Resumo
Eles não deixaram nada, nem um bilhete, nem uma carta, apenas me deixaram aqui, quebrada, sem saber o que fazer, grávida da pessoa por quem me apaixonei loucamente.
Capítulo 1
helen
Quando me lembro de minha mãe me dizendo "cuidado com suas paixões, você ainda é uma criança" e eu revirando os olhos, contradizendo o que ela havia dito, porque me sentia uma "mulher vivida", tenho vontade de voltar no tempo e isso me atinge, mas ao mesmo tempo dou risada.
Quantas vezes minha mãe me alertou, mas eu estava na adolescência, aos dezesseis anos, adorava viver perigosamente, se assim posso dizer.
Ainda me lembro quando conheci a Tati, estudamos juntas desde os dezesseis anos, mas sempre em turmas separadas, depois caímos na mesma turma e nos aproximamos, éramos muito parecidas, logo nossa amizade floresceu, começamos a frequentar a casa uma da outra, íamos a festas juntas, passamos por momentos difíceis, ela era quase como uma irmã para mim.
A Tati tinha um irmão, o Pedro, acho que sou apaixonada por ele desde pequena, já estava quase saindo da escola quando o conheci, ele era lindo, posso dizer que ele era o sucesso da escola, ele só me via como a melhor amiga da irmã dele, e isso me fazia sentir infeliz.
Quando fiz 15 anos, decidi deixar de lado minha paixão por Pedro e finalmente tive meu primeiro relacionamento, que não durou muito, acho que foram apenas alguns meses.
O que eu mais gostava na minha adolescência era que sempre havia festas de debutantes para ir, então quase toda semana tinha alguém fazendo aniversário e minha mãe sempre me deixava ir, então minhas idas à casa da Tati se tornaram mais frequentes, eu sempre ia lá. Me arrumava, senão ela ia para a minha casa.
Quando fiz dezesseis anos isso não mudou, além das festas de debutantes, começaram a me convidar para festas do colégio, e eu e a Tati sempre íamos a festas de dezesseis, dezessete, dezoito anos, éramos muito festivas.
Ainda me lembro do dia que mudou minha vida completamente.
Anos atrás
Era sábado, como eu não tinha aula, levantei um pouco mais tarde, levantei e fui tomar banho, quando saí do banho fui arrumar minhas coisas, para dormir na casa da Tati.
Quando saí do meu quarto, fui até a cozinha para comer alguma coisa, e lá estava minha mãe, preparando uma bandeja.
- Quem está tomando café da manhã na cama? - perguntei, pegando um morango da bandeja.
- Sua irmã, ela está com um pouco de febre hoje", disse ela.
- Hum, pode me cortar um pedaço de bolo? - pergunto, entregando-lhe um prato.
- E você? Aonde vai desse jeito? - Ela pergunta
- Mamãe, hoje eu vou dormir na casa da Tati, esqueceu? Temos que ir ao aniversário da Renatinha - digo.
- Meu Deus, você e suas festas, e vai para a casa da Tati tão cedo? - Ela pergunta
- Estou indo mãe, vamos tomar sol na piscina, depois vamos fazer o cabelo e a maquiagem - eu digo
- E essa festa, a que horas termina? - Ela pergunta
- Não sei mãe, acho que é umas dez, onze horas, não sei, quando acabar eu te mando uma mensagem avisando que estou indo para casa - eu digo
- Hellen, pelo amor de Deus, tome cuidado nessas festas, eu sei que você é a responsável, minha filha, mas eu tenho medo de gente ruim - ela diz.
- Pode deixar, eu já sei de tudo, vou tomar o máximo de cuidado possível, não se preocupe - digo a ela dando-lhe um beijo.
Peguei meu café e fui me despedir de minha mãe e minha irmã, meu pai não estava em casa, estava viajando, chegaria hoje, então prometi voltar amanhã à tarde, para jantar com minha família.
Quando cheguei na casa da Tati, colocamos nossos biquínis e fomos para a piscina, passamos uma hora tomando sol e conversando, depois subimos para fazer as unhas e o cabelo.
Era incrível o quanto tínhamos para conversar, não parávamos de falar.
Quando começou a escurecer, começamos a nos maquiar. Eu tinha comprado um vestido novo, mal podia esperar para usá-lo, era um longo preto, com uma fenda na perna esquerda, tão bonito, e coloquei um salto alto. Para acompanhá-la.
A Tati era quase igual a mim, o vestido dela também era preto, tínhamos comprado juntas, adorávamos nos vestir da mesma forma e, quando encontramos esse vestido, nos apaixonamos.
Quando descemos as escadas, a mãe dela estava na sala nos esperando, como sempre, ela nos fez tirar mil fotos.
- Você está tão linda, meu Deus - disse a mãe dela pela milésima vez.
- Vou pegar um pouco de água, estou cansada de tantas fotos - disse Tati.
- Vou subir para pegar meu celular, já volto - disse subindo as escadas.
Entrei no quarto da Tati, procurando meu celular no meio da nossa bagunça, até que o encontrei, tinha algumas mensagens, então comecei a procurá-lo, enquanto saía do quarto.
- Oh merda - digo quando me choco com o Pedro e antes de cair, sinto sua mão agarrar minha cintura.
- Cuidado por onde anda, pirralha", ele diz.
- Você deve tomar cuidado - eu digo olhando para ele
- Onde os pirralhos estão indo? - Ele pergunta
- Em um parque de diversões, afinal, somos pirralhos, não somos? - pergunto e ele ri - Mas vamos para um parquinho cheio de gatinhos, aí a diversão será melhor - digo a ele e o vejo ficar nervoso.
- Duvido que esteja tão lotado - ele diz
- Não se preocupe, amanhã você vai ouvir as conversas sobre a festa, agora me deixe ir, preciso ir - digo a ele segurando seu braço que estava em volta da minha cintura.
- Você adora brincar, não é, pirralho? - Ele pergunta.
helen
- Pirralhos não sabem o que é brincadeira - digo rindo e ele me surpreende me dando um beijo.
Cedi ao seu beijo e, se não fosse a Tati gritando comigo, eu teria ficado ali por horas.
- É uma pena que minha irmã tenha ligado - ele diz.
- Eu tenho que ir - digo tirando seu braço da minha cintura.
Não falei nada para a Tati, quando desci as escadas fomos para a festa e passei a noite pensando naquele beijo, queria repeti-lo.
Quando chegamos em casa, a Tati tomou um banho e foi dormir, ela tinha bebido, eu não gostava muito de bebidas alcoólicas, ela gostava e eu cuidava dela toda vez que ela bebia.
Tomei um banho e, quando saí do chuveiro, Tati, ainda sonolenta, me pediu para ir buscar água.
Peguei meu celular e liguei a lanterna, a casa estava escura, todos já estavam dormindo.
Desci as escadas e fui até a cozinha, peguei a água e quando estava prestes a apagar a luz, me assustei quando vi o Pedro.
- Agora podemos terminar o que começamos", ele diz olhando para mim.
- Tenho que levar água para a Tati - digo tentando sair da cozinha, mas ele me impede.
- Então vá, eu te espero no meu quarto - ele diz.
Voltei para o quarto e dei a água para a Tati, ela bebeu e logo voltou a dormir, fiquei ali pensando se deveria ou não ir para o quarto do Pedro, não sei o que aconteceu comigo, e disse, Sem pensar, segui um impulso.
Lembro que naquela noite me entreguei completamente ao Pedro, não foi minha primeira vez, mas foi a mais especial.
Algum tempo depois eu briguei com a Tati, ela não sabia de nada do que aconteceu, entre eu e o Pedro, brigávamos por motivos inúteis, coisas de adolescente.
Foi nossa primeira briga e um mês depois, do nada, a Tati sumiu da escola, senti uma vontade imensa de ligar para ela, mas ignorei, dois meses depois, comecei a me sentir muito mal, me sentia mal quase todos os dias na escola, e minha irmã Gabriela, que era mais velha que eu, me obrigou a fazer um teste de gravidez, apesar de eu ter dito que era louca e ter feito contra a ideia dela.
E ali descobri que minha vida mudaria para sempre, lembro que chorei por horas no colo da Gabriela, minha mãe entrou no quarto e acabou descobrindo quando viu o exame.
Meus pais choraram, ficaram chateados, mas me apoiaram.
Decidi ir atrás da Tati para poder falar com o Pedro, mas quando cheguei ao condomínio deles recebi a notícia de que eles haviam se mudado há dois meses, não atendiam minhas ligações e muito menos respondiam nas redes sociais.
Passei muito tempo tentando entrar em contato com eles, até que finalmente desisti.
Não foi fácil estudar durante a gravidez, recebi muitos comentários negativos, mas também recebi muito apoio.
Clara nasceu e se tornou a alegria da minha casa, minha família me apoiou em tudo, em todos os momentos, eles foram incríveis.
Quando a Clara nasceu, decidi deixar meus estudos por alguns meses para me dedicar a ela, mas meus pais não concordaram e me fizeram estudar em casa, o que hoje sou grato, pois não demorei e consegui entrar na universidade, me formei e comecei a estudar, junto com meu pai.
Quando a Clara tinha uns seis ou sete anos o Tati reapareceu, lembro que fiquei em choque quando vi uma mensagem dele, ele pediu desculpas por ter me abandonado, começamos a conversar e ele me contou como estava, eles estavam morando em outro país, me disse que o Pedro estava prestes a se casar e isso, não sei explicar o sentimento, mas me magoou, perdi a coragem de contar sobre a Clara, só contei que tinha tido uma filha.
A Clara fez dez anos e ela me pedia um irmão desde os cinco anos, e quando ela fez dez anos eu senti o desejo de ser mãe novamente, com o apoio da minha família eu fiz a inseminação e engravidei da Júlia.
Tive vários relacionamentos e nenhum deu certo, esse foi um dos principais motivos pelo qual preferi voltar a ser mãe solteira.
Ainda mantenho contato com a Tati, mas confesso que não tive coragem de contar para ela sobre a Clara, me sinto mal por isso, mas não posso contar para ela....