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Capítulo 5

— Você tomou a decisão certa, apenas assine os papéis e deixe que cuidamos do resto. — Fábio disse, oferecendo a caneta para ela.

— Eu não tenho certeza do que estou fazendo, mas se isso for ajudar minha filha ficar bem, eu não me importo com nada. — Disse, assinando os papéis.

— Bem, a partir de agora, vocês dois estão casados, amanhã, nós iremos fazer uma sessão de fotos, para que isso fique mais realista.

— Eu não posso deixar minha filha aqui sozinha.

— Eu já disse que alguém irá ficar com ela. — Théo disse impaciente. — Para tudo na vida é preciso um sacrifício, se você quiser mesmo o bem de sua filha, irá fazer tudo o que o Fábio te disser, agora, eu vou indo para casa, tenho mais o que fazer, meu dia já foi muito estressante.

Saindo dali, sem dizer mais nenhuma palavra, Théo deixou Maia e Fábio sozinhos.

— Olha senhora, eu sei que tudo que estar acontecendo é muito para ser processado, mas olhe pelo lado bom, sua filha irá ficar bem, eu sei que o Théo parece ser meio rude, mas ele está tendo um mal dia também, depois que vocês tirarem as fotos do casamento, não irão se ver com tanta frequência, você poderá ficar com sua filha, ele só precisará de você, quando Joaquim Campos, o avô dele, chegar.

— E se o avô dele, descobrir que isso é uma farsa, ele irá me colocar na cadeia? — Perguntou temerosa.

— Claro que não, não se preocupe, mas tente ser o mais realista possível, agora, tente descansar um pouco, amanhã bem cedo, venho te buscar, como irão tirar fotos, preciso que você esteja bem apresentável. então vou marcar um salão, e tratar de arrumar uma roupa adequada para a ocasião.

— A pessoa que irá ficar com minha filha é de confiança? — Preocupou-se.

— Será uma enfermeira, muito bem qualificada, não se preocupe.

— O senhor consegue entender um pouco da minha angústia? Minha filha tem apenas dois anos, estar num hospital entre a vida e a morte, e quando acordar, não irá encontrar a mãe ao seu lado, e sim uma estranha, eu não posso descansar desse jeito.

— Eu te entendo, mas pense que isso é apenas uma fase, logo ela estará bem, e você estará proporcionando a ela, uma boa qualidade de vida.

Maia respirou fundo, angustiada, seu coração resistia fortemente, sabia que se passasse mal ali, sua filha ficaria desamparada.

— Tudo bem, quando ela será transferida?

— Neste exato momento. A ambulância já estar lá fora, aguardando.

— Certo, amanhã nos vemos então.

— A acompanhante de sua filha, já vai estar aí fora, por que não aproveita e vai para casa descansar? Amanhã será um longo dia.

— Eu não vou conseguir pregar o olho esta noite, nem aqui, nem em casa.

— Não é querendo te pressionar, mas amanhã você precisa estar aparentemente bem, o Théo não vai ficar de bom humor, se algo der errado.

— Eu prometo que não irei decepcioná-lo.

Saindo dali, Maia acompanhou a equipe médica que fazia a transferência de sua filha, e logo chegaram num hospital particular, que ela só conhecia por nome mesmo, pois jamais teria condições, de pagar qualquer coisa ali.

— Boa noite senhora, eu sou Júlia, enfermeira que estará encarregada de cuidar de sua filha Lis. — Uma mulher de aparentemente 40 anos, entrou na sala, onde ela estava com a filha.

— Boa noite, eu sou Maia, não precisa me chamar de senhora, por favor.

— Tudo bem Maia, eu já li todo o relatório sobre a ficha médica de sua filha, não se preocupe, eu irei cuidar muito bem dela.

— Obrigada, eu vou te passar meu telefone, assim você pode me manter atualizada, enquanto eu não estiver por aqui.

— Tudo bem, acredito que seu dia foi muito corrido hoje, pode descansar, que ficarei ao lado dela.

[...]

Às cinco da manhã, Fábio havia mandado alguém buscar Maia no hospital, ela foi levada a um SPA de beleza, onde cuidaram de fazer, unhas, cabelo, tratamento de pele, depilação, sombrancelha, massagem e maquiagem, ela parecia até outra mulher.

Maia era jovem e muito bonita, mas os problemas que foram aparecendo em sua vida, foram deixando que ela se descuidasse de si, já que todo o seu foco, era na saúde da filha e a sobrevivência delas.

Eram quase uma da tarde, ela estava praticamente pronta, quando seu telefone tocou, quando ela viu o nome na tela, tremeu de raiva, seu ex, Tiago, estava lhe ligando.

— Alô.

— Vi suas chamadas perdidas aqui agora, o que queria com tanta insistência?

— Você só viu agora? Eu não acredito nisso.

— Fala logo Maia, eu estou ocupado.

— A Lis passou mal ontem, dessa vez, foi muito sério, ela vai passar por uma cirurgia no coração, você precisa ir ver ela.

— Mas você já estar com ela, por que eu preciso ir até aí também?

— Eu não estou com ela, por isso estou te pedindo para ir até lá, eu te passo endereço do hospital.

— Se você não estar com ela, quer dizer que deixou a menina sozinha no hospital? Que tipo de mãe é você? — Seu tom de voz mudou.

— Eu estou correndo atrás de pagar as despesas dela, ou você se esqueceu, que faz mais de cinco meses que não paga a pensão?

— Você sabe, que eu estou sem emprego por esses dias, e o que ganho é muito pouco.

— Eu também ganho uma miséria, mesmo assim, eu faço das tripas coração pela Lis, eu já estou cansada de sua inresponsabilidade, você não imagina as coisas que estou passando, tendo que arcar com tudo sozinha, já que nem para ser um pai presente, você presta.

— Não começa Maia, você até ganha uma ajuda do governo para cuidar dela, então não venha me cobrar.

— Estou te avisando Tiago, ou você dá um jeito de mandar o dinheiro atrasado da pensão, ou vou te denunciar na polícia, você sabe que pode ser preso não é?

— Você não é nem louca de fazer isso, se eu for preso, aí sim que não vou poder conseguir dinheiro, então, fica quietinha do jeito que está.

— Você vai até o hospital, ou não?

— Não posso, tenho uma entrevista de emprego agora a tarde.

— Tiago, nossa filha não estar bem, e você não vai vê-la?

— Você acabou de me ameaçar, dizendo que se eu não pagar a pensão, irei preso, então eu preciso procurar um emprego, não tá vendo.

— Fica com ela, pelo menos no dia da cirurgia, ela vai precisar de um de nós ao seu lado.

— E você não pode estar lá por quê? O que você está fazendo que é mais importante que a Lis?

— Eu já disse que estou tentando arrumar dinheiro para a cirurgia dela, sabe pelo menos quanto custa?

— Eu não sei, mas se você não pode ficar do lado dela quando ela mais precisa, você é uma péssima mãe, cadê aquele discurso que você vivia dando, dizendo que ela era a coisa mais importante de sua vida? Como que no momento tão crítico como esse, você a deixa sozinha no hospital?

— Você não sabe o que está dizendo, seu canalha, a Lis realmente é meu bem mais precioso, e é por ela, que estou me sacrificando, para poder arcar com tudo, enquanto você está livre e não vai vê-la, quer saber? Eu cansei disso, nem sei porque ainda resolvo te ligar, você é um péssimo homem, e como pai, você conseguiu se sair pior ainda.

Desligando o telefone na cara do ex, Maia estava tremendo de raiva, como aquele canalha, teve coragem de dizer que ela era uma péssima mãe? Se ele soubesse, o que ela estava tendo que se submeter, só para ajudar a filha, não a criticaria.

— Maia, você precisa vestir seu vestido, daqui a pouco, irão vir te buscar. — Uma das funcionárias do salão, que estava cuidando dela, disse.

— Tudo bem. — Enxugou uma lágrima solitária que queria descer de seus olhos.

Vestida num vestido branco, para um casamento num civil, ela estava deslumbrante, era como se houvesse outra mulher ali, na frente do espelho.

— Há um carro te esperando lá fora. — A maquiadora disse, após terminar os retoques finais. — Aproveite seu dia, que seu casamento seja muito feliz e próspero.

— Tudo bem, obrigada. — Ela respondeu timida.

Nenhuma das pessoas que estavam ali, sabiam de sua história, e nem com quem ela estava se casando, tudo era mantido em sigilo total.

Saindo do salão, e indo em direção ao carro que a aguardava, foi ao encontro de Fábio Souza, que estava ao lado do carro, falando ao telefone. Ao vê-la, ele não pôde esconder a cara de surpresa, parecia que haviam trocado de pessoa ali.

— Maia? — Perguntou, sem tirar os olhos dela, nem por um segundo.

— Sim, o que houve?

— Nada, se já estar pronta, é melhor irmos.

Entraram no carro e dirigiram-se até o estúdio de fotos. Quando chegaram lá, Théo ainda não havia chegado, e então, tiveram que esperar, uns quarenta minutos, até ele aparecer.

Quando Théo chegou, Fábio estava em pé na frente da recepção, mandando mensagens ao telefone, e Maia, estava sentada numa poltrona, conversando com Júlia e perguntando sobre a filha.

— Já cheguei Fábio, me atrasei porque meu avô me ligou agora a pouco e disse que já está chegando aqui amanhã.

— Amanhã? — Fábio ficou surpreso. — Então temos menos de vinte quatro horas, para decorarmos todo um roteiro, nessa história toda.

— Cadê aquela mulher? — Théo olhava em volta, mas só via uma moça de cabelos dourados, sentada na recepção. — Não me diga que ela voltou atrás! — Insinuou nervoso.

— Claro que não, olha ela ali. — Apontou para a mulher de cabelos dourados, que estava vestida, num vestido elegantíssimo.

— Aquela é a minha esposa? — Théo disse surpreso e de boca aberta.

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