antes. E também não precisa me levar para casa, sei muito bem voltar sozinha. Arrogante!
— E você não passa de uma patricinha, mimada. Que acha que tudo é só seu. — Seu tom de voz se altera mostrando que consegui irritá-lo.
Mas ouvir ele me chamar de patricinha mimada faz meu sangue ferver. — Patricinha é uma ova! — Quem ele pensa que é para falar assim comigo? O senhor da razão? Me viro bruscamente e me aproximo dele, cheia de irritação.
— Quem você pensa que é para me tratar desse jeito? Apenas um cara convencido e arrogante!
Ele me encara, seus olhos fixos nos meus. Seus olhos verdes são hipnotizantes, mas mesmo assim ele continua sendo irritante e prepotente. Seu tom de voz, sua postura… tudo nele me deixa furiosa.
— Olha, acho melhor eu ir embora antes que a gente acabe brigando feio.
Interrompo nosso contato visual e saiu andando. Continuo andando, distraída, e nem percebo que há um objeto no chão que me faz tropeçar. Antes que eu caia, ele me segura firme pela cintura, colando nossos corpos de uma maneira inesperada. . Uma onda de sensações percorre meu corpo, e sua respiração próxima ao meu pescoço provoca um leve arrepio em mim.
Sem pensar muito, apoio minha mão em seu braço, ainda acelerada pelo susto. Sua atitude foi rápida e me salvou de uma queda iminente.
— Obrigada, mas já pode me soltar. — Falo com firmeza, e ele me solta imediatamente. Distancio-me dele determinada, mantendo minha atenção voltada para o caminho à minha frente.
Continuo andando, tentando afastar da mente as imagens do momento em que ele me salvou. Não posso permitir que esses pensamentos me perturbem. Afinal, não suporto esse cara.
Retomo minhas anotações sobre o local e, enquanto continuamos a explorar o prédio, decido questioná-lo sobre suas intenções com relação ao design do lugar.
— Taylor, você realmente planeja mudar todo o design do prédio? Acho que algumas áreas podem ser preservadas, não acha?
Ele parece pensar por um momento antes de responder, seus olhos fixos em mim.
— Talvez você esteja certa. Analisaremos com mais cuidado e ver se conseguimos incorporar elementos existentes. Estou aberto a sugestões.
Sinto um misto de surpresa e satisfação por ele estar disposto a considerar minhas ideias. Talvez, só talvez, haja uma chance de trabalharmos juntos de forma mais harmoniosa nesse projeto.
Continuamos percorrendo o prédio, discutindo ideias e possibilidades para a reforma. Surpreendentemente, Taylor se mostra receptivo às minhas sugestões e parece disposto a trabalhar em conjunto para encontrar soluções que preservem a essência do lugar.
Enquanto exploramos as salas e corredores, observo sua expressão concentrada e percebo que ele está realmente comprometido com o projeto. É intrigante como alguém que inicialmente despertava apenas aversão em mim agora desperta um interesse profissional.
Conforme analisamos os espaços, debatemos sobre a distribuição dos setores, a iluminação adequada e a criação de ambientes funcionais. Gradualmente, uma dinâmica de trabalho começa a se estabelecer entre nós, baseada em troca de ideias e respeito mútuo.
Apesar de manter minha guarda alta, não posso negar que há uma certa química entre nós, uma tensão palpável que surge a cada olhar ou contato casual. No entanto, prefiro ignorar tais sentimentos e focar no que realmente importa: concluir o projeto de forma bem-sucedida.
Enquanto deixamos o prédio, o sol se põe no horizonte, pintando o céu com tons quentes de laranja e rosa.
— Bom, já vou indo. Não precisa me levar em casa. — Digo, me virando e começando a andar em busca de um táxi.
No entanto, antes que eu possa avançar muito, ouço passos rápidos atrás de mim. Taylor segura meu braço, enviando uma onda de sensações desconhecidas percorrendo meu corpo.
— Espera aí! Prometi ao seu irmão que te levaria de volta para casa. Então, pare de ser orgulhosa e entre comigo no carro. — Ele fala, com uma mistura de firmeza e preocupação em sua voz.
Olho para ele, sentindo uma mistura de surpresa e incerteza. Por que ele está sendo tão insistente? Será que é apenas pelo meu irmão ou há algo mais por trás disso?