Capítulo I
Protegida nas sombras da noite, movia-se com precisão e furtividade, desta forma, aquela figura enigmática, avançava pelos corredores daquela casa de hóspedes.
Seus movimentos eram lentos, firmes, seguros, cheios de segurança, com pleno conhecimento do terreno que pisava.Em poucos segundos chegou à porta de um dos quartos, que abriu tentando não fazer barulho.
A casa abrigava apenas alunas, todas entre 18 e 24 anos, que agora, às três da madrugada, dormiam tranquilas e tranquilas.
Como mais uma sombra entre as tantas que o quarto tinha, deslizou entre as quatro camas daquele quarto, procurando uma em particular, aquela que lhe interessava.
Na penumbra do quarto, descobriu o que queria e ali contemplou a bela mulher que dormia profundamente, por alguns segundos observou-a atentamente.
Na verdade, ela era linda, uma longa camisola de flanela que a cobria dos pés ao pescoço, só que a saia subia um pouco, deixando que suas belas pernas e parte de suas nádegas carnudas ficassem expostas ao ar, tão imodesto e sexual.
A calcinha que ela usava era de seda transparente, para que ela pudesse ver claramente os detalhes de sua intimidade, que era extremamente atraente, assim como suas pernas divinas, bem torneadas e firmes, eram uma tentação muito agradável para quem as visse, assim como ele estava naqueles momentos de placidez e relaxamento total.
Um ódio mortal brilhou nos olhos lascivos que a admiravam, com fria determinação, ela tirou uma faca afiada de suas roupas, a lâmina parecia limpa, impecável, pronta, ela agarrou o cabo da faca com firmeza e ergueu o braço direito acima do corpo cabeça, sua mão percorreu com força, descendo diretamente em direção ao peito da bela moça, de modo que com um golpe certeiro perfurou seu coração, cravando a faca até o cabo.
Um novo golpe caiu novamente em seu belo peito, e com um terceiro, que seguiu o mesmo caminho dos dois anteriores, acabei com ela, o sangue encharcando a camisola da bela adormecida e começando a se espalhar por toda a cama.
A bela mulher não teve tempo de acordar, a morte a surpreendeu quase imediatamente, sem lhe dar chance de saber o que estava acontecendo. O sangue continuou a correr abundantemente e aquela figura assassina contemplava com fanatismo a sua obra enquanto pensava:
-Você merece isso porra...! Puta maldita...! Você não vai mais machucar ninguém com sua beleza...! Você não será capaz de machucar mais ninguém com suas mentiras, vadia!
Por alguns segundos admirou sua macabra obra, sorriu com verdadeira satisfação, havia finalmente alcançado seu propósito, o motivo que o levou a subir até ali.
Com o lençol, ele limpa a faca e a luva que cobria sua mão, retirando o sangue da moça que os manchou quando ele a esfaqueou.
O silêncio que reinava naquela sala e que nunca fora interrompido, continuava envolvendo tudo, porém, um ar pesado flutuava no ambiente, sentia-se o cheiro da presença da morte que reclamava uma nova vítima, silenciosa e totalmente.
A sombra assassina, assim que chegou àquela sala, refez seus passos sem pressa, sabia que tinha todo o tempo do mundo, então não havia porque se apressar e cometer erros que revelassem sua presença.
Os raios de sol de um novo dia, iluminados anunciando a manhã, quando a responsável daquela pousada percorria os quartos acordando seus inquilinos para que tomassem o café da manhã antes de iniciarem seus afazeres diários, logo chegou ao quarto onde o crime ocorreu na noite anterior e entrou despreocupadamente gritando com eles:
-Bem meninas... levantem ou vão se atrasar para suas aulas, vamos, não sejam preguiçosas, é tarde demais para vocês continuarem dormindo.
De repente, um gesto de terror e susto se desenhou em seu rosto, um grito de partir o coração inevitavelmente irrompeu de sua garganta, fazendo com que o alarme se espalhasse.
-Oh, meu Deus...! Nããão...! Eles a mataram! Eles a mataram! - gritou a dona da casa apavorada.
Angustiados e alarmados com aquele grito, os demais companheiros de quarto da vítima começaram a acordar, levantando-se rapidamente de suas camas, alguns perceberam imediatamente o cadáver da menina, gritando de terror, outros permaneceram equânimes diante da situação, outros não entenderam exatamente o que estava acontecendo e houve outros que desmaiaram, caindo de costas em suas camas, eles não suportaram aquela visão, como o responsável por aquela casa, que rolou pesadamente no chão sem sentido:
"Espero que seja apenas um desmaio e que ele não tenha tido um ataque cardíaco com o choque que levou", disse uma das meninas, observando-a.
"Enquanto você verifica, vou chamar a polícia", disse outro.
"Melhor esperar a senhora reagir", respondeu o primeiro.
"Não, quanto mais o tempo passa, o assassino pode escapar", insistiu a segunda das meninas.
-Você está certo, então vá.
Natália discou o número do quartel da polícia, sua mão não demonstrou nervosismo em nenhum momento, apenas sua mente manteve-se ocupada enquanto fazia a ligação:
"Quem poderia tê-la matado assim...?" Todos nós sabíamos que ela não era virtuosa, nem era uma amiga em quem se pudesse confiar plenamente, embora não fosse por ter sido assassinada de forma tão cruel, pensou Natália calmamente.
De repente, uma voz masculina que foi ouvida pelo receptor do telefone a tirou de suas reflexões, trazendo-a de volta à realidade do momento.
-Liderança...!
-Bem...? Olha, estou falando para denunciar um crime... sim... um homicídio, uma colega foi morta, na pensão - explicou Natalia, como pôde.
-Dê-me o endereço e as demais informações... é muito importante que eles não toquem em nada até chegarmos... não importa quem seja, eles não mexam em nada, entendeu? disse o homem.
-Sim, sim senhor, diga o que disser, o endereço é Gladiola 99 no bairro Paraíso.
-Tá bom… não esquece minha recomendação, que ninguém toque em nada…
-Já avisei a polícia... O que houve com a senhora? Não seria melhor levá-la para o outro quarto para se recuperar? - disse Natália, no momento de voltar para o lado de seus companheiros.
-Tens razão, vamos levá-la para o quarto dela, não vai ser que ela acorde e quando voltar a ver o cadáver de Perla, vai desmaiar de novo e vamos continuar na mesma.
E enquanto quatro deles levavam a responsável pela casa para seu quarto, na sede da Polícia Federal, em um escritório do serviço secreto de inteligência, Juan González discutia acaloradamente com o comandante Claudio Benítez, seu chefe.
-Eu lhe digo que você vai fazer a investigação... e é uma ordem, não um pedido.
-Sim patrão, entendi, apenas me entenda... Eu não quero ir naquela casa... designe outra pessoa e deixe os moradores cuidarem do assunto de acordo.
-Olha, Juan, vou te dizer claramente... uma sobrinha minha está morando naquela casa, foi minha irmã quem me ligou para pedir que eu assumisse a investigação, tive que mexer muitos pauzinhos para conseguir ela me foi atribuída, com a condição de que incluísse um de seus elementos.
Então, você não vai sozinho, vai com um agente experiente, e se eu te mando é porque eu quero que as coisas sejam bem feitas e que você resolva isso o mais rápido possível. Entendido?
Sim, senhor, apenas...
-Saia daqui antes que eu o suspenda por tempo indeterminado e sem remuneração.
Embora não muito convencido, Juan saiu da sala privada e foi em busca do agente Vicente Noriega, que era o comissário para acompanhá-lo nas investigações.
-Movimentem-se... temos um duro... mandem toda a equipe de especialistas aparecer na direção indicada... Quero ver vocês lá assim que chegarmos.
"Imediatamente, oficial, teremos tudo pronto em segundos", respondeu Vicente.
-Ah, mais uma coisa, deixa de bobagem, com esse senhor, oficial e outros títulos que me expurgam só de ouvi-los, sou Juan González, se quiser me chamar pelo nome ou sobrenome, eu não cuidado, só, não me chame de oficial de novo, muito menos senhor, ou vou te dar um chute no traseiro que você não vai esquecer pelo resto da vida.
-Tudo bem… Juan… vamos indo.
Poucos minutos após o telefonema de Natália, a equipe de especialistas se dirigia ao endereço indicado, em um dos carros estava Juan, que dirigia com habilidade e destreza, ao lado dele, Vicente, o vigiava, o carro oficial em The one eles estavam viajando com a sirene aberta para que pudessem passar livremente.
Juan, viu as ruas passarem e sem conseguir se controlar, comentou com o companheiro:
-Eu nunca teria acreditado que voltaria a esta casa de hóspedes… são as ironias do destino que não podem ser controladas e nos jogam cada puxão que você nunca sabe o que esperar.
"Se você diz, tem razão", disse Vicente, sem entender nada.
Os dois ficaram em silêncio e Juan começou a relembrar aquele episódio de sua vida que acreditava já ter sido esquecido, superado, enterrado, só que agora do túmulo das lembranças emergiu como um morto-vivo que insiste em voltar à vida para fazer mal.
A lembrança daqueles dias aflorou em sua mente com toda a força, com firmeza e força, ferindo aquela velha ferida em seu coração, enchendo-o de dor e tristeza, a melancolia deu força às suas lembranças e parecia que ele estava voltando para vivê-las, eles estavam tão claros em sua mente que ele não acreditava que já haviam se passado três anos desde aqueles eventos que agora ganhavam vida em sua mente.
E é isso naquela casa de hóspedes, especial para mulheres que estudaram. Três anos antes, vivia Carmela, uma linda estudante de Enfermagem, tinha apenas vinte anos e esbanjava alegria de viver, sensualidade e carinho, por todos os poros da pele.
Juan a conheceu durante uma investigação de homicídio, que foi atribuída a ele, ele estava no grupo de homicídios há apenas um ano e esse era o seu teste decisivo.
O Hospital onde Carmela fazia o Trabalho Social foi o local do crime e ela foi a principal parte da investigação e colaborou com Juan em tudo o que foi necessário, até que o médico culpado foi descoberto e enviado para a prisão onde ainda estava cumprindo uma longa sentença por seu crime hediondo.
As saídas frequentes e o tratamento contínuo fizeram com que Carmela e Juan acabassem se apaixonando como nunca pensaram, a ponto de falarem continuamente em casamento e fazerem planos para uma vida a dois, cheia de filhos.
Pela primeira vez em sua vida, Juan levou uma mulher a sério e a respeitou devidamente, pois em nenhum momento havia sequer tentado apalpá-la, compreendendo seu desejo de chegar pura e virgem ao casamento.
Ele, com uma longa experiência de amores de todos os tipos, até aquele momento só havia aproveitado o que conseguia com a conquista por sua vez, divertiu-se com ela por alguns meses e depois, por qualquer motivo, o relacionamento acabou e algo assim outro.
Com Carmela as coisas foram muito diferentes desde o primeiro momento, com ela ele se sentia tão à vontade para conversar e conviver, que não tentava seduzi-la, e que ela era uma mulher, linda, sensual e com um corpo com o qual ele podia vamos participar de um concurso de beleza.
Carmela havia confessado que sair de casa de branco e chegar ao altar assim era seu maior sonho desde a adolescência, o que, pessoalmente, o deixou orgulhoso e o levou a manter uma conduta respeitosa com ela.