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Amiga, Berenice

ÂNGELA MARIA

_ Berenice, eu não vou sem você, afinal quem vai contar os copos de chope que vou beber?

Falo para minha amiga que me olha com aquela cara de espantada que ela tem.

_ Você sabe que sou afastada da igreja, não gosto de farra, sou quase crente!

_ não vamos para farra, vamos comemorar o aniversário do sargento Peixoto e se você não for comigo ele vai ficar insistindo para me levar em casa, vai voltar a tentar algo comigo e eu não quero perder meu réu primário com ele.

Falo e o Sargento Peixoto é um recém viúvo e cismou que quer casar comigo, eu não quero casamento, o mundo está cheio de machos escrotos e minha vida está ótima assim, a Gabriela, a Berenice e a Lulu, não cabe mais ninguém.

_ eu vou Ângela, eu vou porque não consigo te falar não e porque o Sargento Peixoto é muito insistente, eu acho que você deveria namorar sério um cara legal, já te falei isso milhões de vezes, mas não o chato do Peixoto.

_ eu não quero namorar, estou ótima sozinha!

_ por isso você espanta todos os homens que se aproximam de você?

_ eu amo você sabia?

Falo para mudar de assunto e Berenice revira os olhos e ela é minha melhor amiga, eu a conheço desde que engravidei da Gabriela, a Berenice me ajudou quando ninguém me estendeu a mão nem minha própria mãe, ela acreditou em mim quando ninguém mais acreditava, quando eu era só uma adolescente gravida sem futuro.

_ e a Gabriela?

_ falando de mim Bere? que coisa feia!

Minha filha aparece na cozinha onde estou tomando um café com a Berenice, ela abre a geladeira e pega a garrafa de agua e bebe direto do gargalo.

_ Gabriela, ainda existem copos nessa casa!

_ eu sei, mas prefiro beber assim!

_ você prefere uma sandalhada nas suas pernas!

Minha filha me olha com a quele ar irritante que nenhuma outra pessoa no mundo tem, apenas ela.

_ onde você vai?

Pergunto olhando sua maquiagem escura e seu vestido colado demais.

_ vou dá um role, não me espera que não sei que horas eu volto!

Ela fala saindo da cozinha.

_ ah garota, volta aqui, ta pensando que essa casa é hotel que não precisa dá satisfação?

Estou pronta para pegar a Gabriela de jeito, mas a Berenice me segura.

_ calma Ângela, vai ser pior!

_ Ela esta cada dia pior Berenice, viu isso?

_ sim e você vai bater nela de novo? me fala ai, todas as vezes que você bateu na Gabi quantas resolveram algo?

_ eu não sei o que fazer com essa menina Berenice, não sei mais!

Falo levando as mãos no rosto chorando, tive a Gabi na minha adolescência e mesmo sendo muito nova, eu criei minha filha e não deixei nas costas de ninguém, abrir mão de festas, de bebedeira e de baladas, tudo pela Gabi, quando estava na faculdade ou trabalhando eram os únicos momentos que eu me separava da minha filha, mas a deixava muito bem cuidada com a Berenice.

_ amiga, infelizmente a Gabi vai precisar quebrar a cara e aprender da pior maneira a dá valor a mãe leoa que tem.

_ meu medo é esse Berenice, não pode a proteger, não quero que a Gabi sofra, ela é a pessoa que eu mais amo nesse mundo!

_ as vezes não podemos proteger os filhos de todas as dores da vida Ângela!

Vou conversando com a Berenice e aos poucos me sinto melhor, se tem alguém que me conhece como ninguém é a Berenice.

Algumas horas depois...

_ como estou?

Pergunto a minha amiga me olhando no espelho.

_ quer a verdade?

_ claro Berenice!

_ você sabe que sou quase crente e darei minhas sinceras opiniões, suas pernas estão todas de foras e elas chamam muita atenção por causa desses músculos aqui, você com essas pernas descobertas e esses olhos azuis irritantes que você tem, vai ser o centro das atenções, não conseguira me vestir assim você sabe, sou...

_ quase crente!

completo e começo a rir com o que a Berenice fala, ela diz que meus olhos são tão perfeitamente azuis que chegam a ser irritantes, estou vestida com um macaquito preto que fica no meio da minha coxa, minhas pernas não são grandes e extremamente musculosas, mas são perfeitamente definidas, sou delegada da policia civil a dois anos, antes era policial, por conta da minha profissão tenho um corpo atlético, sempre mantive o corpo em forma, pratico corridas e sou adeptas de exercício físicos, cuido do meu corpo, da minha alimentação, da minha pele e dos meus cabelos, afinal não sou uma garotinha de 20 anos, tenho 34 anos e tenho que me cuidar, me considero uma mulher vaidosa, sou loira original, minha mãe é de familia russa e meu pai brasileiro, puxei a familia da minha mãe, sei que sou bonita e chamo atenção, mas não gosto de graças e nem enxerimento comigo, sei colocar qualquer homem estupido no seu devido lugar, mesmo que ele seja grande, tenho minhas técnicas e não gosto de piadas e nem brincadeiras imbecis.

Acabo me lembrando do moleque de barba, se bem que ele é um moleque bem crescido, alto, forte, atlético e o pior de tudo: se acha a última Coca-Cola do deserto!

Confesso que ele é um homem muito bonito e faria qualquer mulher perder a cabeça, mas eu não, ele tem cara que distribui para todo mundo mostrando que ainda é um moleque, um moleque bem do atrevido, fico pensando lembrando de suas palavras: _ uma noite comigo e eu te faço engolir todo teu atrevimento, vou te pegar de um jeito tão gostoso você vai esquecer seu nome e só lembrar do meu, enquanto te fodo de quatro!

Volto a sentir uma fisgada na minha boceta, como se sentir naquele dia ao recordar como seu tom de voz engrossou ao falar isso, saindo quase como um rosnado.

_ Babaca!

_ O que? não ouvi!

Berenice pergunta e me dou conta que estava divagando aqui.

_ Nada não, só vou pegar minha bolsa e estou pronta!

Pego minha Glock e guardo na minha bolsa, somos inseparável, saio de casa sem minha calcinha mas nunca sem ela.

_ preciso colocar a ração da Lulu!

Falo quando desço as escadas, e vou a cozinha, pego a tigela tamanho familia e encho com ração, assim que a ração cai na tigela fazendo barulho a Lulu aparece.

_ oi filha, oi...

Falo me abaixando fazendo carinho na lulu, ela é uma cadela pastor alemão policial aposentada, a Lulu é idosa e cega de um olho, ela ficou cega numa operação policial, a principio ela seria sacrificada, mas eu nunca deixaria uma bebê linda dessa ser sacrificada, a trouxe para minha casa e ela é minha, a Lulu trouxe amor e muita paz para meu lar, ela é muito especial, eu até acho que a única criatura que a Gabi ama na terra é a Lulu.

Troquei os tapetes higiênicos da Lulu, deixei sua comidinha e sua água, ela vai comer e deitar na sua caminha, como uma cachorra de idade a Lulu não tem mais tanto pique e prefere a calmaria.

_ na volta você dirige.

Digo e entro no meu carro, sigo com a Berenice para o aniversario do Sargento Peixoto, para o que eu achava que seria uma noite comum, não imaginaria que meu caminho cruzaria novamente como um furacão de calças chamado Geraldo.

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