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A roceira

ANGÉLICA MARIA

O dia sempre começa cedo para mim, desço para ir ao banheiro e faço minha higiene pessoal, já de cara lavada vou para cozinha fazer o café do meu pai que logo vai acordar querendo comida.

Faço um café forte e coloco o líquido fervente e coado dentro da garrafa de café, coloco batata doce para cozinhar e também cozinho uns ovos.

Moro sozinha com meu pai Antônio e minha mãe morreu após pegar uma forte gripe que virou pneumonia, eu tinha 6 anos e tenho poucas lembranças dela, mas sei que se parece comigo, desde então moramos sozinhos aqui.

Meu pai tem um pequeno pedaço de terra e mesmo a vida aqui não sendo fácil eu não tenho do que reclamar tenho comida fresca todos os dias na mesa, meu pai planta tudo o que precisamos para comer e o que sobra vendemos no centro e assim ganhamos um dinheiro, enquanto meu pai cuida da terra com a ajuda do Tomás que é um empregado e um tipo de faz tudo, eu cuido das coisas da casa, lavo limpo e cozinho.

Tomás é um moço bonito e solteiro, as vezes fico fantasiando meu primeiro beijo com ele, mas eu não me aproximo nunca, meu pai fala toda hora que mulher descente tem que se dar o valor ou depois fica mal falada e ninguém mais quer assumir compromisso serio com ela, e aqui é cidade pequena e todo mundo sabe da vida de todo mundo.

Minha vida era bem calma e sem nenhuma novidade, até que um dia meu cachorro conheceu uma cachorrinha diferente, o nome dela é lily e ela até roupas usa, foi aí que conheci a família Avilar, eu só os conhecia de vista, as vezes os via na missa e sabia que eram meus vizinhos, eles são ricos e tem terras e animais muito bonitos, me tornei amigas de todos e a verdade é que a Violeta e a Eduarda são minhas melhores amigas e eu gosto de ir na casa delas, meu pai me deixa ir contanto que tudo em casa já tenha sido feito, como ele trabalha no pesado não posso ficar sem deixar sua comida toda prontinha prontinho também a casa limpinha, tenho que voltar antes que escureça, afinal é perigoso andar sozinha a noite, nunca se sabe quem se pode encontrar, se bem que eu sei me defender muito bem sozinha.

Meu pai me deixa ir porque eu ganho dinheiro para cuidar da Kelly, sempre que Eduarda precisa deixar a Kelly com alguém ela deixa comigo, quando ela está na loja eu tomo conta da menina, a Kelly tem cinco anos é uma menina muito espertinha e nos damos muito bem juntos, eu adoro brincar com ela.

O café fica pronto e ainda tenho tempo de passar uma vassourinha na casa antes de papai acordar, limpo a casa e sarnento apareceu.

__ Bom dia pra você também, aposto que está com fome.

Dou a ele uma mistura que sempre deixo pronta de ontem e é só esquentar um pouco, são sobras do jantar de ontem, tem arroz, fuba e uns pedaço pequenos de carnes e ossos, tudo misturado com um molho da carne, pego uma sacola plástica e a abro no meio a rasgando e uso para colocar a comida em cima e não melar o chão.

__ vem sarnento, vem!

Meu cachorrinho vem e começa a devorar sua comida.

__ Bom dia filha!

Papai entra na cozinha e já vai se sentando esperando que eu sirva seu café da manhã.

__ Bom dia pai, fiz batata doce com ovos.

Monto um bom prato para ele e um médio para mim, coloco café em duas xícaras e me sento para comer com ele.

__ hoje é o enterro do Genaro.

__ e você vai?

Ele me pergunta e começa a comer.

__ Deus me livre pai!

Falo fazendo o sinal na cruz, se tem uma coisa que morro de medo é de assombração, nunca que vou num cemitério ou vejo um defunto dentro do caixão e se o Genaro vim puxar meu pé a notei? Tá repreendido.

__ tu tem que ter medo é de quem está vivo e não de quem já morreu.

Papai sempre fala isso.

__ eu vou cuidar da Kelly, a Eduarda vai ir ao enterro com o marido.

__ Tudo bem, mas já sabe que não quero você voltando de noite sozinha.

__ Eu sei pai, assim que terminar o velório eu venho para casa.

Eu nunca fico depois que escurece e quando as meninas me convidam para jantar elas falam com meu pai antes e sempre me trazem em casa de carro na volta.

__ Bom dia, me deem licença!

__ pode entrar homem!

Tomás chega e entra na cozinha.

__ coloca um café para o tomas Angélica.

__ coloco sim pai!

Falo tímida olhando para o Tomás, ele deve ter uns 23 anos e eu o acho bonito, ele não vem tomar café da manhã aqui todos os dias, mas quando isso acontece eu fico feliz.

__ olha aqui Tomás, tem batata doce e ovos.

Falo e entrego uma xícara de café e vejo a fumaça saindo, ele sopra um pouco e dá um gole.

__ forte do jeito que eu gosto!

Sorriu com o elogio ao meu café, ele se serve de comida e depois de comer eles se vão para mais um dia de trabalho.

Já vou adiantando o almoço, pois tenho que ir para casa da Duda cuidar da Kelly, depôs que termino almoço eu monto o prato do meu pai, tampo com uma tampa de alumínio e depôs enrolo bem com um pano de prato para ficar quietinho quando ele for comer.

Lavo os pratos e deixo tudo limpo e pego meu cavalo, eu ganhei do Gerônimo quando completei dezoito anos.

Prefiro ficar na casa da Duda com a Kelly em vez de ir ao casarão! Duda e Gerônimo vão para a igreja velar o pai e eu fico com a Kelly.

__ Kelly eu cansei!

Falo após brincamos de esconde esconde por quase meia hora e ela sempre se esconde no mesmo lugar.

__ a Kelly é muito boa em se esconder!

Ele diz se referindo a ela mesmo.

__ a melhor do mundo.

Digo e ela abre um sorriso.

__ agora vamos tomar banho e almoçar?

Dou banho nela e a deixo cheirosinha, em seguida dou seu almoço e não demora para ela cair no sono e a deixo dormindo na sala mesmo numa cama improvisada com lençóis e travesseiros.

__ em fim desligou a bateria.

Digo sorrindo me sentando no tapete da sala ao lado dela. Descanso um pouco e depois vou ver a lily que fica na parte de trás da casa num quintal feito para ela, na verdade ela vive dentro de casa mas sempre que a Duda sai ela a deixa nesse lugarzinho da casa.

Não resisto quando vejo a lily com seus três filhotes e acabo indo brincar com eles um pouco. Volto para dentro da casa e limpo tudo com sujei com a Kelly, quando ela acordar com as energias carregas é mais horas de brincadeiras.

__ Kelly que tal a gente assistir bolofofos?

Pergunto e ela aceita e logo esta cantando e dançando todas as musiquinhas, quando Gerônimo e Duda chega já está na hora de voltar para casa.

__ tem certeza que não quer ficar e jantar conosco Angélica?

Gerônimo Pergunta e Duda insiste.

__ fica Angélica nós te levamos em casa e falamos com seu pai.

__ hoje não, deixa para outro dia afinal eu não o deixei avisado.

__ tudo bem, amanhã quando você for no casarão vai conhecer meu irmão!

__ mas eu já conheço o Geraldo e o Gaspar.

__ não estou falando desse, estou falando do Galvão, meu irmão que mora fora do País.

__ ele está aqui?

Pergunto, algumas vezes a Duda falava que o Gerônimo tinha outro irmão que não morava aqui.

__ está sim, o Galvão aliviar.

__ hum...

Por algum motivo algo esse nome forte!

__ então vou indo.

__ Obrigada por cuidar da Kelly Angélica!

__ faço um muito gosto, adoro essa bonequinha!

Vou embora no meu cavalo e chego um pouco antes do meu pai, preparo uma comida rápida e a carne já deixei pronta logo cedo.

__ Galvão!

Repito e eu achei esse nome muito bonito e se ele é irmão dos meninos deve ser gente boa também penso comigo.

Continua...

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