Decolando
Gerônimo Avilar
__ deixa de arrodeio homem, um cabra desse tamanho cheio de pantinhos para subir no avião!
Meu irmão Geraldo fala, ele me trouxe até o aeroporto na caminhonete da fazenda.
__ você fala isso porque não é você que vai se atrepar num troço daqueles, já viu trambolho pesado daquele voar?
__ se você quiser eu vou no seu lugar!
__ para que? a única coisa que vai fazer em São Paulo é se enrabichar com algum rabo de saia, baixa teu facho!
__ foi só uma sugestão.
Geraldo tenta falar de forma inocente, mas sua carinha de leso não me engana, de todos os meus irmãos, ele é o que dá mais trabalho para mim.
__ vamos agilizar aqui ou vai perder o avião, ai já viu!
Vou passar um tempo na casa da minha tia Márcia, faz tempo que não a vejo, desde que era um adolescente quando ela vinha passar suas férias na fazenda e trazia a Duda, a filha chorona dela, lembro que a menina miúda e magricela vivia correndo de com a calcinha cheia de xixi, vivia caindo e relando os joelhos e a cada queda ela abria o berreiro que não sobrava um passarinho nas árvores, eu devia ter uns dezessete anos, ela e painho se desentenderam e ele diz que é coisa dele, mas todas as lembranças que tenho da tia Marcia são sempre muito boas. Estou indo para uma feira agropecuária em São Paulo, a verdade é que nunca sai de São Roque, um interior do Piauí, meu pai tem uma fazenda a se perder de vistas, criamos tudo que é tipo de bicho, desde boi a galinhas e somos os maiores distribuidores do estado, carne, queijo, leite, ovos, mas vimos a necessidade de expandirmos e por isso estou aqui, meu pai não sabe negociar, meus irmãos vão tocar a fazenda para frente enquanto ando fora e tirando o Galvão que não quis saber das coisas da fazenda, esse foi estudar fora e virou dono de empresa, ele mora até fora do país, como sou muito bom em negociação e vendas aqui estou eu para vender meu peixe, vamos nos mostrar para que outros compradores nos conheçam, todos os produtos da fazenda Avilar é de primeira linha.
__ E se a Marta perguntar por você o que eu digo?
__ não diga nada oras, a Marta não é minha mulher para ter que dar satisfação!
__ mas ela é seu caso fixo a um tempo!
__ falo bem, um caso, sou homem solto, me prendo a mulher não, mulher é dor de cabeça e você sabe bem disso!
Falo, pois meu irmão já passou por cada sufoco por conta de rabo de saia, teve uma época que ele namorou três mulheres ao mesmo tempo e quando elas descobriram uma da outra, o tempo fechou e se juntaram para pegar e ele, eu tive que resolver tudo como sempre, meu irmão faz cara de desentendido, mas sei que ele sabe bem do que estou falando.
Me despeço do meu irmão e chegou a hora.
__ Juízo e não arruma problema enquanto eu estiver fora!
falo e dou um soco de leve no queixo dele, estou trazendo apenas uma mala, não preciso mais que isso, enquanto uso uma roupa a outra está lavando, coloquei um chinelo na mala e as botas que estou usando é o suficiente, entro no aeroporto e me informo com um homem que está andando e cima de um trem engraçado com duas rodas, ele me dá as instruções e me mandam para uma sala com um outro homem.
__ tira as botas, o casaco, o chapéu!
__ calma moço, você quer me ver pelado, eu não gosto da fruta!
O homem me olha sério e fala:
__ não estou para brincadeiras, isso é uma revista séria!
Ele me catuca em todo canto, procurando só Deus sabe o que.
__ só não mexe na minha bunda!
Falo já o alertando dando um tranco na bunda, no bumbum que mamãe passou talquinho ninguém toca.
Me sento na poltrona do avião e minha mala está em cima do meu colo, uma moça bonita e sorridente vem falar comigo.
__ solte minha mala moça!
falo quando ela tenta me roubar na cara dura e na frente de todo mundo.
__ calma senhor, só vou colocar aqui em cima!
Fico de olho nela e ela guarda minha mala, volto a me sentar e começo a sentir um suadeiro, minha barriga se contorce e eu estou nervoso, esse troço é muito pesado para voar.
__ MOÇA, OU MOÇA!
Grito chamando a moça bonita que guardou minha mala, uma voz começa sair das paredes do avião e eu me assusto me segurando na cadeira.
__ o Senhor precisa colocar o cinto, o avião vai decolar!
__ eu preciso é arriar o barro!
Falo e estou com dor de barriga, logo agora uma caganeira!
__ perdão senhor, não entendi.
__ onde tem um banheiro aqui?
Ela me olha falando calmamente.
__ senhor, coloque o cinto, quando o avião estabilizar eu venho e lhe mostro o banheiro.
Ela me prende no banco do avião, tranco a bunda para não me borrar todo e espero o que parece ser horas, quando enfim entro no banheiro me assusto um o tamanho, parece uma caixa de fósforo, me abaixo todo para caber nisso e faço o que tenho que fazer, espero que ninguém entre aqui agora, penso quando saio do banheiro, o cheiro está forte e eu estraguei tudo.
Passo a viagem agarrado com o escapulário que está no meu pescoço e quando desço do avião faço o sinal da cruz varias vezes agradecido. Já com a mala na mão vou andando seguindo as pessoas, meu pai disse que a filha da Marcia a minha prima chorona viria me buscar para me levar para casa dela, como eu vou achar uma garota que eu não vejo a mais de dez anos? só se ela tivesse com as calcinhas mijadas ainda, penso e dou uma risada alta, talvez alta de mais pois as pessoas que estão andando a minha frente olham para trás me olhando e eu faço cara de paisagem.
Paro e fico esperando reconhecer minha prima, olho e olho e não vejo nenhuma garota magricela, até que meus olhos se deparam com uma mulher, um avião cheio de curvas na verdade, ela é baixinha mas de resto faz qualquer marmanjo quebrar o pescoço para olha-la, nos pezinhos ela usa uma sapato rosa cheio de penas, vou subindo os olhos e vejo suas pernas grossas e bem desenhadas numa calça branca que está agarrada na sua pele, sua barriguinha está com o umbigo de fora e sinto meu corpo esquentar, os seios empinados, a boquinha carnuda formando um coraçãozinho está pintada de rosa e os cabelos loiros soltos e fartos só me fazem imaginar eles em um rabo de cavalo enrolados no meu pulso enquanto eu a monto por trás.
__ que belezura!
Sussurro, as mulheres de São Paulo são bem diferentes das de São Roque, tudo finas e emperiquitadas, e essa coisinha loira e pequena é a mais linda de todas, com certeza é toda macia, só então reparo na placa que ela tem nas mãos.
__ Gerônimo?
Leio meu nome da placa em suas mãos.
__ primo?
Ela fala se aproximando, os olhos claros estão bem arregalados e ela parece não acreditar no que vê, então faço a única coisa que poderia fazer.
__ prima, quanto tempo, dá cá um abraço!
Em seguida a abraço a tirando do chão.
continua...
SEGUNDO CAPITULO POSTADO!
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