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Capitulo 1

Esperei as luzes se apagarem, deitada na minha cama aguardava envolta no edredom atenta a luz do corredor diminuir.

Já se passavam das nove da noite, meus pais já deviam ter finalizado o vinho que bebiam sempre após o jantar.

Poucos minutos depois saltei da cama ao ver as luzes finalmente apagadas, coloquei as botas e a jaqueta, meu coração martelando no peito em expectativa com a noite de hoje, não era todo dia que eu perdia a virgindade.

Aguardei alguns minutos antes de descer para a sala, me dirigi sorrateiramente até a porta e quando tentei girar a maçaneta vi estar trancada.

Mas isso não me impediria de escapar, essa noite era imperdível.

Puxei do bolso a minha própria cópia da chave e girei na fechadura, abri a porta com todo o cuidado para não fazer barulho e quando me vi do lado de fora meu coração pulou ao ver o sedã preto estacionado do outro lado da rua.

Scott.

Atravessei a rua com as mãos tremendo de empolgação, ele destravou as portas e eu entrei.

O carro estava quente e imediatamente senti o cheiro do seu perfume, ou melhor, a ausência do perfume.

Scott sempre cheirava a sabonete, não apreciava nenhum perfume por mais caro ou recomendado que fosse.

Olhei para seus olhos verdes-claros e seu sorriso radiante, seu castanho estava penteado e ele vestia camiseta azul escura, e calças jeans.

Ele havia aumentado de massa muscular nos últimos meses para uma luta, então quando ele me puxou para um abraço fui completamente engolida por seus braços enormes, o calor que emanava do corpo dele era gostoso.

— Sinto muito amor, você já está esperando aqui há duas horas.

Ele segurou em meu rosto e pareceu analisar cada detalhe dele.

— É uma noite especial Mia, eu iria ficar aqui muito mais do que duas horas se fosse necessário. — revelou.

Meu coração acelerou quando ele disse isso, e uma parte de mim, teve medo.

Eu tinha prometido-lhe.

Já se arrastava por anos essa promessa.

Como se alguma nuvem negra pairasse sobre eu entregando meus pensamentos covardes, ele perguntou se afastando, suas mãos voltando ao volante e seu olhar em mim era um tanto frio.

— Não me diga que desistiu? — embora ele não estivesse gritando o seu tom impaciente e frustrado eram facilmente percebíveis.

— Vou perder a virgindade hoje, com você. — afirmei.

Ele sorriu parecendo ter ganhado na loteria e se inclinou e senti o doce sabor do seu beijo.

Infelizmente o beijo acabou cedo demais.

— A noite vai ser ótima, amor. — prometeu ele e ligou o carro.

Alguns minutos depois chegamos na residência Harper, uma das casas mais antigas do bairro, a casa era do século dezoito e apesar de algumas reformas ainda mantinham seu esplendor de outro tempo.

Scott vinha de uma família tradicional que no passado eram duques e lordes da cidade Bennet bey, a residência era um dos inúmeros imóveis construídos pelos Harpers ao longo dos anos.

E hoje a casa era só nossa!

Quando entramos Scott se apressou em acender a lareira, era início de inverno.

Eu me sentei no sofá enquanto ele fazia isso e vi o vinho na mesa, estava posto com duas taças ao lado.

Servi as duas taças, mas antes que pudesse beber Scott me puxou pela cintura e me beijou, segurei em seu cabelo enquanto ele me beijava e suas mãos percorreram meu corpo.

Senti meu corpo estranho, uma excitação e empolgação tudo junto, o frio na barriga e o medo eram inevitáveis, mas afastei esses pensamentos e me concentrei no que eu queria.

Eu queria ele.

Scott tirou minha blusa, eu não havia colocado sutiã, queria facilitar para ele.

Seu olhar recaiu sobre meus seios e eu desejei naquele momento intensamente que eles fossem maiores.

Mas mesmo esse não sendo o caso ele se inclinou e os beijou e acariciou por longos minutos, me empurrou gentilmente para deitar e continuou com seus beijos, sugando meus mamilos, suas mãos grandes me acariciando.

Ele se levantou dando uma pausa nas carícias para tirar a camisa.

Eu me sentei sem blusa e tirei as botas e a calças enquanto ele abaixava sua própria calças.

Encarei ele completamente nu na minha frente e soube que não poderia retroceder, e nem queria fazer isso.

Seu corpo musculoso brilhava a luz da lareira, parecia um deus grego de tão lindo que estava.

Ele sorriu para mim e estendeu a mão.

Encarei confusa, o que ele queria que eu fizesse?

Então quando percebi ele estava me levantando e me deitando em um colchão improvisado no chão.

— Porque não vamos pro seu quarto Scott?

— No meu quarto não tem lareira, supus que você fosse achar romântico, como nos filmes que você vê. — respondeu.

Aquilo me surpreendeu, não sabia que ele reparava nos filmes que eu assistia nem tampouco se lembrava das cenas românticas que eu mais gostava.

Eu sorri satisfeita com seu gesto romântico e o envolvi com meus braços, ele me beijou e foi lentamente descendo até paralisar em uma das minhas coxas.

O que será que houve? Eu havia me depilado muito bem, tinha até pagado por isso! Será que ele estava me achando feia lá?

— Droga! Merda! Merda! — exclamou ele e eu imediatamente me sentei e puxei o lençol sobre mim, encarei sem saber o que dizer.

— Você por acaso tem camisinha? — perguntou ele me fazendo relaxar imediatamente, então esse era o caso.

Não tinha nada a ver comigo.

— Não. — respondi.

Ele respirou fundo frustrado e se levantou colocando a calça, jeans e os sapatos.

— Ei onde você vai? — questionei.

Ele terminou de colocar a camisa e se aproximou me dando um rápido beijo nos lábios.

— Fica quietinha aqui, vou comprar camisinha. — disse e saiu apressado segurando as chaves do carro.

Fiquei deitada enrolada no lençol pensando em tudo que aconteceria a partir daqui, eu perderia a virgindade finalmente.

E com o Scott.

Namoramos a dois anos, agora que finalmente terminamos o ensino médio estamos nos preparando para a faculdade, os pais dele querem que ele curse direito, mas ele ama o boxe e está tentando carreira nisso, não sei como seus pais vão reagir quando souberem que ele não vai fazer direito.

Nosso plano é morar juntos enquanto eu curso a faculdade e ele trabalha meio período e se dedica ao boxe.

Me levantei enrolada no lençol e peguei o vinho virando de uma vez.

Meu coração bateu acelerado de novo quando depois de alguns minutos ouvi um carro estacionando.

Olhei para minhas mãos que seguravam o lençol envolta do meu corpo e decidi tirar.

Me levantei esperando ele destrancar a porta.

Quando a porta foi aberta, Scott entrou e quando seu olhar cruzou com o meu empalideceu um pouco.

— Pensei que fosse demorar mais. — disse e caminhei até ele, envolvi meus braços no seu pescoço e o puxei para mim, seu olhar ainda parecia estranho, diria que chocado.

Ele olhava para meu rosto e meus seios, quase parecendo nunca os ter visto antes.

Estranhei o fato de eu estar tão próxima dele e ele não me tocar.

— Porque está tão calado?

Então ele fez algo surpreendente, segurou em meus braços e me afastou, embora delicadamente pareceu muito rude para mim.

Caminhou para a sala e começou a olhar tudo em volta, seu olhar se prendeu no vinho e nas taças.

— Não sei quem planejou isso ou pagou você, mas eu não estou afim, não que você seja feia, você é bonita. — Aquilo soou extremamente ofensivo, senti um nó se formar em minha garganta e imediatamente me cobri com o lençol de antes.

Ele continuou a me encarar, parecendo incomodado.

— Por acaso você se drogou no caminho da farmácia? Porque está falando essas coisas? — perguntei a raiva quase me dominando.

— Não quis ofender você, só não curto prostitutas, nunca me deitaria com uma mulher que não me deseja. — anunciou e encheu uma taça de vinho.

Encarei-o completamente chocada, e sobretudo possessa.

— Você acabou de me chamar de PROSTITUTA?!

Comecei a jogar pequenos objetos na direção dele, enquanto ele se esquivava de todos e só então quando ele levantou as mãos me pedindo para parar eu notei uma marca de nascença em seu pulso direito, uma mancha arredondada.

Parei de jogar os objetos e olhei para suas roupas, uma camiseta preta e jeans preto, roupas completamente diferentes das quais ele saiu.

E ainda trazia uma mochila nas costas.

— Que roupas são essas? O que você está vestindo Scott?

Ele se empertigou e me encarou parecendo surpreso.

— Eu não sou o Scott. — respondeu e naquele momento a porta foi aberta e Scott entrou sacudindo uma cartela de camisinhas.

— Achei as camisinhas. — Anunciou ele no segundo que entrou.

Olhei para os dois homens na sala, praticamente idênticos e gritei.

Bem alto.

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