Conversas
ANGÉLICA MARIA
Cavalgo e cavalgo só paro quando chego em minha casa, desço do cavalo e estou suada, entro em casa e vou direto para meu quarto, ligo o ventilador e me jogo a cama.
__ Minha nossa senhora!
Falo pensando na queles braços tão fortes e aqueles peitos saltados, eu já vi outros homens sem camisas mas nenhum eram como ele, o rosto de príncipe e a cara de mau e mesmo assim ele é o homem mais lindo que já vi, quando ele foi tirar as calças eu sai correndo com medo, eu nunca vi um homem pelado na minha vida, aperto minhas pernas uma na outra e sinto meu centro pulsar e isso também é novidade para mim, porque eu sentir essas coisas com esse homem? Quem é ele? O melhor é eu ficar afastada dele, ele pode ser perigoso e meu pai sempre fala que homem nenhum tem boas intenções com mulheres e temos que impor respeito ou eles passam do limite, se bem que eu não sei bem ao que ele se refere falando sobre limites.
Olho a hora e ainda é cedo e eu nem cuidei da Kelly e a deixei com a Violeta, eu não deveria ter saído correndo, não vou mais voltar lá hoje, amanhã eu vou e explico a Duda que eu passei mal.
Aproveito que cheguei cedo e tiro as roupas que estavam no varal, cuido do jantar e antes do fim do dia tudo está pronto e só me falta lavar os pratos que sujei fazendo o jantar, vou para pia para lavar os pratos, e começo a lembrar daquele homem, a imagem do homem bonito e sem roupa me vinha a mente nitidamente.
__ ele é tão bonito!
__ Angélica!
Tomo um susto quando escuto meu nome e coloco a mão no peito.
__ me desculpe eu não queira ter assustado você!
Me viro e dou de cara com Tomás encostado na porta da cozinha, a porta da cozinha é dividida em duas partes e a de baixo está fechado no ferrolho.
__ Tomás! Aconteceu algo com o papai?
Pergunto alarmada, não é costume do Tomás aparecer por aqui.
__ não, está tudo bem, eu que quis vim aqui ver você!
__ me ver?
Fico confusa e tímida.
__ sim Angélica, a muito tempo que quero falar com você, posso entrar?
Ele pergunta e eu não sei se isso é certo.
__ meu pai não está em casa, não sei se ele vai gostar!
digo e meu pai sempre fala que não é para receber ninguém em casa se ele não estiver e principalmente se for homem, ele deixa uma espingarda atrás do armário e eu devo usar se precisar me defender de algo.
__ tudo bem eu vou falar daqui mesmo!
Enxugo minhas mãos no pano de prato e me aproximo um pouco do Tomás, ele tira o chapéu de palha do rosto que ele usa para se proteger do sol, mas mesmo assim seu rosto é bem escurecido por conta do trabalho diário ao sol.
__ sabe Angélica, antes de falar com seu pai eu queria falar com você, eu quero te conhecer melhor!
__ Me conhecer melhor como assim?
__ eu quero visitar sua casa para conversamos a noite, passearmos os domingos, irmos a missa juntos, eu te acho uma moça muito bonita e com muitas qualidades que uma dona de casa precisa ter.
Ele está querendo falar que gosta de mim?
__ você gosta de mim Tomás?
Pergunto e ele não recua e nem parece pensar ao responder.
__ Eu gosto sim de você e estou na idade de ter uma mulher para cuidar de mim e forma família, quero saber se você também tem vontade de me conhecer melhor.
__ eu, eu, não sei o que dizer!
Falo baixando o rosto, estou com vergonha e de verdade não sei o que falar, eu acho o Tomás um homem trabalhador e esforçado, ele trabalha para ajudar a mãe dele que é lavadeira, eu sonho em casar e ter uma família, não somos ricos mas juntos podemos trabalhar para colocar comida na mesa.
__ você me autoriza a pedir permissão ao seu pai para visita-la Angélica?
Não respondo com minha voz, mas confirmo balançando a cabeça.
__ Que bom Angélica, vou indo, assim que surgir uma oportunidade eu vou conversar com seu pai.
Olho e volto a balançar a cabeça, Tomás se vai e eu fico pensando se fiz certo em autorizar ele falar com meu pai, Tomás é bonito e eu algumas vezes me imaginei que meu primeiro beijo seria com ele, já até imaginei várias e várias vezes namorando com o Tomás e até desejei isso, mas agora que aconteceu a oportunidade real de meus sonhos românticos se tornarem realidade eu não me sinto tão feliz como achei que ficaria e ainda pior: só consigo pensar no homem pelado de hoje a tarde, como será que ele se chama?
GALVÃO AVILAR
__ E ai irmão!
Gaspar fala batendo no meu peito bem em cima de onde caiu água quente e eu faço um som de dor.
__ O que foi? nem bati tão forte assim.
Ele fala e eu explico.
__ acontece que uma garota maluca derramou água quente em mim.
__ Uma maluca?
__ a Violeta falou que ela se chama Angélica!
__ Ah a Angélica, ela é amiga das meninas e e cuida da filha do Gerônimo e todos nós gostamos muito dela.
__ Mas parece que ela não gostou de mim.
Entro em detalhes do que aconteceu e dela gritando que eu estava pelado.
__ acontece Galvão que a Angélica é muito inocente e ela não tem costumes de e nem contatos com homens, é só uma menina, com certeza se assustou de te ver sem camisa.
__ e onde ela vive? Na terra?
Pergunto, achando nos dias de hoje ser bem difícil encontrar uma pessoa tão inocente assim. Gaspar e explica que Angélica perdeu a mão muito nova e foi criada pelo pai que é um homem da roça.
__ seria bom quando ela chegar amanhã você falar com ela e desfazer esse mal entendido, a Angélica é um amor de garota.
__ farei isso.
Digo encerrando o assunto, jantamos e estou conversando com o Gaspar sentados em cadeiras que tem na varanda e olhando as terras a noite, Gerônimo jantou conosco mas logo se foi com sua esposa falando que estava na hora da filha dormir, Geraldo disse que tinha um compromisso inadiável e até pediu para usar um dos meus perfumes importados, aquele ali não me engana foi encontrar com alguma mulher, Violeta limpou tudo e subiu para o quarto falando que estava cansada, Camily está no quarto trabalhando cuidando de uns processos.
__ Galvão eu queria falar que estou feliz com sua volta!
Gaspar fala de repente.
__ eu agradeço.
Falo de forma educada
__ eu nunca entendi sua partida, acho que ninguém entende direito sobre isso.
Me ajeito na cadeira me sentindo desconfortável.
__ se você quiser conversar comigo eu estou aqui para te ouvir, você é meu irmão, sangue do meu sangue e quero que saiba que pode contar comigo incondicionalmente!
Ele fala e eu fico calado, afinal não tenho nada a dizer.
__ quer conversar?
Ele insiste e me levanto me sentido fadigado desse assunto.
__ quero, quero ir para o quarto descansar, boa noite.
Falo e dou as costas para entrar.
__ Galvão!
Gaspar me chama, mas eu não volto, sigo para o quarto e eu não vim aqui para isso, não quero falar do passado e as atitudes dos meus irmãos me incomoda profundamente, eles agem como se nada tivesse acontecido entre nós e se como nunca tivéssemos nos separados, mas as barbas em nossas caras estão ai para provar que o tempo passou e muito, eles não passaram pelo que passei então não venham achar que um: pode contar comigo resolve ou apaga algo.
Entro no quarto e achei que fosse achar horrível ficar nessa casa sem os luxos que estou acostumado, abro as janelas do meu quarto e o vento da noite entra trazendo o cheiro verde da grama, respiro fundo e eu sempre gostei desse cheiro de mato que só tem aqui, tomo um banho com cuidado pois minha pele está sensível com a queimadura e volto a passar hidratante no local e me deito para descansar.
__ Angélica!
Falo pensando que ela tem nome de anjo mas parece que na verdade é uma capetinha, falo sentindo minha ainda incomodar um pouco.
CONTINUA...