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7

Quando chegaram até a mansão de Théo, Maia quase desmaiou, ao ver o tamanho e o luxo do lugar, ela não podia acreditar, que aquele homem morava sozinho, num lugar que parecia mais um castelo.

A desigualdade social a deixou até sem graça, era tão injusto uns com tanto, e outros sem nada.

Na garagem onde Fábio parou o carro, havia mais quatro carros estacionados, e não eram carros comuns e sim luxuosos, do tipo que ela só via pela televisão.

— Há mais pessoas na casa com ele? — Maia perguntou desconfiada.

— Não, por quê? — Fábio perguntou, descendo do carro.

— É que tem tantos carros estacionados aqui.

— Ah, esses são todos do Théo, ele gosta muito de carros esportivos.

— Esses carros são todos dele? — Sua boca não conseguia fechar de surpresa.

— Isso mesmo, está faltando um ainda, mas você já o viu, foi o que você colidiu com ele, por azar, é o mais caro de todos eles.

Maia engoliu seco.

— Por que ele tem tantos carros? Aposto que nem deve usá-los.

— Bem, quando dá na teia, ele resolve sair com um deles, mas ele estava apaixonado pela nova aquisição, e você acabou estragando seu novo brinquedinho.

Maia acompanhou Fábio, entrando na casa, se por fora era um luxo, por dentro, nem conseguia descrever, ela jamais imaginava que entraria num lugar daqueles na face da terra.

Haviam lustres de cristais no teto, janelas de vidro, e quadro enormes na parede, que com certeza, custariam uma fortuna.

— Está vendo porque devíamos trazer ele aqui antes? — Théo apareceu na sala, onde eles acabavam de entrar. — Olha só a cara de boba que ela estar fazendo, não consegue nem fechar a boca, isso é tão ridículo.

Mais uma vez, Maia se sentiu ofendida, Théo parecia não dar trégua para ela, mas como Fábio já a havia alertado, devia manter a calma, e não revidar.

— A sua casa é muito bonita senhor. — Disse simpática, tentando manter um clima amistoso.

— É melhor parar de chamá-lo de senhor, vocês precisam se acostumar a ser menos formais. — Fábio alertou.

— E Tente ser mais discreta em suas expressões também, eu sei que nunca deve ter vindo num lugar como esse, mas devia pelo menos fingir costume, já que meu avô vai ficar aqui, com a gente.

— Tudo bem, eu irei disfarçar mais.

— Fábio, vamos para o que interessa. — Théo disse impaciente.

— Tudo bem. — Todos se sentaram. — Vamos ter que entrar em acordo com algumas coisas. Como quando e onde vocês se conheceram, quando começaram a sair como um casal e porque resolveram se casar tão repentinamente.

— E então, como vai ser? —Théo perguntou.

— A história é a seguinte, vocês se conheceram há 10 meses atrás, numa cafeteria, você estava entrando, enquanto ela estava saindo com um copo na mão, quando se esbarraram, e ela derramou todo o líquido do copo em você.

— Ah, claro, tem que que haver um desastre mesmo nessa história. — Disse sarcástico.

— Então, ela pediu desculpas pelo acidente, já que havia manchado seu blazer, e se ofereceu para lavá-lo para você, mas você foi muito educado, e disse que não precisava e que estava tudo bem, e por ver que a bebida dela havia derramado, se ofereceu para pagar uma nova bebida para ela, assim, vocês tomaram café juntos e trocaram telefones, já que os dois se interessaram um pelo outro.

— Nossa, essa história parece tão clichê. — Théo revirou os olhos.

— Isso que a deixa interessante, vocês se apaixonaram a primeira vista, e um mês depois, começaram a sair e namorar.

— Que história mais chata, espero que meu avô não pergunte sobre isso.

— Eu não me importo com a história, mas depois disso, o que vamos fazer? — Maia não se importou, com o jeito que o homem falava.

— Joaquim vai perguntar porque se casou sem avisá-lo, você irá dizer que pensou sobre o que ele havia te falado, então resolveu tomar essa decisão, já que estava perdidamente apaixonado por ela, então resolveu fazer uma surpresa para ele. Maia irá confirmar tudo, e tentará ser mais realista possível, vocês irão decorar as coisas sobre o outro, assim, irão parecer que se conhecem por um bom tempo.

— Eu já escrevi o que ele precisa saber sobre mim. — Maia tirou um papel da bolsa.

— Muito bem, o Théo também fez uma lista de coisas que você precisa saber sobre ele. No mais, passem o resto do dia conversando, se conheçam um pouco, a partir de agora, essa será a sua casa Maia, já há algumas coisas para você no quarto, como será a esposa de Théo Campos, deverá se vestir bem, daqui para a frente.

— Tudo bem.

Maia pensou em questionar, mas deixou para lá, ela queria ir até a filha, mas sabia que estar ali agora, era o preço que deveria pagar.

Fábio foi embora, e deixou os dois sozinhos. Maia não estava nem um pouco confortável com aquilo, mas não havia opções.

— Vem comigo. — Théo começou a andar em direção as escadas, que levavam em direção, ao andar superior da casa.

Andando por um corredor imenso, cheio de portas, ele parou no final, em frente a uma porta maior e a abriu.

— Este é o nosso quarto. — Mostrou o dormitório imenso.

— O quê? — Maia disse sem entender nada. — Nós teremos que dormir no mesmo quarto? Isso não estava no combinado.

— Claro que não, sua tola, mas é assim que meu avô deve pensar. Olha aqui. — Mostrou uma pequena porta, dentro do quarto. — Esta porta da acesso ao quarto ao lado, que será onde você irá dormir, ou seja, você irá entrar pelo meu quarto, mas irá vir para cá, assim, meu avô pensará que nós dormimos juntos,

— Entendi. — O jeito grosso de Théo falar com ela, estava deixando-a cheia de raiva, mas tentava se conter.

— Olha, meu avô é um homem muito direto, então ele pode te intimidar um pouco, então tente ser mais esperta e não deixe que ele consiga te pegar na mentira.

— Ele se parece com você? — Questionou assustada.

— Um pouco, mas pode ter certeza, eu posso te causar mais medo, então, pense bem, antes de querer dar uma de espertinha para cima de mim.

— Eu já entendi, não se preocupe, eu darei o meu melhor.

— Ele é muito teimoso e quer impor que eu me case, além disso já ser um terrível absurdo, ainda quer escolher a pessoa para mim.

— Mas você não conhece a mulher que ele quer te apresentar?

— Claro que não!

— Mas... e se você conhecê-la, e se apaixonar por ela? Talvez até queira se casar de verdade.

— Apaixonar? — Riu. — Olha bem para a minha cara, vê se pareço o tipo de homem que se apaixona por alguém?

O jeito que Théo encarou Maia, a fez sentir um arrepio na espinha, aquele homem lhe causava medo.

— Tudo bem... — Disse sem graça, e quase gaguejando.

— Eu não sou o tipo de pessoa que costuma fazer o que as pessoas querem, então, a partir do momento que meu avô quis se meter na minha vida, me tirou toda a vontade de conhecer alguém, além do mais, eu não gosto de me prender a uma pessoa só, então, você precisa saber, que serei um marido infiel.

Maia engoliu seco. Sabia que aquele não seria um casamento de verdade, e que duraria pouco tempo, mas o que custava ele não sair com alguém, até o avô ir embora?

— Eu prefiro não saber dos detalhes. — Disse com uma cara de desgosto, mesmo num casamento de mentira, não achava um marido fiel, pensou, homem nenhum presta.

— Por que fez essa cara?

— Não é nada.

— Me fala, o que preciso saber sobre você? — Se sentou na cama, esperando que ela falasse.

— Eu já coloquei tudo no papel escrito. — Se explicou.

— Eu sei, mas não vou ler aquilo, eu tenho preguiça e pode até me dar sono, é melhor que você mesmo diga.

Outra vez, Théo estava sendo irônico, mas como ela não tinha muito escolha, respirou fundo e começou.

— Eu tenho 22 anos, e uma filha chamada Lis, de 2 anos, meu último relacionamento durou quatro anos, após minha filha nascer, meu companheiro decidiu que não queria mais ficar com a gente. Eu comecei uma faculdade de farmácia, mas tive que parar porque engravidei, meus pais morreram há três anos num acidente de ônibus e eu não tenho irmãos. Eu trabalho como doméstica, quero dizer... trabalhava. — Lembrou-se que estava desempregada. — Nasci aqui mesmo na cidade, e nunca sai daqui, para lugar algum, minha cor preferida é rosa, e minha comida favorita é qualquer uma que não me deixe passar fome.

— Ainda bem que você está falando, se eu lesse isso, com certeza ficaria com sono. — Disse desinteressado.

— Eu sei que minha vida não é interessante para você, mas não precisa me tratar assim, com desdenho não! — Não aguentava ver ele revirar os olhos.

— Quer que eu faça o quê? — Levantou-se. — Estou tentando imaginar alguma coisa sobre você, para dizer a meu avô, um motivo lógico que me fez apaixonar por você, mas com essa vida que tem, não há nada de interessante. Como imaginei, você é uma mulher comum, nada extraordinária.

— Se sabia que seria assim, por que me escolheu para participar disso tudo? Poderia arrumar outro jeito, para que eu pagasse o que te devo.

— Isso estava fora do meu alcance no momento, por isso, escolhi você, não percebe que não tive escolha também? Ou ainda não entendeu? Só há um jeito que posso convencer meu avô, sobre ter me apaixonado por você. — Se aproximou dela.

— O que seria então? — Perguntou tentando se afastar.

Théo segurou o queixo da mulher, que estava com os olhos arregalados de medo e disse.

— Direi que me apaixonei por você, porque você é muito, muito linda!

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