A irritante coincidência

Cap. 5

Impostora por Amor

Manuela

Mal preguei o olho, logo ouço um som de alguém gemendo de dor, em seguida já fico alerta e me solto do cinto de segurança do avião e sigo para os fundos da aeronave, já próximo ao banheiro me deparo com um rapaz jovem de cabeça baixa que está encolhido na poltrona gemendo baixinho. Sem que ele perceba minha ação, eu então me sento ao seu lado e o toco chamando sua atenção, mas logo para minha completa surpresa vejo que é o primo da minha amiga de faculdade Joana. Rafael ao me reconhecer logo respira aliviado.

Então começo a conversar com ele.

Rafael, me explica que está sentindo muita dor do lado direito ao pé da barriga. Nesse momento eu olho no relógio e vejo que falta muito tempo para aterrissarmos em Milão.

Ele então me conta que está indo para Torino, na Itália, para começar seu estágio em uma empresa de software que ele ganhou uma bolsa.

Fiquei impressionada com a coincidência da situação de estarmos indo para a mesma cidade.

Ele então me conta que sempre teve muitos problemas digestivos, e que provavelmente era só mais uma crise, e que não era para me preocupar porque ele estava morrendo de vergonha por ter me acordado com seus gemidos sufocado de dor.

Resolvi então ficar com ele já que a Mirela estava dormindo mesmo, pois de toda maneira eu não conseguiria dormir mais. Já que minha preocupação como futura médica não permitiria abandonar um paciente. Rafael por fim começou a me contar sobre o seu trabalho e acabou se distraindo depois de tomar um analgésico. O restante do tempo seguimos tranquilo com a viagem, porém eu estava preocupada, pois vi que ele não queria me dizer que estava sentindo muita dor. Mas, eu pude perceber. Finalmente se passaram as intermináveis horas da viagem.

Dentro de meia hora estaríamos finalmente aterrissando, para troca de voo. Tudo foi feito rapidamente e enfim eu ajudei o Rafael com suas malas.

Mirela nem ligou para situação do nosso amigo, pois ela também o conhecia.

Eu, porém, continuei com ele, e deixei Mirela ir com Dylan. Já que estávamos todos seguindo para Torino.

Quando por fim Rafael se deu por vencido já no voo com destino a Torino.

Ele começou a me pedir ajuda, pois a situação estava meio complicada.

Logo eu entendi o porquê, pois percebi que Rafael estava sofrendo uma crise de apendicite aguda!

E que seria necessário uma intervenção urgente cirúrgica, ao menos tudo indicava que seria isso, para o meu completo alívio chegamos bem rápido no aeroporto local da cidade.

Conversei com Dylan e com Mirela, mas ela logo disse que ia direto para seu hotel, pois não poderia perder tempo já que ela precisava estar linda logo mais à noite para então noivo.

Dylan apesar de pensar do mesmo jeito, me ajudou nos levando até o hospital Saint. Mas logo se foi, nos deixamos sozinhos.

Eu fiquei somente com o endereço do Hotel e com meu celular para emergência.

Rapidamente entramos no hospital, e logo eu comecei a pedir socorro para o Rafael. Mas não estava sendo nada fácil, pois mesmo sabendo do que ele precisava eu não conseguia explicar a situação devido a não entender e nem falar italiano.

Droga, preciso aprender essa língua urgente! Estou fora de mim já, como pode eles são muitos lerdos. Estamos esperando alguém, que provavelmente é o médico responsável pelo plantão.

Porém, acho uma falta de respeito, ter que esperar tanto assim...

Mesmo sendo o tal médico especialista! Pois, já estamos aqui há mais de uma hora, realmente estou nervosa e sinceramente morta de medo, pois há um tempo atrás vi uma situação semelhante e na época na própria Universidade que eu estudo, tudo aconteceu devido a demora no atendimento também e por isso acabamos perdemos nosso amigo Henrique.

Por isso estou realmente irritada, e gritando praticamente em total descontrole com o descaso.

Quase meia hora depois enfim chega o tal médico principal do hospital, que faria o atendimento adequado ao meu amigo, um alívio logo me invadiu ao perceber que ele falava português e por fim começava a me ouvir.

Porém esse alívio dura muito pouco, pois o médico é um tremendo arrogante e não me dá a mínima para meu diagnóstico, mesmo entendendo que eu sou praticamente uma médica!

Mas também logo acabei sendo grossa e gritando com ele, e logo fugiu totalmente do controle da situação, pois o tal médico me pôs para fora do hospital praticamente me carregando!

Sinceramente ainda não acredito como ele fez isso!? Pois, é simplesmente surreal uma atitude assim, de ogro no estilo homem das cavernas!

Já estou aqui fora do hospital sem poder fazer nada pelo Rafael, a mais tempo do eu sequer posso imaginar, mas espero que esse bendito médico cumpra o que prometeu e o atenda, já que ele disse que só iria atender meu amigo após eu me retirar dali.

Mas, como eu não quis, ele acabou me tirando a força ainda fiquei aguardando por um tempo e pedindo notícias do meu amigo, mas foi um custo horroroso se ouvida por alguém.

Porém, finalmente depois de duas horas consegui conversar através de um aplicativo de tradução de voz, e por fim tive notícias que Rafael estava bem e já se encontrava no quarto.

Imediatamente senti um alívio tão grande nesse momento.

Como já não tinha o que fazer e já estava bem tarde, pensei logo que Mirela iria me matar, então liguei para ela perguntando onde seria mesmo o tal jantar com a família do noivo, pois eu teria que ir direto para lá.

Mirella não ficou nem um pouco feliz, mas disse que iria levar uma roupa para que eu me trocasse na mansão dos fortunes.

Sinceramente eu nem sei o que seria pior? Já chegar tendo que tomar banho na casa de estranhos, ou arriscar está com mal cheiro perto deles.

Porém, já não tenho controle da minha vida mesmo dentro desse um ano que dei a Mirela, então um banho na casa de estranho seria o de menos.

É Mirela tinha razão, tudo vai valer a pena, na verdade não vejo a hora de ver minha mãe bem com seu rosto perfeito novamente!

Com esse novo ânimo, fui em busca de conseguir um táxi e passei o endereço e seguir para a mansão.

A primeira impressão que tive ao ver o imponente lar dos fortunes foi encantadora.

O belo casarão todo iluminado foi realmente criado para impressionar.

Me senti entrando em outro mundo a parte, pois é chocante o contraste com tudo que eu conhecia.

Mirela não exagerou nenhum pouco, eles são riquíssimos e a mansão é uma mistura de clássico com arquitetura medieval e com toque moderno.

Talvez uma mistura que ficaria confusa, à primeira vista, porém tudo estava combinando perfeitamente, com amplas janelas e uma infinidade de pilastras altas lembrando uma construção de castelo e ao mesmo tempo tão moderno para os dias atuais.

É com uma imensa porta de quase oito metros de altura, me deixou sentindo que eu era quase uma criança entrando na casa de gigantes.

Mil imagens engraçadas de desenhos da minha infância me fizeram sorrir divertida, pois jamais pensei que entraria no lugar desses.

Mas logo a porta se abriu e eu fui recebida por um um senhor de meia-idade, que estava bem vestido me lembrando daqueles mordomos de filmes. Sem surpresa logo percebi que ele realmente era um mordomo mesmo.

Ele então me levou até a minha irmã Mirela que rapidamente me passou a bolsa e me pediu para seguir com a empregada, pois a mesma iria me levar até o andar de cima até o quarto de hóspedes.

Acabei me deixando conduzir, mas mal estamos no corredor a empregada recebe uma ligação de emergência e tem que me deixar ali, ela apontou para um quarto e disse que teria que descer urgentemente, pois estava sendo chamada pela governanta, pois havia acontecido algo, Ao menos é impressão que tive já não entendi nada do que ela falou. Eu mais que depressa entendi a situação e disse que ela poderia ir!

Apesar que tivemos que nos comunicar com as mãos, pois nem eu e nem ela nos entendemos, devido a língua. Mas, logo peguei a direção mostrada e entrei no quarto.

Nem reparei nada, já fui direto tomar banho. Pois realmente já estava atrasada. Mas não pude deixar de me surpreender com o luxo do revestimento lindo do banheiro de mármore com mesclar dourada.

O ambiente era quase do tamanho da metade do apartamento que moramos no Brasil.

Uau falei, nunca vi uma banheira assim, fiquei tão tentada em tomar um banho nela, porém o tempo não permitiria então corri para chuveiro...

Demorei para regular o chuveiro, devido ao moderno monitor digital.

Mas enfim, mesmo com demora absurda conseguir o intento que fez uma fumaça danada deixando o box todo embasado, apesar da brancura do ambiente, até rir da situação, pois mais um pouco pareceria que algo estivesse errado e pegando fogo no local, nossa realmente hoje as coisas estava sendo estranha comigo, sinceramente não me surpreenderia se algo mais acontecesse, mal terminei de pensar e realmente aconteceu para meu completo horror!

Ouvir o trinco da porta sendo aberto, pois sou ultra sensível com barulho, e logo já começo a intervir com futuro invasor!

— Quem está aí? — O banheiro está ocupado! — Não entre. — Grito.

Torcendo para que a pessoa saísse e que fossem embora.

Porém, provavelmente deve ser minha irmã, pois só ela para ser sem educação e abrir a porta de um banheiro sem bater!

Mas logo vejo não ser ela, pois faço um círculo com mão limpando o vidro embaçado do box, e assim vejo o tórax de um homem com apenas uma toalha na cintura vindo em minha direção no box.

Ainda ouço a voz forte dele falando algo em italiano irritado, porém imediatamente comecei a gritar, e dessa vez o invasor ouviu e logo se assustou, saindo do banheiro e batendo a porta.

Em seguida o tal homem grita algo que fiz um esforço de entender, parecia que ele havia dito que eu tinha dez minutos para sair dali.

Imediatamente terminei meu banho, e já me vestia ali no banheiro mesmo, pois havia levado minhas roupas para lá antes, realmente sai como um raio do quarto morrendo de medo de encontrar o homem que parecia mais um parede de músculos. Pois tinha um tórax enorme.

Simplesmente estou tendo um péssimo dia, e Mirela terá que me entender, pois não irei conhecer o tal Ascânio hoje!

Irei sair imediatamente dessa casa, pois estou com um péssimo pressentimento.

Porém mal chego até a sala, tudo foi esquecido, pois o mordomo todo simpático, logo fez questão de me levar até local onde todos estavam, em seguida Mirela veio e foi uma série de apresentação, conheci um senhor de idade com olhar avaliador, que me mediu de alto a baixo, porém seus olhos não deixaram dúvida nenhuma de que fui reprovada, com certeza pelo modo de vestir, minha calça rasgada e larga e a camiseta de malha branca totalmente sem corte, que faziam realmente uma combinação totalmente fora de órbita em contraste com minha irmã e as outras moças ali presentes, mas a ideia da Mirela era justamente essa, não chama a atenção para mim, me deixando com minhas roupas que sinceramente eu amo vestir, e claro o meu tênis meu all star.

Mas logo Mirela veio ao meu socorro e falou ao ouvido do idoso que sorriu com a brancura dos seus dentes, então ele finalmente resolveu conversar comigo.

Sua voz é de um tom forte e muito sedutor apesar da idade.

— Então bella Manuela, me esqueci completamente que você ainda é uma só uma bambina de apenas dezessete anos, e que está sonhando com a carreira de medicina. — Veramente o estudo consome todas as outras atividades. — Seria uma alegria se Mariela fosse assim, porém essa está com a mente totalmente apressada para o mundo dos adultos.

O senhor simplesmente me fala tudo isso apontando para a tal moça, que está se jogando sem nenhum pudor para cima de um homem, que está totalmente olhando em outra direção.

Em seguida, o velho senhor me pede para ajudá-lo a se sentar na sua poltrona ali próximo.

Nesse momento, sinto uma nova tensão no ar me avisando que realmente estou prestes a entrar em um pesadelo.

Mal termino de instalar Dom Fernando na sua poltrona, vejo todos se virarem, eu porém, olho para meu pé e vejo que o cadarço está desamarrado, como sou neurótica com tudo no lugar, sem pensar me baixo e vou amarrar meu tênis, na verdade percebi também a chegada do então tão falado noivo perfeito da Mirela, e queria evitar o máximo que eu pudesse.

Porém, eu não podia prolongar para sempre ficar ali de cabeça baixa amarrando o cadarço do tênis.

Ouvir a voz feliz da minha irmã, o comprimento de todos, e como um animal que está indo direto para o matadouro, pois era essa sensação que tive ao me levantar e enfim olhar para o recém chegando!

Já que eu não estava preparada para a incrível e irritante coincidência que me aguardava, simplesmente não conseguir disfarçar o meu choque e muito menos ele.

— Que espécie de brincadeira de mal gosto é essa?— O que essa moça louca faz aqui? — Pergunta o tal médico que agora eu sei que é o noivo da minha irmã!

— Oh! Você? — Desculpa, mas estou indo irmã, foi a única reação que tive. Chamando logo a atenção de todos ao sair da sala, praticamente correndo.

Ainda ouvir, o sujeito todo irado falando alto sobre mim, mas nem me importei simplesmente fui até a porta de saída e pedi ao mordomo que me desse a direção de como saí dali, em seguida sai praticamente correndo mais uma vez.

Autora: Graciliane Guimaraes.