Capítulo Um
Parte 1
Lorenzo abriu a porta de sua Ferrari azul e viu quando duas garotas o olharam com um sorriso sedutor, mas não deu atenção. Sua mente estava cheia com outros pensamentos e de outra pessoa.
Uma pessoa que o deixava louco, tanto de raiva quanto de tesão.
Amanda Rios era a culpada de muitas noites acordado e ela não dava a mínima pra isso. Assim como ele não dava a mínima para os olhares de inveja de muitos homens, quando passava com sua potente Ferrari pelas ruas de Londres. Adorava o carro e sabia que chamava atenção. Era a representação de status, de sucesso e de riqueza.
E ele batalhou muito para chegar no ponto onde estava agora na vida e muitas vezes tinha sido bem difícil. Algumas portas se fecharam e ele teve que buscar outras, mas tinha conseguido.
Quando parava nos sinais de trânsito era comum as cabeças se virarem para olhar o carro. Muitas mulheres até davam em cima dele no rápido momento de espera até o semáforo abrir, mas ele não queria seus olhares e flertes. Queria que ela o olhasse e o visse como realmente era e não como ela pensava.
Amanda o tinha como um playboy rico e sem nada a oferecer, a não ser seu corpo. Pensava que era um homem de negócios, apenas mais um CEO que só queria dinheiro. Mas ela estava enganada.
Ele queria mais. Sempre quis mais, desde pequeno. Sabia que sua vida poderia ser muito melhor do que a que já tinha e seguiu atrás de cada sonho que teve.
Há quatro anos ele a queria, mas ela nunca o deixou se aproximar de verdade. Sempre o cortava com educação, mas era sempre fria e mostrava que não apreciava sua companhia, apesar de todos os seus esforços e de ser um homem muito bem educado.
Ele nunca usou a desculpa de ser famoso e um CEO de sucesso que administrava uma rede de restaurantes com filiais espalhadas pelo mundo. Sempre foi ele mesmo ao lado dela.
Era como se ele tivesse algo contagioso que ela tivesse medo de pegar. Nunca lhe dava uma chance.
Ela sempre tinha algo a dizer, não importava qual fosse o assunto e geralmente ele estava sempre errado em sua visão. Ás vezes era divertido ver as indiretas e diretas que ela jogava em cima dele, mas quando o ignorava era o inferno. E ela fazia muito disso.
Preferia mil vezes que brigasse com ele do que tratá-lo como um qualquer. E no último mês ela vinha fazendo isso e estava conseguindo irritá-lo bastante.
Costumavam se encontrar com um grupo de amigos em comum para jogar póquer nas noites de quinta, assistir as corridas de cavalos no hipódromo e eventualmente em alguma reunião ou festinha de algum deles.
Esses encontros eram sempre cheios de farpas direcionadas a ele, mas agora nem isso ela vinha fazendo. Apenas dava um falso sorriso e se afastava. E ele nem sabia porquê.
Mudou de ideia sobre ir para casa e entrou na avenida que o levaria á casa dos pais. Era um velho hábito dele buscar consolo na comida da mãe. Aliás, era mais um costume enraizado do que hábito.
Fazia isso as vezes sem nem perceber. Coisas de família italiana.
Balançou a cabeça sem entender qual seria o real motivo de Amanda o tratar dessa forma. Não se recordava de ter sido grosseiro ou abusado com ela nesses quatro anos em que se conheciam.
Ele só queria uma chance de mostrar que era uma boa pessoa.
Pisou fundo e sua Ferrari prontamente obedeceu dando um salto de velocidade. Adorava correr e fazia isso como um modo de relaxar. Infelizmente, Londres estava cheia de regras de velocidade e estava ficando impossível curtir o poder dos motores de seus carros.
Um exagero por certo, mas o mundo vinha se tornando um lugar cheio de exageros. A cada dia criavam mais e mais proibições para tudo. Em breve seriam uma sociedade doente e apática.
E o pior que a maioria nem reclamava porque tinha uma preguiça enraizada criada pelo excesso de tecnologia que parecia deixar todos apáticos em frente a uma tela.
O pior ainda era saber que ambos tinham as mesmas paixões por várias coisas, mas que ela não o permitia se aproximar. Naquele momento deveria estar dirigindo para o hipódromo, mas não estava com saco para aguentar ser desprezado de novo.
Bastava a noite anterior em que ela o havia deixado muito irritado. Ele tinha um cavalo vencedor de concursos de beleza e elegância e também de velocidade. Amanda também tinha. Ele apostava alto nas corridas. Ela também. Ele apreciava uma boa disputa. Ela também.
Ambos passavam horas jogando póquer e adoravam ganhar. Ou seja, eram muito parecidos, mas ela insistia em não lhe dar o benefício da dúvida e deixar que entrasse mais em sua vida e isso o irritava tanto quanto magoava.
Quando a conheceu quatro anos atrás, de cara já ficou interessado em sua beleza e não era pra menos. Amanda era uma das modelos mais bem pagas da atualidade.
Alta, magra com curvas bem feitas, cabelo longo castanho escuro e olhos de um verde escuro penetrante.
Seu corpo se acendeu ao vê-la chegando ao lado dos amigos Mauro e Paul. Ela chamava atenção enquanto caminhava pelo corredor em direção a ele.
Linda, mas com uma língua ferina como veio a descobrir um tempinho depois, porque ela não fez questão de esconder que não apreciava sua companhia. Mas por quê? Essa era sua dúvida constante.
Seus amigos o avisaram que conheceria a nova sócia do hipódromo que estava buscando uma injeção a mais de dinheiro para aumentar e melhorar o local para os novos projetos. Seria uma mão na roda, porque segundo eles, além de ser uma excelente pessoa era também muito rica e apaixonada por cavalos.
Essa pessoa era Amanda Rios, que momentos depois ele veio a descobrir ser a viúva de um dos homens mais ricos da Inglaterra, Sebastian Wallace.
Ela preferia usar seu nome de solteira para não chamar atenção das pessoas sobre quem era na verdade. Ele já tinha ouvido falar dela e de seu casamento, que os fofoqueiros das mídias chamaram de golpe do baú por causa da diferença de idade entre o casal.
Amanda tinha vinte e quatro anos quando se casou com Sebastian que tinha cinquenta e três.
Não tinha visto fotos dela porque não se interessava por mulheres golpistas, já tinha sofrido na mão de uma com quem acabara se casando e tinha sido um inferno.
Não procurou saber das fofocas apesar de terem rodado o meio da sociedade durante muito tempo e ter retornado quando Sebastian morreu deixando a viúva “alegre” como os maldosos frisavam.
Autora Ninha Cardoso.
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