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CAPÍTULO 2

Maicom narrando:

— Você não me trairia, não é mesmo gatinho? Até porque eu combino perfeitamente com você, nossos pais são amigos e eu sou extremamente linda! - Ingrid choraminga se exibindo.

Me sinto o cara mais vacilão do universo porque enquanto a minha namorada se preocupa, dentro de mim os meus pensamentos não deixam a Dandara.

- Não diga besteira, Ingrid, se fosse pra mim te trair seria melhor eu terminar com você antes, não concorda? E outra, você não está vendo o filme? — mudei de assunto descaradamente.

Ingrid e eu namoramos por influências dos nossos pais. A garota é chata demais, mas me bajula tanto que eu me acostumei com ela, acho que ter uma figura feminina por perto me achando o cara mais incrível do mundo me faz bem... Pode ser a falta da minha mãe. De qualquer forma isso está indo longe demais.

Dandara narrando:

(...)

Hoje o dia começou péssimo para mim. Minha mãe pediu o "simples" favor de entregar um documento na empresa Montagnus, urgente. Depois de tanto tempo que ela trabalha com eles, só agora ela resolveu precisar da minha ajuda? Isso só pode ser ironia do destino, uma brincadeira de mal gosto do universo. O fato é que eu jamais a deixaria na mão por causa de uma bobagem como a minha recém descoberta birra com Maicom Montagnus.

Coloquei um vestido preto formal, justo até os seus joelhos combinando com a sandália azul, prendi o  cabelo em um rabo de cavalo e maquiei-me levemente. Adoro me cuidar e andar bonita. Só espero mesmo não me encontrar com o idiota metido a garanhão, ainda bem que nem conheço a cara dele. Arg, por que eu não paro de pensar nesse embuste?

(...)

A empresa Montagnus consiste em um edifício largo  e alto, de aproximadamente vinte andares. A construção não é do tipo luxuosa, é bem modesta na verdade, entretanto, em controvérsia, o interior do edifício é decorado com bom gosto e modernidade.

Caminhei bastante receosa até a mesa da secretária, sempre olhando para os cantos para ver se não há nenhum idiota Montagnus esperando para me humilhar.

Deu tudo certo, entreguei a pasta com os documentos para a moça e já posso retornar o mais rápido possível para a minha área de segurança, que é qualquer lugar onde não tenha nada a ver com as corporações Montagnus.

— Opa, — dei de cara com um par de ombros largos, — desculpe-me! Eu te machuquei? Nossa, eu sou muito desastrada! — exclamei nervosa, sentindo a maior vergonha do mundo.

Como eu posso ser tão distraída?

É, mas olhando para esse moço eu percebo o quanto sou sortuda. Ele está vestindo um terno de corte fino e o seu cabelo loiro escuro muito bem penteado para trás. Ele é alto, uns quarenta centímetros a mais que eu. Os olhos verdes são hipnotizadores, fazendo-me ficar de boca aberta, parecendo uma tonta. O que está acontecendo comigo ultimamente? Por que eu me abalo tão fácil por um desconhecido?

— Não machucou, tranquiliza-se... - o rapaz encarou-me com a sobrancelha arqueada — espera, estou te reconhecendo... — disse espreitando os olhos.

No entanto, senti um gosto amargo na garganta me alertando que algo não está certo.

- Você me reconhece de onde? - questionei confusa, mas tendo a impressão de que já ouvi esse voz perturbadoramente magnífica.

- Dandara, não é? Dandara Lourenço? - o rapaz questionou-me me olhando dos pés à cabeça com um sorriso de canto nos lábios.

- S-sim! Desculpe-me, te conheço de algum lugar? - perguntei com as pernas bambas.

Não sei o que me incomoda, se é o quanto esse engomadinho é lindo e maravilhoso, ou se é o fato de que ele pode ser quem eu estou pensando que é.

- A gente conversou ontem, não se lembra? Sou o Maicom Montagnus e é um prazer te conhecer pessoalmente, Dandara Lourenço... - disse as palavras que eu temia ouvir, arcando-se para beijar o meu rosto com um sorriso de socar o meu estômago.

Afastei-me petrificada, não sei como consegui me mover. É como se eu tivesse levado um tapa na cara, um balde de água fria, senti todos os meus nervos tremerem.

Não posso ficar aqui de frente para um idiota como se eu fosse uma sonsa que aceita ser humilhada por um herdeiro metido à besta.

— Então tchau, foi um desprazer te conhecer, seu ridículo - falei em tom rude, com o nariz empinado de forma arrogante e então me afastei em passos rápidos sem dar tempo para ele responder.

— SUA MALUCA! — ouvi ele dizer, mas não parei para retrucar.

Quanto antes eu sair de perto desse psicopata, melhor.

Maicom narrando:

— SUA MALUCA! — gritei no meio de todos, parecendo um louco, - maluca linda - sussurrei

e então caí em uma gargalhada tamanho o estresse que isso me causou, — o quê é que vocês estão olhando? Voltem todos ao trabalho - instruí aos funcionários intrometidos, e todos os curiosos obedeceram no mesmo instante.

O que foi que aconteceu aqui? Por que aquela moça linda de morrer agiu daquela forma comigo? Por que me sinto tão mal? Arg. Eu preciso me livrar desses pensamentos de menina.

Dandara narrando:

- Estúpido! Babaca! Idiota! - praguejo enquanto dirijo.

Não consigo entender como que o Maicom consegue ser tão falso e metido ao ponto de pensar que eu conversaria com ele numa boa depois das babaquices que ele me disse pelas mensagens. Ele me faz parecer uma criancinha, me faz agir como se eu tivesse três anos. Eu não sou assim, sou uma mulher madura.

(...)

Cheguei em casa e fui correndo mandar uma mensagem pro Maicom, desbloqueei e digitei tremendo de raiva:

"Mas é muita arrogância e prepotência da sua parte pensar que eu conversaria com você numa boa, eu não tenho sangue de barata, você nem é tão bonito assim, na verdade nem um pouco bonito, o seu nariz é esquisito e os seus olhos são olhos de uma pessoa sonsa, né a sua boca então? coitada da sua namorada ter que beijar essa sua boca estranha e torta, você pensa que eu quero te beijar? Não seja louco, tenho pena de você que se acha o maior gostosão só porque tem dinheiro, se liga meu filho."

Eu sei que estou me rebaixando, mas esse cara precisa mesmo ouvir umas poucas e boas. E eu nem sei porque isso me afeta tanto, é sobrenatural. Mas não posso evitar.

Depois disso decidi tentar me livrar dele, foquei nos livros e nas pesquisas para a faculdade que eu precisava fazer. Era disso que eu precisava pra minha vida.

Maicom narrando:

- Acredita que essa maluca disse que foi um desprazer me conhecer cara? Me chamou de ridículo - reclamei com o meu melhor amigo David.

Ele é rapaz magro alto de olho castanho e com os cabelos negros, filho de Rafael Portilho, um dos maiores empresários do país.

- O que eu não estou acreditando é que você esta apaixonado, cara nem mesmo na Ingrid você é gamado desse jeito, o que ta pegando? — David perguntou e eu não pude conter o riso.

- Olha, já deu a minha hora, vamos? - tratei de mudar de assunto antes que David dissesse mais alguma besteira.

Pensando na Dandara, a pobre moça deve sofrer de algum transtorno. Isso é uma pena.

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