Capítulo 04
Filipe bebe e fecha os olhos, mesmo após tantos anos, ele sente o que viveu naquela época.
Oito anos atrás:
Filipe espera o policial falar.
Policial- Poderíamos entrar? Filipe sai e deixa a porta liberada para a entrada deles.
Filipe- O que querem? Pergunta olhando eles de frente.
Policial- Tem alguém além do Senhor que eu possa conversar?
Filipe- Podem falar comigo. Já tenho dezoito anos, quando meus pais não estão, eu sou o responsável. Tenho um documento de emancipação dado por eles, há mais de um ano.
Policial- Bem senhor, houve um acidente com o carro de seus pais, o carro passou pela perícia, sendo constatado que perdeu o controle e capotou várias vezes. Seu pai faleceu no local, mas sua mãe está gravemente ferida, não podemos garantir que sobreviva. Filipe sente o corpo se transformar em pedra na hora. Seus olhos fitam o policial a sua frente.
Filipe- Em qual hospital ela está? Pergunta sem emoção. Os policiais se olham. O jovem não mostra nenhuma emoção. Após saber, ele diz ao mordomo.
Filipe- Clara está dormindo na sala, não permita que ela saiba de nada até eu voltar. Ele pega seus documentos e vai para o hospital.
Quando chegou ao hospital, os seguranças que acompanhavam seus pais estavam na sala de espera. Filipe chega até eles.
Filipe- Observaram o que aconteceu? O que é responsável pela equipe, fala.
Segurança- Seu pai não me deixou dirigir, estávamos bem atrás do carro. Não sabemos o que aconteceu, mas de repente, o carro acelerou e rodopiou na pista e foi como se ele pisasse no freio fazendo o carro virar dando várias voltas na estrada até se chocar com uma barreira, corremos, mas só sua mãe estava viva. Seu pai faleceu no carro. Filipe após ouvir, procurou o médico que está atendendo sua mãe.
Filipe- Doutor, como minha mãe está?
Médico- Não tenha esperança, ela sofreu muitas fraturas pelo corpo.
Felipe- Eu posso vê-la?
Médico- Sim, vamos. Os dois caminham e o médico o deixa em uma sala onde ela está. Sua mãe está com muitos aparelhos ligados. Ele se aproxima e faz um carinho no rosto dela suavemente. Ela abre os olhos. Ele tem os olhos dela. Com dificuldades, ela tira o respirador de sua boca.
Sra. Carvel- Cuide de Clara. Proteja ela sempre. Filipe enche os olhos de lágrimas. Sua mãe fecha os olhos e morre. Filipe enxuga os olhos e diz.
Filipe- Eu prometo. Ele ainda fica olhando para ela. Depois os médicos o tiraram da sala. Filipe vai até os seguranças.
Filipe- Onde está Caio?
Segurança- Seu pai o dispensou quando saiu. Ele ficou com sua mãe durante a festa. Mas na hora que saímos ele foi mandado embora.
Filipe- Ligue para ele e o chame aqui. O segurança chama Caio. Não demora ele entra correndo no hospital.
Caio tem 22 anos, ele trabalha com seu pai há um ano. Assim que Caio o vê, pergunta.
Caio- O que aconteceu?
Filipe- Me diga você, o que aconteceu na festa? Caio olha os seguranças e fica sem jeito. Filipe percebe e o chama para um lugar mais afastado.
Filipe- Não me esconda nada, meus pais estão mortos. Caio fica pálido e chocado. Ele olha para o jovem à sua frente. Ele não mostra emoção nenhuma.
Caio- Eu não sei se devo me envolver.
Filipe- Já está envolvido e se quiser manter seu emprego, é melhor me contar tudo que sabe. De qualquer forma eu vou descobrir, então facilita para nós dois. Caio o chama para ir à lanchonete. Sentando ele de cabeça baixa diz.
Caio- Sou garoto de recado de seu pai há um ano. Não era importante para ele, só quando precisava. Hoje ele me levou para fazer companhia a sua mãe enquanto andava com a modelo que vai ser a garota propaganda do novo carro. Sua mãe ficou calada o tempo todo. Não disse uma palavra. Quando já estava para ir, ela pediu uma bebida. Seu pai chegou e me dispensou pegando ela pelo braço e saindo. Eu fui para casa.
Filipe- O que era trabalhar para ele? Caio fica vermelho e sem graça.
Filipe- Diga a verdade. Já sei que ele tinha uma amante. Caio olha e diz.
Caio- Ok, já perdi o emprego mesmo, vou te contar tudo.
O rapaz conta tudo para ele, enquanto escuta, não tem reação nenhuma.
Filipe- Você tem 22 anos é isso?
Caio- Sim, senhor.
Filipe- Eu tenho 18 anos, preciso de alguém em que possa confiar, eu não tenho experiência, mas aprendo rápido e sei o que quero. Pode ficar comigo, mas que seja meus olhos e ouvidos. E nunca minta para mim. Caio olha e pensa antes de responder.
Caio- Posso ser, sei muito sobre tudo que acontece. Mas também preciso que não me trate como seu pai me tratava. Filipe olha para ele.
Filipe- Tenho que cuidar da minha irmã, comece a trabalhar agora, vou para casa conversar com ela e você cuida de tudo para mim. Quero um funeral rápido e discreto. Sem velório. Procure esconder a notícia ao máximo. Depois vá até minha casa. Caio concorda e os dois saem da lanchonete. Filipe chama os seguranças.
Filipe- Segurem ao máximo a notícia. Caio vai cuidar de tudo. Eu vou para casa. Caio fez tudo que Filipe pediu.
Voltando ao presente.
Filipe deixa o copo sobre a mesa e vai para casa. Ele precisa descansar.