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Mateus narrando
- Elizabete? - Manoel fala me encarando
- Sim - Eu respondo
- Você vai trocar Daniela por ela? - Ele fala me olhando
- Não vejo nada de errado com a Elizabete - Eu falo
- Talvez seja que vamos ter que cortar o nome dela pela metade - Gabriel fala
- Elisa - Eu respondo - Já estou cansado disso, a onde ela tá?
- Se arrumando - Marisa fala - Você ainda vai se arrepender por não levar a Daniela.
- Daniela tem a maior cara de puta - Eu falo - Já a Elisa não.
- Só que a Elizabete já está aqui a muito tempo - Ela fala - Essa garota é mais larga do que tu pensa.
- Olha eu pego algumas putas por aí - Ela me encara - E elas são bem apertadinhas.
- Mateus - Marisa fala me encarando
- É lá no fundo né? Gabriel manda levar o meu carro até lá - Ele assente - Vou buscar a garota.
Elizabete narrando
O quarto era pintado de preto, as luzes eram fracas, oque dava um ar bem satânico para o quarto, eu estava com uma calça jeans e uma blusa branca de manga curta, um tênis branco.
Arrumo o meu cabelo em um rabo de cavalo alto, e aí percebo que ele estava enorme, não faço ideia da última vez que eu cortei eles, foi uma garota que dividia o quarto comigo, isso faz oque 1,2 anos atrás?
Aqui não tenho noção de tempo, noção das horas, quando vejo já amanhecia ou anoitecia, sempre era a mesma coisa, a mesma rotina.
Fecho os meus olhos e uma leve lembrança vem na minha cabeça:
" - Larga ela - Eu gritava
- Cala boca Elizabete - Ele dizia
- Deixa ela em paz - Ela dizia
- Eu vou matar você Laura e depois vou matar essa garota que você chama de filha - Ele gritava
- Ela também é sua filha - Minha mãe dizia alto e eu tento fazer ele largar ela mas não conseguia. "
Uma lágrima desce pelo meu rosto e limpo com a minha mão ela, e abro os olhos, ele estava parado na minha frente de braços cruzados, me encarando com o asseblante fechado, eu abro a boca para falar alguma coisa, mas não consigo, fecho a boca novamente.
- Tudo bem? - Ele fala e eu assinto com a cabeça e ele continua me encarando - Você vai comigo - Ele diz em um tom de voz rígido.
- Ok - Eu respondo para ele quase sem voz.
Uma coisa que eu nunca fui, foi corajosa, meu coração parecia que ia sair pela boca, meu corpo estava pesado, minha cabeça parecia girar.
- Você tá bem? - Ele pergunta quando vê que eu estava fora do ar.
- Sim - Eu respondo.
- Anda - Ele fala - Não tenho o tempo inteiro do mundo para ficar aqui, sem gracinha - Ele fala levantando o paletó dele é me mostrando a arma - Vai ter dois carros junto do meu cheio de segurança, qualquer gracinha, você morre - Ele fala apontando o dedo para a minha cara.
- Não vou tentar nada - Minha resposta sai rápida e com um tom de voz medroso.
- Acho bom mesmo - Ele fala - Porque não quero perder dinheiro assim fácil fácil.
Para eles eu era uma mercadoria, uma troca de dinheiro, enquanto eu fosse nova , bonita e cheia de vida, eu iria valer muito nas mãos dele.
Mateus narrando
Eu sempre fui muito reparador nas pessoas isso desde pequeno. Elisabete estava movimentando as mãos uma encima da outra enquanto eu dirigia, era claro, o seu nervosismo, os seus pés delicadamente balançava em encontro um ao outro.
- Você está nervosa? - Eu pergunto entre o silêncio dentro do carro, é claro que ela me encara na mesma hora.
- Sim - Ela responde
Ela respondia tudo oque eu perguntava, era como se tivesse sido treinada para isso, alguma coisa em seus olhos escondia muito sofrimento,eu sei muito bem oque Marisa e Manoel fazem com essas garotas, oque elas passam lá não é a mesma coisa que irem ao parque de diversão, só se for, do terror.
- Eu te comprei Elizabete - Eu falo enquanto eu paro na sinaleira - Meu pai Antonio ele é o presidente do país - Ela me encara - Ele precisa que eu tenha uma esposa e quem sabe construa uma família - Seu olhar muda para a rua - Você parece uma pessoa ideal para isso, claro que vai ter que aprender algumas coisas - Ela suspira - Vai fazer oque eu mandar e não vai ser livre, você vai ficar dentro de um quarto, da casa , conforme for, e só vai sair quando eu disser que você pode - Ela assente com a cabeça - Olha para mim - Ela me encara - Eu não sou só o filho de um presidente, eu sou chef de uma máfia - Ela arregala os olhos - Eu não quero que você conheça o meu outro lado, ok? - Ela assente. - Eu não quero te machucar, acredita em mim - Ela assente com a cabeça novamente.
O sinal abre e eu ando com o carro.
- Como você se chama? - Ela pergunta quebrando o silêncio.
- Mateus - Eu respondo para ela que assente com a cabeça - Apartir de agora você é só Elisa - Ela assente.
Assim que paro o carro na frente da minha casa, ela olha enredor, a minha casa era enorme e a área dela também, aqui ficava a sede da máfia também, oque fazia ter muitos seguranças e homens armados para tudo que era lado e câmeras também.
- Vamos descer - Eu falo abrindo a sua porta e ela agradece descendo do carro - Vem - Eu falo para ela que me segue para dentro da casa.
Eu imaginei que a minha mãe já estaria por aqui mesmo essas horas da noite, mas a sua mensagem no meu celular já avisava que só iria vir amanhã para ver a tal garota que eu escolhi. Talvez Elizabete iria passar por mais um momento de humilhação.
- Você vai ficar aqui no meu quarto - Eu respondo para ela - Acredito que você vá ficar confortável. - Ela encarava tudo em silêncio - Você só quando eu mandar, entendido?
- Sim - Ela repete.
- Beleza - Eu respondo - Se você fizer tudo como combinado, no final ainda vamos nos dar bem - Eu falo servindo um pouco de bebida para mim - Você bebe?
- Não - Ela responde - Mas se você quiser posso beber - Eu a encaro.
- Prefiro que você não beba - Eu respondo e ela assente. - Eu acho que já falei com você todas as condições, caso você queira contar a verdade para alguém, fugir, me desafiar, ou qualquer algo do tipo, acredito que quem vai sofrer as consequências ser a algumas pessoas lá em São Paulo - Ela levanta a sua cabeça que estava baixa e me encara. - Vou repetir mais uma vez eu não quero te machucar - Ela me encara com os olhos cheios de lágrimas e meus olhos se prendem a ele.
Deixo ela a vontade no quarto e saio para baixo, meu telefone não parava de tocar e era meu pai.
Maldita hora que fui nascer filho de presidente.
Elisabete narrando
Assim que a água quente cai sobre o meu corpo e sobre as minhas cicatrizes, eu dou um pequeno gemido de dor, elas ainda ardia muito, e a minha pele estava muito sensível, abro um pouco mais o registro, mas não conseguia deixar a água morna.
Quando eu escutei ele falar sobre as pessoas "Em São Paulo" tudo que eu queria era perguntar todas as dúvidas que eu carreguei até agora comigo, todas as agonias e as angústias que eu tenho aqui dentro de mim.
Será que esta aqui, era pior do que está em todos os lugares que eu estive durante esses três anos?
Pela primeira vez depois de três anos eu tomei um banho tranquila e sozinha, sem um monte de garotas junto e tendo que dividir o chuveiro, coloquei uma roupa limpa e com cheiro de rosas, olhei para o quarto todo ao redor, ele era enorme para um simples quarto.
Tinha estantes com vários livros que deveria ser apenas de enfeite, uma cama enorme, uma TV grande pendurada na parede, uma mesa com uma bandeja de comida, na mesma hora que avistei a bandeja meu estômago rondou e me fez lembrar que eu não comia fazia quase dois dias.
- Oi - Eu chamo baixo andando em direção a cama mas não tinha ninguém. Ele não estava ali.
Encaro a bandeja de comida e a mesa, olho pelos cantos do quarto e parecia não ter câmeras por ali. Faço menção para pegar algo para comer mas não pego, quando me vem à lembrança da última vez que peguei algo para comer sem pedir e sem dizer que eu poderia comer, eu não queria passar por aquilo de novo, não mesmo.
Vou em direção à um pequeno sofá de um lugar que tinha ali e sento, ele era encostado na parede, consigo encostar a minha cabeça na parede e aos poucos o sono ia batendo e se dividia com a vontade de comer.
- Elisa - Sinto alguém me balançando - Elisa, acorda - Abro os olhos lentamente dando de cara com Matheus me encarando - Você vai dormir na poltrona?
- Não - Eu falo meio sonolenta.
- Você não quis jantar? - Ele pergunta
- Sim - Eu falo - Não - Ele me olha confuso.
- Sim ou não? - Ele pergunta grosso.
Ele não tinha muita paciência para o meu nervosismo e isso ele tava deixando bem claro.
- Desculpa - Eu respondo - Eu não sabia se eu podia comer - Ele me encara - Mas agora eu quero deitar e dormir apenas.
- Pode comer, vou pedir para trazer novamente - Ele fala - Não vá dormir com fome, não faz bem.
- Tudo bem- Eu respondo - Já sou acostumada, não precisa pedir para ninguém trazer, já deve ser super tarde.
Ele para e me encara e eu encaro ele e agora percebo que ele estava sem camiseta.
- Existe empregados aqui para trabalhar - Ele fala - Não vai ter problema nenhum, eles já estão trazendo de volta.
- Obrigada - Eu respondo para ele
- Vou tomar banho - Ele fala - Eles vão entrar e deixar a sua comida aqui encima, se comporte - Assinto com a cabeça.
Conforme ele falou uma senhora baixinha junto de dois homens entraram e deixaram a comida, a senhora nem sequer me olhou, e os homens apenas me encararam. Fico pensando oque seria tudo isso? Essa casa era tomada por homens armados para tudo que era lado.
Sento na mesa e começo a comer, confesso que não faço ideia de quanto tempo eu não tenho uma refeição decente desse jeito, uma comida fresquinha, saborosa e quente. Parecia que essa tinha sido a minha última refeição.
-, Há quantos dias você não come? - A voz dele soa e eu encaro ele que mechia no celular e me encarava ao mesmo tempo - Tem uma escova de dente para você no banheiro, melhor você descansar que amanhã será um dia cheio para você - Apenas assinto com a cabeça.
Oque ele quis dizer com um dia cheio para mim?